Vontade de Domingo

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São apenas 7h30 da manhã de um domingo. Sim, domingo, o Dia do Senhor. Ontem foi sábado, dia de serviço noturno, noite de tentação. Deus me preservou para mais um amanhecer.

Enquanto aquela boca articulava uma proposta indecorosa, ali em plena sala da copa, lançando um olhar verde sem brilho, eu pensava em você. 

Pensava nos seus olhos tão penetrantes e cheios de verdade. Pensava nos seus lábios tão meigos e articulados.

Se fosse você a me fazer aquela proposta, bem ali, numa copa, eu estaria de fato em grave apuro. Mas não era você. E todas as outras mulheres não são você e, por isso, não despertam meu interesse.

- Desculpe, já tenho um compromisso com outra pessoa, estou completamente feliz ao lado dela.

Então fugi, o mais rápido que pude. Taquicardia. Taquipneia. Voltei ao repouso, deitei na cama, fitei o teto. Senti medo e saudade. Medo de pecar contra Deus e decepcionar você.  Saudade da tua voz encantadora. Saudade da tua risada espontânea. Saudade?

Seria mesmo saudade? Nunca envolvi tua cintura em meus braços, nem sussurrei um poema ao teu ouvido, nem senti o teu cheiro ou beijei os teus lábios. Acho que a palavra certa é vontade.

Vontade com início mas sem fim. Vontade de fazer eterno nosso compromisso. Vontade de te conduzir ao Altar num dia de Domingo. Para depois te amar sem limites num sábado a noite.

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