Afadigo-me diariamente com serviço e estudo. Prefiro não pensar em muita coisa. Pensar dói. Contemplar meus sentimentos é assustador e torturante.
É um peso cuidar de dois adultos que infelizmente não aprenderam a viver. Sinto-me responsável mesmo não tendo culpa alguma de suas escolhas. No entanto, sendo o produto do que eles convencionaram chamar amor eu busco validar essa realidade no sucesso. Porque quando eu fracassar terei de encarar a dolorosa verdade de que esse amor foi infrutífero ou, pior, nunca existiu, não era genuíno. Isso põe em cheque minha própria existência. Assim, procuro avidamente ter o que eles não tiveram, nem podem ofertar - não me refiro a dinheiro.
Contudo, sempre desastrado, esquerdo, canhoto, gauche na vida, coloco tudo a perder por pura insegurança. Sempre consumo a mim mesmo, alimentando o medo da dor e do abandono.
Desejo intensamente um lugar seguro para aconchegar os meus. Pois extraviaram-se um a um dos braços de Deus. Eu mesmo estou quebrado.
