The 1 | Thiam

4.

Eram sete e quarenta da manhã quando as batidas incessantes na porta acordaram a casa inteira. Liam desceu as escadas atropelando os próprios pés, enquanto ouvia os resmungos da mãe no andar de cima. Ele espiou Mason pelo olho mágico e abriu a porta, assistindo o rosto do amigo sauda-lo de forma cansada.

— Você viu o Eli? — Mason perguntou de imediato.

— Não — respondeu Liam, piscando repetidamente para se livrar do sono. — Ainda não encontraram ele?

O policial acenou negativamente. Liam não conseguiu deixar de notar as fundas olheiras no rosto do amigo.

— Scott e Malia tem procurado, mas nada dele aparecer.

Liam abriu uma fresta na porta para Mason entrar.

— Talvez ele precise de um tempo — disse Liam enquanto ambos caminhavam até a cozinha, conversando aos sussurros para não acordar o resto da casa.

— É, talvez — Mason concordou meio contrariado. — Mas ele levou um dos carros do Peter, então...

— Ele vai aparecer. Ele já fez isso antes.

O amigo deu a Liam um olhar preocupado. Liam estava pronto para continuar tranquilizando-o sobre Eli quando Mason entoou o nome dele numa cautela estranha: — Liam.

— Hm?

Mason coçou a têmpora constrangido, o ar cheirava a chateação, em seu fino odor inconfundível. Liam franziu as sobrancelhas confuso.

— Eu te vi ontem saindo do café — Mason explicou. — Seguindo o Theo Raeken...

— Mason...

Ele abriu a boca duas vezes, mas nada saiu. Não sabia o que dizer. Ou se tinha algo a dizer. Apenas piscava atônito, sentindo os próprios batimentos cardíacos enchendo a própria audição.

— Não, cara, — o amigo meneou com a cabeça — eu não preciso saber.

— Nós só conversamos — Liam garantiu aos sussurros.

Os olhos do beta se desviaram para a escada de repente, mas não havia nada lá, Mason notou. Era a cautela característica de um traidor.

— É só que...você tem uma namorada e ela é legal.

— Eu sei.

— Não faz besteira, cara.

— Eu não vou.

Mason assentiu, mas seu olhar não mudou. Ele não acreditava. Ele sabia coisas demais para acreditar que Liam procurara Theo para conversar sem objetivo.

— Eu preciso de ajuda com Eli — o policial disse indicando a porta com a cabeça, agraciando Liam com o desvio do assunto.

— Vou tirar o carro da garagem.

Liam respirou aliviado assistindo Mason ir espera-lo do lado de fora. Ele demorou propositalmente, fingindo não achar as chaves, mas, no fundo, Liam sabia que podia demorar o tempo que fosse, nada faria Mason não tocar no assunto novamente.

Dito e feito. Assim que entraram no carro, indo em direção a floresta, o silêncio permaneceu por poucos minutos. Os questionamentos começaram a aparecer assim que saíram para procurar Eli pela parte mais fechada da floresta onde não havia abertura para os carros passarem.

— Faz tipo o que, vinte anos? — Mason perguntou, sem qualquer resquício de timidez.

Liam comprimiu os lábios, pedras afundando o estômago sabendo que aquilo não acabaria ali.

— Quase quinze.

— Não pensei que isso ainda fosse uma coisa — o amigo respondeu, encarando-o com grandes olhos preocupados.