The 1 | Thiam

5.

Explicação rápida antes de começarem a leitura desse cap: a data é onde o flashback se inicia, inclusive está escrito todo em itálico para ficar mais claro e o "(...)" é onde o flashback acaba. Boa leitura, pessoal!

As orbes azuis de Liam se abriram devagar, incomodadas pelo sol nascente adentrando as portas e janelas de vidro por toda a sala de Theo. Ele ergueu a cabeça ainda meio grogue de sono e olhou ao redor. As roupas dele estavam espalhadas pelo sofá e chão desleixadamente. Possivelmente rasgadas, ele podia dizer. Aquela tarde se tornara uma longa noite que passara acordado, eletrizado. Até cair cansado no tapete da sala e acordar na manhã seguinte com toda a vergonha que julgara não ter, batendo na porta.

Ele estava coberto, pelo menos.

Liam gemeu frustrado enquanto rolava para o lado oposto das portas inundando o ambiente de luz, dando de cara com Theo deitado ao lado dele.

Ele também estava enrolado, mas, Liam puxara grande parte do lençol para si enquanto dormia, deixando Theo semi coberto. O peitoral definido e uma coxa a mostra com o lençol alcançando apenas até o umbigo o faziam parecer uma pintura pecaminosa.

O corpo de Liam relaxou à medida que o impulso de tocar o rosto desacordado de Theo o guiou. Há quinze anos ele teria se limitado a apenas olhá-lo enquanto se condenava internamente por isso. Há quinze anos ele não havia cedido, e, desde então, Theo vivera como um fantasma rondando sua cabeça até hoje.

Beacon Hills, 2017, 01:52 am

Dunbar se viu sem saída. Virar as costas em direção ao elevador atrás de si não era uma opção, avançar contra os caçadores e a metralhadora de chão também não. A sala ao lado estava cheia de infiltrados que derrubara, mas não tinha certeza se não restara alguns de pé.

— Vai em frente, Liam — a voz de Gabe atravessou o corredor do hospital chegando até ele. — Corre. Vai ser mais divertido assim.

Liam deu alguns passos para trás ao som soberbo da voz de Gabe disparando vitoriosamente. Foi como mágica, o momento perfeito.

As portas do elevador se abriram e os disparos vieram na direção do beta enquanto braços fortes o rondavam, protegendo-o até entrarem no elevador e a porta fechada receber o impacto das balas que deveriam tê-lo perfurado.

Os olhos azuis surpresos dele se focaram em Theo, se desvencilhando.

— Tá fazendo o que aqui?

Theo passou a mão pelos cabelos, incapaz de responder verdadeiramente.

Ele estava indo embora da cidade. Scott ligou pedindo ajuda. Ajuda para Liam. Ele estava ali dez minutos depois.

— 'Tava me perguntando a mesma coisa.

Liam encarou os botões do elevador e as marcas de balas. Estavam voltando para o térreo em alguns segundos. Adrenalina correndo pelas veias dele, a mesma que corria pelas de Theo.

Em apenas uma troca de olhar, o silêncio se tornou gigante entre eles. A tensão se tornara palpável presa naquele elevador. Liam queria que as portas se abrissem. Queria voltar à luta e ignorar aquele olhar de expectativa. Queria esquecer de como riu das piadas de Theo enquanto estavam se escondendo no zoológico abandonado, de como Theo parou suas crises de raiva aponto de se tornar uma âncora. Era errado e convidativo, provocante. Dunbar não conseguiu se impedir de avançar sobre Theo quando o corpo do mesmo se projetou na direção dele.

As mãos de Raeken segurando seu rosto firmemente enquanto as línguas traçavam uma dança pecaminosa em meio aos corpos pressionados contra as paredes daquele elevador foram maior que qualquer expectativa que ambos tiveram. Por alguns segundos a guerra acontecendo do lado de fora sumiu, dando lugar as testas coladas e respirações entrecortadas no rosto um do outro.