- KLAUS -
— Ele não merecia aquilo, Nick! — Pronunciou Rebekah. Estava furiosa e queria retirar a adaga do peito de Elijah.
— Tire a adaga se quiser. Estou partindo desse lugar. — Disse Klaus enquanto enxia uma mochila de suprimentos. Não era para ele, mas sim para Stiles. Planejava encontrar o garoto possuído e tentar contê-lo. Talvez se ficassem algum tempo longe dessa cidade e dessas pessoas, Stiles pudesse ser melhor. Controlar o instinto assassino e psicótico da raposa milenar.
— O que? Vai nos deixar? Fugimos de Mikael a séculos e quer ir sozinho agora? — Indagou ela surpresa. Havia ressentimento em sua voz, mas Klaus sabia que precisava ir. Precisava de tempo para sua mente.
Há muito havia deixado suas emoções o guiarem. Camille, Hayley, Caroline, todas haviam feito uma brecha em seu peito, e mesmo assim ele as perdeu. Não deixaria o mesmo acontecer a Stiles.
— Minha querida irmã, o tempo é algo que sempre nos sobrou. Vadeamos o mundo durante esses séculos, com medo e angústia de Mikael nós encontrar, mas também nunca paramos para pensar o quão ingênuos estávamos sendo. O desperdício de mil anos a prol de nada. Preciso partir sem medo. E sugiro que faça o mesmo enquanto pode. — Respondeu ele se aproximando da mais nova. O olhar de tristeza em seu rosto era a prova viva de que sim, sentiria falta dos irmãos.
Fechou a bolsa e pegou o restante do veneno de Kanima com cuidado. Teria de ser mais esperto que a maldita raposa.
— Nick, por favor. Pense direito. — Suplicou ela o seguindo pelos corredores.
— Está decidido. Adeus minha irmã. Um dia vamos nos rever, e talvez, tenhamos encontrado a paz por aí. — Disse por fim antes de abrir a porta e partir pela floresta. O cheiro do Stilinski rodeava a floresta, fora até fácil demais segui-lo até um tronco de árvore familiar. Lá estava, o mesmo garoto repousando sobre a madeira envelhecida.
— Você demorou. — Disse o castanho. Klaus pode sentir um arrepio subir por sua espinha.
— Quero falar com o Stiles. Agora. — Mandou o loiro impaciente. O olhar desafiador que a criatura emanava gerou um pouco de irritação em sua voz.
— E por que você acha que eu o deixaria assumir o controle? — Indignou o ser. Levantou-se do tronco e caminhou de um lado para o outro pensativo. Era como se uma matéria escura o perseguisse em sua sombra. Como se todo ar pesasse em desespero.
— Porque eu sei que aquelas coisas estão atrás de você. Se deixar o Stiles sair, posso te levar para longe daqui. Te camuflar deles. Mas você já sabia disso, ou não estaria esperando aqui. — Comentou ele, atento a cada passo do menor. O castanho parou e o fitou com os olhos profundos.
— Certo. Você me pegou. Mas deve saber que Onis são seres extremamente únicos. Normalmente eles deveriam ser controlados por mim já que roubei algumas caldas, mas há algo de diferente dessa vez. Não é possível me camuflar deles. — Confirmou o Void. Estavam ficando sem tempo e Klaus precisava agir.
— Conheço pessoas que podem fazer isso. Te esconder. Mantê-los longe. Bruxas para ser exato. Você vem ou não? — Disse ele esfregando as têmporas. O castanho estreitou os olhos. O Mikaelson sabia do perigo, e não confiava nem um pouco, pelo menos até ver os olhos voltarem a sua essência original. Ele sabia que Stiles havia voltado. E antes que o garoto pudesse dizer algo, seu corpo caiu, mas não sem antes Klaus impedir com sua velocidade.
O pegou no colo e correu pela floresta até um carro na beira da estrada. Agradeceu mentalmente a Beka por o convencer a comprar um. A luz da lua reluzia no rosto do pequeno ser e Klaus tinha medo de quebrá-lo. O despojou deitado nos acentos de passageiro e deu ignição pela estrada. Gostaria de passar na casa do menor para pegar seu essencial, mas como não poderia adentrar sem permissão isso teria que esperar.
[...]
Havia se passado três dias contínuos de viagem naquele carro. Stiles permanecia desacordado e por mais que Klaus sentisse sua respiração e seus sinais vitais, não conseguia deixar a preocupação de lado. Quando finalmente decidiu fazer uma pausa para esticar as pernas, acabou por encontrar um mercado. Pegou álcool e comida suficiente para o garoto e ele. Além de claro, usufruir de um pouco de sangue da caixa sem que ninguém percebesse. Felizmente o lugar estava deserto. O mais próximo que a polícia chegaria de uma conclusão seria animais vindos das florestas.
Voltou para o carro e observou o garoto. Ainda jazia algumas gotículas de sangue em sua roupa e rosto. Ainda assim, ele parecia tão sereno que Klaus teve de pensar duas vezes antes de acordá-lo com o álcool. Aproximou de seu nariz por uns dois minutos e fora suficiente para o despertar.
— Porra, minha cabeça! — Resmungou tentando adaptar os olhos a claridade. Eles se arregalaram quando percebeu o lugar estranho. — Onde eu estou?
— Estrada. Estou te levando para longe daquelas coisas. — Disse analisando o menor. Stiles pareceu se assustar mais ao notá-lo ali.
— Como assim coisas? Por que você está aqui? — Questionou ele mais confuso que antes. Logo sua visão escureceu e ele ficou tenso. — Ele voltou, não foi? Eu matei a Melissa.
Klaus ficara tenso também ao ver as lágrimas do garoto. Tinha medo de se aproximar e deixar tudo pior.
— Ele disse que eram Onis. Demônios japoneses que estão atrás de vocês. Estou te levando para um lugar seguro. Provavelmente aquele Pack tentaria te matar depois disso tudo. — Contou calmamente. Stiles estava ocupado demais se afogando na própria culpa.
— Não acredito que eu o deixei entrar novamente. — Choramingou desesperado. Klaus teve um sentimento de culpa latente em seu peito.
— Olha, eu posso ajudar a controlar se você quiser. Posso tirar o sentimento de culpa. Tirar sua dor. — Sugeriu Klaus. Os olhos do Stilinski se iluminaram por um momento.
— Faz! Por favor. Eu não quero mais sentir isso. Estou exausto de medo, de dor e culpa. — Pediu ignorando o fato de já estar com a mão no pescoço do maior.
Klaus se concentrou e olhou no fundo de seus olhos. Havia um vazia tão profundo lá, algo que jamais tinha visto.
— Desligue isso. Sua dor, medo e culpa. Aquelas pessoas não merecem você. — Induziu vendo as pupilas de Stiles dilatarem. E então, as lágrimas pararam e seu rosto suavizou.
— Parou. — Arfou surpresa. Não sentia culpa pelo que fez com Melissa. Nem medo do que estava dentro de si. Pela primeira vez em muito tempo, ele não temia a escuridão em seu coração. — Obrigado.
Aquilo trouxe memórias de Stefan na mente do híbrido.
— Como fez isso? — Indignou ele agradecido.
— Eu sou um vampiro. Mas não temos tempo para isso agora. Vou te levar um lugar seguro. Vai levar um tempo, então é melhor ir ao banheiro antes. — Mandou-o. Stiles rolou os olhos do loiro para o mercado e acenou com a cabeça.
— Eu posso confiar em você? — Questionou hesitante antes de abrir a porta.
— Eu acabei de salvar sua vida. Levando em conta, acho que sim. Eu posso confiar em você? — Jogou a pergunta de volta, por mais que soubesse que nunca se confia em uma raposa.
— Eu não sei. Provavelmente não. Mas se ele deixou você me levar, há um bom motivo. — Respondeu com os olhos baixos. Estava pensativo agora. Apenas saiu do carro e vagou até o banheiro público.
[...]
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Blood Suit - Stlaus
FanfictionPassos altos e barulhentos ecoavam pelos corredores vazios da escola Beacon Hills. O que importava é o garoto aparentemente tão indefeso a sua frente. - Hey? Por que não está no baile com os outros? - Perguntou o loiro com um leve receio. O garoto...