𝐋𝐞𝐭 𝐇𝐢𝐦 𝐈𝐧

346 38 3
                                    

- STILES -

O mundo não tem sido o mesmo. Nada tem sido o mesmo.

Após tanto tempo, tantas aventuras... Eles o deixaram. Ele esteve lá para eles nos momentos mais difíceis. Apoiou Scott quando ninguém mais apoiou. Mas quando ele precisou, o alfa foi o primeiro a virar as costas.

Após os eventos da possessão ninguém foi o mesmo. Mudaram. E quando Theo veio, tudo piorou. Não pela quimera em si, mas sim por acreditar em um estranho e não no melhor amigo.

Desde então o castanho segue com esse vazio por dentro. Eles se afastaram. O excluíram até tornar-se um simples garotinho solitário, mas Stiles estava longe de ser simples.

E agora... bom agora ele está aqui deitado em sua cama. Tentando descobrir como sumir de tudo isso. Com parar de sentir isso. Tudo isso.

Decidiu então parar de enrolar e levantar para começar o dia. Ainda eram plenas 6 da manhã — sua rotina de sono diminuiu com tempo —, porém, para sua surpresa ao tocar os pés no chão sentiu-se fraquejar. Suas energias estavam esgotadas, mesmo sempre pegando no sono com tempo livre.

Sem muito enrolar partiu ao banheiro e fez sua higiene matinal. Ele se sentia estranho, quase com um pressentimento ruim. O garoto mal sabia o que estava por vir, até que quando saiu do banho, enrolou a toalha na cintura e olhou para o espelho tentando focar seus olhos ao que estava escrito no vidro — embaçado pelo vapor —, mas não obtendo resultado.

Por um momento de medo, ele se pôs a correr para a escrivaninha de seu quarto, onde havia um livro antigo que Deaton o emprestou para estudar o mundo sobrenatural. Focou novamente nas frases que preenchiam o livro, mas não obteve resultado algum. Então tocou-se de algo. O medo agora se tornou pavor, pois, não lembrava de ter escrito nada sobre a superfície do espelho.

Tentou usar uma tática antiga, contar os dedos, no entanto, não havia o suficiente. Nada era suficiente. Ele não era suficiente. Uma sombra correu por seu quarto, enchendo tudo em seu caminho. Stiles se perdeu da luz que havia ali. Quis correr, gritar, só que não conseguia fazer nada. Então um timbre grave ressoou.

— Está na hora de jogarmos um novo jogo. Um jogo de dor e caos. — O Stiles sentiu todo seu corpo formiga antes de apagar no escuro.

[...]


- KLAUS -

O som das folhas batendo contra seu rosto apenas o irritavam a cada passo que dava a casa do Stilinski. Tinha um pressentimento em seus instintos que o fazia querer correr até o garoto. A transformação já deveria ter começado. Pulou até o telhado no segundo andar e abriu a janela, não poderia entrar, mas poderia olhar. A questão é que não havia ninguém ali, apenas um livro jogado no chão e um monte de ataduras — ou faixas —, Klaus não sabia dizer ao certo.

O Mikaelson observou a lua cheia brilhar acima da floresta. Havia reconhecido o nome do escritor naquele livro no chão. Deaton. Desceu o telhado de má estrutura e seguiu para o suposto veterinário. Respingos de chuva começavam a aparecer.

[...]

Mal chegará ao local e sentia um cheiro fortíssimo de sangue. Era como se estivesse impregnado no local, no entanto, não era cheiro de sangue animal. Conseguiu entrar no local por já ter induzido o druida uma vez. O local estava escuro, mas nada que sua visão lupina não resolvesse. O cheiro ficava cada vez mais forte, junto ao som de um coração fraco.

O veterinário estava ali, caído no chão, convulsionando sangue para fora do próprio peito. Se aproximou segurando o rosto do velho com força.

— Onde ele está? — Questionou tentado a provar o sangue.

— Levou... levou a calda... Onis... — Gemeu inclinando o corpo em busca de ar, no entanto, era falho por seus pulmões já estavam repletos do líquido viscoso. — Hospital...

Foi a última coisa que conseguiu pronunciar antes do coração dar sua última batida, assim como o relógio que marcava meio noite. Nas histórias, a morte de um druida nunca era um bom sinal, Klaus sabia disso. O último druida de Beacon se partiu, logo o canto amargurado dos mortos seria ouvido.

Depois de conseguir achar mais veneno de Kanima, junto de acônito, o loiro partiu para o hospital de Beacon Hills. Outro que seria fácil de invadir, já que estava presente na construção dele. Sentiu o cheiro forte de podre, além disso, o cheiro de cachorro molhado. Seus passos eram rápidos nos corredores brancos. Estavam todos vazios, provavelmente evacuados. Pode ouvir o ressoar de um coração lento e calmo, ao lado um frenético e desesperado. Seguiu àquilo até a sala de necrotério. Teve de tapar o nariz pelo cheiro, mas o que realmente fez seu coração errar uma batida fora a imagem à sua frente.

A mão de Stiles atravessando o corpo de Melissa McCall. A mulher já perdia a expressão, era tarde demais. Seu corpo fora jogado no chão como um saco cheio de ossos. Pela primeira vez em milhares de anos, Klaus sentiu um respingo de medo. Estalos foram ouvidos e sombras tomaram forma na sala. Antes que os Onis o tocassem, o loiro usou sua velocidade para o pegar no colo e o levar dali, mas claramente, não sem antes utilizar do veneno de Kanima.

[...]

— Você só pode estar louco, Niklaus. — Pronunciou Elijah. O garoto amarrado na cadeira a sua frente lhe dava arrepios. Os olhos ressaltados do pequeno rapaz demonstravam desespero aos que os procurassem.

— Acha mesmo que esse veneno vai me segurar? — Disse o ser sarcástico. Suas mãos estavam amarradas ali também. Provavelmente se acostumando com as cores foscas e antigas do quarto.

— Está parado, não está? — Rebateu o loiro. Ainda sentia suas pernas fraquejarem um pouco. — O que são aquelas coisas?

— Onis. Demônios do outro lado. Estão aqui para nos buscar. — Respondeu no plural. Tudo aquilo era referente a Stiles, certo?

— Preciso falar com o Stiles. — Exigiu o híbrido.

— Está falando com ele. — A risada que saía de sua boca era terrivelmente escassa e sombria.

— Aquela era a mãe do alfa, certo? Senti o cheiro nela. — Andava de um lado para o outro inquieto.

— Que vampiro esperto. — Caçoou.

— E o Deaton? — Questionou começando a se irritar. Elijah se mantinha deserto ao que acontecia. Analisava o ser em cada detalhe, mas o outro sabia disso.

— Ele merecia pelo que fez comigo. E nós precisávamos pegar nossas caudas. — Disse relaxando na cadeira. Estava pronto para começar. — Deve ser difícil para vocês. Sabe? Estarem apaixonados pelo mesmo humano.

— Como é? — Indignou Klaus confuso. Seus olhos correram pelo irmão.

— Aah... você não sabia? O Elijah gosta do Stiles também. — Gesticulou deixando o caos realizar seu trabalho.

— Do que ele está falando, irmão? — O ódio começava a subir por seu pescoço. A ideia de outra adaga no peito do irmão não parecia tão ruim.

— Niklaus, eu... me perdoe. Mas sabe que não controlamos o amor. — Disse Elijah com os olhos baixos. Ainda, sim, sua nobre honra era intacta.

Klaus chutou o mais velho tão fortemente que o fez atravessar a parede da mansão e cair no quintal. Pegou uma adaga em um velho baú e pulou para o jardim. Suas pernas doeram, mas a cura fora rápido como sua raiva. Chutou o rosto do mais velho, esse que levantou em um baque e lançou Klaus para o outro lado do gramado. Rebecca não estava ali, isso facilitaria o trabalho. Quebrou a perna de Elijah com outro chute e levantou sua cabeça. A mordida do híbrido queimou como o inferno descendo por suas veias. E logo a adaga perfurava seu peito como a traição perfurava seu coração. O deixou ali e fora direto terminar o interrogatório, no entanto, já não tinha ninguém ali. O Void escapara sem nem perceberem. Era um jogo de estratégia, Klaus precisaria ser mais esperto.

Blood Suit - StlausOnde histórias criam vida. Descubra agora