- "Bem"? Você está surtando por conta de um "bem"? - Kenma perguntou intrigado.
- Não é qualquer "bem". Eu chamei o Kageyama, Kageyama Tobio de bem - Hinata falou exaltado. Era notório seu nervosismo.
- Tudo bem. Você chamou Kageyama Tobio de "bem", mas ele pareceu se importar?
- Na verdade eu nem tenho certeza se ele me ouviu...
- Então por que você está surtando?
- Eu não sei. Eu não sei mais de nada. Acho que eu estou enlouquecendo...
- Louco você já é.
- O que eu faço agora? - Hinata encarou o amigo que tinha ido até sua casa, já que eles moravam no mesmo prédio.
- Nada, ué. O que você quer fazer?
- Eu não sei, por isso estou te perguntando.
- Certo. Se ele não ouviu, que é o que você espera, ele não vai se importar, até porque o que não existe não pode ser lembrado.
- Verdade... mas e se ele ouviu?
- Bom, se ele ouviu e não falou nada temos duas hipóteses. A primeira é que ele não se importou, já que é comum chamar as pessoas por apelidos carinhosos. A segunda é que ele não soube o que falar e desligou.
- Faz sentido.
- O que não faz muito sentido pra mim é como você se apaixonou por ele. Tipo, você nem perguntava para ele coisas que ele gostava e só veio descobrir que ele jogava Stardew hoje. Como você se apaixonou por ele? Você não era arromântico? - Kenma questionou o amigo. Ele não queria soar preconceituoso e nem era. Estava fazendo um questionamento sério sobre algo que não entendia direito. E Hinata sabia disso.
- Bem, eu ainda sou arromântico. A arromancidade é mais sobre a falta total ou parcial da atração romântica. Eu sempre senti que não era estrito. Óbvio que existem diferentes tipos de atrações e diferentes espectros da arromancidade, onde pessoas se apaixonam em diferentes situações e condições. Sobre a minha situação, na verdade nem eu sei explicar direito. Eu comecei achando ele interessante. Ele interagia às vezes nas aulas e sempre iniciava um debate comigo. De repente, eu me pegava encarando ele no meio da aula, pensando sobre o que ele faria depois e se eu o devia chamar para almoçar... - Hinata calou-se. Estava pensando em Tobio mais uma vez - enfim. O que eu quero dizer é: eu me apaixonei por quem eu via na sala, mas agora é diferente. Eu tenho a oportunidade de conhecer ele por inteiro, sabe?
- Sei. E eu fico muito feliz por você Hinata. O fato de você ter conseguido se encontrar e finalmente ter esperanças de um relacionamento é uma coisa incrível. Você merece o mundo.
- Eu te amo, Kenma. Vem cá, me dá um abraço, vai - se jogou em cima do amigo.
- Você é pesado, sai, sai.
Hinata estava sozinho em casa mais uma vez. Havia assistido um filme com o Kenma e depois os garotos se separaram. Agora estava em sua cama com seus fones de ouvido plugados no celular. Tocava uma de suas playlists favoritas: "Sweet Chaos". Ela não tinha tantas músicas, pouco menos de uma hora, pelo menos no momento. O nome tinha sido escolhido principalmente por conta de uma música do grupo Day6. Era uma playlist que ele ouvia sempre que queria um pouco de paz de sua mente ou quando estava escrevendo algo, e esse era o caso. Estava escrevendo um poema para o Kageyama. Obviamente não iria mostrá-lo, era algo que sempre mantinha para si.
olhos azuis
como o mais fundo oceano,
oceano esse
que eu me afoguei
sem sequer lutar
para voltar à superfície
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Sweet Chaos
Lãng mạnHinata Shoyo, um estudante de Design Gráfico, vê-se perdidamente apaixonado por Kageyama Tobio, que cursa Educação Física. Eles se conheceram durante a aula de Psicologia do Trabalho e Hinata, que nunca havia se apaixonado, vê-se preso em uma situaç...