Onde o laranja se torna azul, tão melancólico

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Notas: eu assisti adoráveis mulheres recentemente, e Florence estava radiante então eu fiz isso. 

espero que gostem

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  1857

Yelena e Kate são amigas desde sempre, praticamente a maioria das aventuras que Yelena viveu, sua fiel escudeira de cabelos escuros estava ao seu lado, compartilhando. Seja quando roubaram as roupas do pai de Kate como fantasia para uma peça de teatro, ou quando tiveram que correr por horas para escapar de um vizinho raivoso que a viu roubando os pêssegos de seu maravilhoso pessegueiro. Algumas aventuras sempre acabavam deixando as duas meninas em maus lençóis, elas eram proibidas de se encontrarem durante alguns dias e esse era seu castigo, mas logo estavam juntas de novo, como uma dupla dinâmica; uma dupla que sempre, apesar das confusões seguidas de castigos, lagrimas – e agressões por uma das partes – estavam prontas para a próxima, e a seguinte e a todas a outras futuras aventuras, que elas almejavam, ansiavam que fossem tão maravilhosas quanto a anterior.

Elas não iam a escola, a escola para meninas era péssima e embora Kate fosse apaixonada por aprender, a garota não conseguia suportar a regras do ensino, ela as julgava limitantes, mas reconhecia que ao menos ler fora uma ótima habilidade desenvolvida na escola, Bishop não tinha vergonha de ler trechos de seus livros favoritos sob os olhares de seus colegas, ela adorava na verdade. Atuava com tanta veemência, narrava cada frase como se esse fosse o ápice do seu dia, e ele poderia ser, contanto que Yelena estivesse a assistindo também, e a garota estava, na maioria das vezes ao menos.

Assim como Kate, Yelena apreciava o estudo, mas também detestava a escola. Não pelas regras ou algo do tipo, ela apenas não gostava de ficar em uma sala por tanto tempo, tendo que suportar matérias que ela não usaria para nada, ao seu ver. Por isso, eram poucas as vezes que Belova comparecia a sala, mas sempre que ia, era para ver sua amiga, proclamar da forma mais pura sobre suas amadas histórias, sobre aventuras de fantasia, terrores do desconhecido e romances sobre paixões ardentes e alguns sentimentos não correspondidos. Então, um dia Yelena parou de ir. O que era as vezes, se tornou raramente, e depois nunca. Ela não assistia mais as leituras de Kate, assim a morena também parou de ir. Nenhum dos colegas sentiu falta de Yelena, mas alguns lamentaram quando Bishop contou que não voltaria mais.

As duas ainda se viam o tempo todo, sem a escola, elas puderam passar mais tempo em aventuras, seja na sua pequena cidade ou nos livros que liam na vasta biblioteca dos pais de Kate. Mesmo longe das carteiras de madeira e das lousas, Kate não parou de estudar, procurava livros sobre suas matérias favoritas e estudava sozinha, é claro, com Yelena ao seu encalce, resmungando a quanto matemática era tedioso e como história ou biologia era melhor, ainda assim a maior se esforçava em convencer a amiga a estudar com ela, na maioria das vezes ela conseguia, mas não durava mais que uma hora. Em breve Yelena já estava em busca de livros sobre revoluções, guerras e acontecimentos históricos, ou desenhando seres vivos que ela via; em baixo da cama, como aranhas, nas arvores, como pequenos pássaros e nos lagos, como sapos e libélulas.

Kate adorava e admirava tanto como sua amiga era artística, ela se perdia nos momentos enquanto presenciava Yelena apenas desistir de qualquer tarefa ou de socializar, apenas para se aconchegar e dar formas a tudo que ela achava que poderia representar. Kate sonhava com o dia que sua pessoa favorita se tornaria um grande artista, mas sabia que Yelena não pensava assim.

"Certo, eu quero as duas aqui embaixo agora mesmo!" do sótão as garotas ouviram a intimação. Era a mãe de Kate chamando as duas pela terceira vez. "Sério, garotas. Por que vocês sempre tornam esses momentos tão difíceis?" a mulher suspirou quando as amigas desceram as escadas, devidamente vestidas e com uma carranca visível.

Breves Contos De KatelenaOnde histórias criam vida. Descubra agora