O último piscar de olhos

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Foi em uma quinta-feira. Eu já tinha voltada das minhas aulas e a minha irmã ainda estava na escola, pois ela estudava de tarde.

Meus pais tinham ido correndo para os hospital, porque o meu pai não estava conseguindo respirar, e estava com dores no peito.

Eu fiquei em casa, estudando para uma prova de física, que é a matéria que eu mais odeio, na qual iria acontecer dois dias depois.

Eu estava preocupada, eu tinha um olho na apostila, o outro no celular, esperando a minha mãe ligar, para avisar o que havia acontecido com meu pai.

Dito e feito.

Depois de umas 6 horas que meus pais haviam ido para o hospital, Já era de noite, umas oito horas.

Eu já havia buscado a minha irmã, Helena, da escola já fazia tempo, havia feito o jantar, lasanha, e tinha guardado um pedaço para meus pais. O maior dos pedaços para o meu pai, ele amava lasanha.

Eu estava na sala, com a Helena, deitada com a cabeça no meu colo, assistindo o YouTuber favortito dela.

Até que finalmente, minha mãe liga, foi a PIOR ligação da minha vida.

- O-oi Filha...- Diz minha mãe, do outro lado da linha, soluçando de chorar.

- Mãe?? O que aconteceu?! Por que você tá chorando? - Eu perguntei, mesmo já esperando o que ela responderia.

- V-venha para o hos-hospital, o médico quer f-falar, com você e a H-heleninha. - Minha mãe diz, ainda chorando. - Vou pe-pedir um táxi para vocês duas.

- Ok mãe, estamos indo. - Respondo.

Eu levantei do sofá mais rápido do que a velocidade da luz para me arrumar.

Só escovei os dentes e o cabelo. Helena fez o mesmo. Peguei a marmita de lasanha e saímos.

Quando saímos de casa, o táxi estava esperando.

O rapaz até tentou conversar com a gente, mas não queríamos papo, era dificil pensar.

Chegamos em 15 minutos no hospital, onde meu pai estava.

Conversei com a recepcionista e a moça falou:

- Márcio Souza... Hmmmm, deixa eu ver... ACHEI! Quarto 512, quinto andar, corredor da direita! - Disse a mulher, era simpática, mas falava mais rápido que o Flash. - Boa sorte!

- Obrigada! - Disse Helena.

Subimos o elevador e chegamos ao tão temido quarto...

Toc toc

Batemos na porta, demorou uns dois minutos para a minha mãe atender. Ela estava mais calma do wue no telefone, mas continuava nervosa.

- Meninas... - Disse ela, com uma longa pausa. - O Papai quer ver vocês...

Eu fui primeiro, enquanto Helena abraçava e chorava no colo da minha mãe, após ver o estado do papai.

Ele estava deitado na maca, com um monte de aparelhos ao seu redor. Um tubo de respiração entrava no seu nariz.

- Oi papai. - Eu disse, tentando não chorar. - Eu trouxe lasanha para você. Quando estiver melhor coma ok? Como você está?

Ele não responde de imediato. Ele abre os olhos. Move, com dificuldade, os olhos para a minha direção, e sorri. Um sorriso com dor, mas feliz ao mesmo tempo.

- Eu estou aqui Jullie... - Meu pai responde, com imensa dificuldade. - Obrigada, pela lasanha... Vou comer sim, quando sair daqui...

Eu comecei a chorar. Nunca tinha visto meu pai naquele estado. Ele estava entre a vida e a morte.

- Não chore minha filha... - Ele diz. - Eu te amo Jullie... Traga a Helena aqui...

Fiz rápido o que ele pediu. Peguei a minha irmã no colo, e botei ela sentada na lateral de cama do meu pai.

Eu não prestei atenção na conversa deles, mas foi curta. A última.

- Eu amo tanto vocês três... - Ele diz.

Após isso. Meu pai fecha os olhos lentamente. Os sinais vitais dele no aparelho caem. As linhas ficam retas. Meu pai... faleceu.

A Metamorfose || Miguel Cazarez MoraOnde histórias criam vida. Descubra agora