Capítulo 1

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-Vamos meu amor? - peguei na mão da minha pequena - Até amanhã Karin - falei alto para a ômega que acenou para mim.

Sara e eu saimos da pequena escola onde eu trabalhava durante a tarde, o mesmo periodo que minha pequena estudava. Sarada era o centro do meu mundo, com seus longos cabelos pretos e nariz de botão, ela parecia muito comigo. Exceto que meu cabelo é loiro e o dela é preto. Mas também tem seus olhos.

Sarada possui olhos pretos, brilhantes como ônix. O que, se pensar bem, não faz sentido já que tenho olhos azuis e Sai olhos castanhos. - Podemos comprar doces? — ela me perguntou.

-Podemos sim, mas só uma rosquinha - respondi e ela sorriu concordando.

Eu tinha que apertar um pouco as contas de casa, mas não podia deixar de dar pequenos mimos para a minha filha. O dinheiro em casa era contado, meu salário dava para o extremo necessário e Sai, bem, ele tinha outras prioridades.

Chegamos em casa rindo do rosto sujo da minha filha, cheio de açúcar cor de rosa, mas a risada de Sara morreu quando viu meu marido, automaticamente ela se escondeu atrás de mim.

-Olá meus amores - Sai sorria como se de fato fossemos uma família feliz. Ele se aproximou de mim, segurando meu queixo com muito mais força do que o necessário e deixando um beijo rápido nos meus lábios. Ele tentou tocar os cabelos de Sara, mas ela se afastou assustada - Essas crianças - ele riu e voltou a arrumar uma mochila, como se o fato de sua "filha" se esquivar apavorada de seu toque, fosse apenas uma traquinagem

- Querida, por que você não vai para o seu quarto e se prepara para tomar banho? Papai já vai te ajudar, ok? - eu falei para a minha filha, que concordou, olhando de canto para Sai e então subindo as escadas correndo - Sai, o que você está fazendo?

- Arrumando minha mochila - ele disse simplesmente, enquanto colocava uma blusa preta e uma arma dentro da bolsa.

- Arrumando para o que? Sai, me responde! Para o que você precisa de uma pistola? No que você está metido?— perguntei desesperado.

- Não se preocupe, não precisa ocupar essa sua pequena cabecinha de ômega com esse tipo de coisa. Eu sei o que estou fazendo, só achei um jeito fácil de ganhar dinheiro - ele deu de ombros.

-Por favor, você prometeu que ia parar de se meter em problemas. Não estamos em Doncaster, onde seu pai pode livrar a sua cara! Estamos em Londres! Por Deus, pense um pouco na sua família!

-Eu estou pensando - ele rosnou para mim, me empurrando e batendo minhas costas contra a parede - Acha que gosto de morar nessa pocilga? Eu quero uma casa de verdade, um carro de verdade, quero uma vida de verdade!

- Se você arrumasse um EMPREGO DE VERDADE, teríamos tudo isso! - gritei de volta - Você não para em emprego nenhum, vive de bicos, metido em confusões e gasta todo o dinheiro que ganha em bebidas, jogos e com outros ômegas!

- Oh, está com ciúmes? - ele zombou - Eu não teria que arrumar outros ômegas, se o meu não fosse tão gordo e prestasse para alguma coisa!

- Eu não me importo se fode outros ômegas - eu disse com lágrimas nos olhos, outra humilhação, eu já deveria estar acostumado - até agradeço, assim você me deixa em paz! Mas você não pode gastar o dinheiro da nossa familia!

- Eu faço o que quiser com o meu dinheiro! - ele rosnou, usando sua voz de alfa e machucando meus ouvidos. Depois, como se nada tivesse acontecido, ele voltou a sorrir - Volto logo, não me espere acordado.

Colocou sua mochila no ombro, apertou meu rosto entre seus dedos e me beijou a força, em momento nenhum eu retribuí. Então ele saiu de casa.

Fui até o único banheiro da casa, lavei meu rosto, limpando a pequena trilha de lágrimas que se formavam.

In Your Eyes - Sasunaru Onde histórias criam vida. Descubra agora