02. Henry Emily

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Ao anoitecer.


Nisso, Klarc, o meu acompanhante, se retirou da sala deixando minhas bagagens do meu lado. Reverenciou Henry e saiu do prédio logo depois. Estava um breu lá fora, espero que ele ache o caminho sem as luzes.

Acabei sorrindo olhando pro meu tio. Talvez eu tenha sentido falta dele mesmo, só talvez. Ele me abraçou e afagou meus cabelos logo depois, bagunçando-os.

— Droga, eu demorei pra arrumar, sabe? – digo.

Ele riu da minha cara, provavelmente eu estava com uma careta nada agradável.

— Perdão. — diz ele. Mas parecendo sem ter um pingo de arrependimento de atrapalhar minha aparência.

Me afastei um pouco, tentando arrumar de novo meu cabelo ao que estava antes, não tendo muito sucesso e acabando por ficar de uma forma esquisita.

Para minha surpresa, Henry Emily foi direto.

— O que devo a essa transferência inusitada?

Não o respondi de imediato, teria de ser cauteloso. Ele continuou:

— Pensei que iria passar o resto da vida escondido. Não acho que você se interesse por escolas sobrenaturais. Quando me mandou uma carta solicitando para se matricular, quase tive um infarto. — Henry passou as mãos no cabelo e ajeitou seu óculos, estava tão calmo que tive vontade de socar seu rosto.

Fiquei quieto.

— Lembro-me bem da última vez que nós nos vimos. Deixou claro que não iria voltar para sua cidade natal nem se fosse o último lugar seguro da Terra — relembrou vitorioso voltando para sua mesa do escritório — Creio que aconteceram coisas muito sérias, não? Se importa de contar para mim? — Sorriu brevemente, curioso.

Será que eu devia contar pra ele o que eu estava fazendo aqui nesse fim de mundo? E se eu contasse, quais as probabilidades de tudo ir por água abaixo? Não, seria arriscado expor tudo agora.

Lembrei de meu pai. E o quanto ele confiou em Henry quando mais novo. Mesmo brigados, meu pai nunca se arrependeu de deixar Henry no comando. Um dia, vou confiar cegamente naquele homem, e isso pode me fazer arrepender muito.

— Desculpe, tio... por fazer ficar preocupado e tudo mais. Eu só precisava de um lugar para ficar, depois de tudo o que aconteceu e...

Parei subitamente. Cale-se agora Evan! Não diga mais nada antes que se confunda.

Não que eu não confie em Henry, mas duvido que ele vai ficar na sua depois de saber o verdadeiro motivo de minha vinda. Por hora, vou me manter calado sobre qualquer assunto correspondente a isso.

— B-bem — Gaguejei? Fala sério! — A viagem foi longa, estou exausto. Se importa em finalmente parar de me olhar como um parente emocionado e me dizer onde vou ficar?

— Claro, entendo — assentiu — O caminho de Nova Jersey até Hurricane deve ter sido sufocantemente entediante e cansativo. E vejo que sua língua continua afiada, bom saber que certas coisas nunca mudam. — Henry deu um bom sorriso para mim, de novo, acho que ele nunca se cansa, mas é bom olhar para um rosto familiar — Espero que não ligue de dividir um de meus dormitórios no Prédio FB com outra pessoa. Não se preocupe! Tenho certeza que vão se dar bem, já tenho alguém em mente.

Merda, eu esperava pelo menos estar sozinho, não que eu me importe tanto com um colega de quarto.

— Vamos! Não faça essa cara de desgosto à mim, Evanzinho.

Meu tio, antes de ir comigo até a porta, caminhou até a parede onde tinha um relógio pendurado, Henry deu 3 toques nele. Depois ele se virou novamente para mim e veio em minha direção.

𝓣𝓱𝓮 𝓜𝓮𝓮𝓽𝓲𝓷𝓰  ᵃᶠᵗᵒⁿ ᶠᵃᵐᶦˡʸOnde histórias criam vida. Descubra agora