03. Golden Duo

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|| Lugar desconhecido |

Gravação de número 349.

— O prisioneiro falou mais alguma coisa? – perguntou um dos detetives para o guarda que se encontrava em frente a uma sala de interrogatório.

O detetive se verificava no reflexo de seu relógio. Arrumando seu terno e gravata. Não escondia em momento algum o desgosto por estar naquele cargo.

— Não senhor – disse o guarda – Ele apenas pediu um detetive mais competente para o trabalho.

– Ora, se é isso que ele quer então aqui estou eu.

– Devo avisar que o outro foi retirado de sala depois que nosso prisioneiro se recusou a falar quaisquer outras coisas para um detetive que não fosse você. Irônico, não acha? – respondeu o guarda, desbloqueando as trancas e abrindo novas passagens até o interrogatório.

— Ótimo! Pelo menos agora estou aqui — O tal do detetive deu uma longa risada, antes de retornar novamente ao normal. — Certo, vamos começar isso logo.

O detetive adentrou a sala, onde se encontrava um homem magro e alto sentado perto de uma mesa, com graves olheiras e marcas por todo corpo, que se escondiam por trás da roupa de prisioneiro.

A sala era inteiramente branca, e havia apenas uma cama e uma porta feita de lençóis dando entrada ao que seria o banheiro. Havia câmeras nos mais variados pontos, não deixando nenhum ponto cego, captando todos os movimentos do prisioneiro que estava usando uma camisa de força.

— Muito bem, posso perguntar o por que de tanta gentileza com o detetive anterior? Creio que tivemos nossos contratempos, não acha? — perguntou o detetive ironicamente, cruzando os braços e utilizando uma expressão satisfatória.

O que estava preso a camisa de força suspirou pesadamente.

— Ele tem mente fechada. – disse ele, desapontado.

— Não temos tempo para ladainhas suas. Você é perigoso. Responda! O que você estava fazendo no dia dez de fevereiro deste ano?

Ele não obteve uma resposta.

– Você não percebe? Se não abrir a porra da boca para falar, todos serão mortos! Você criou monstros! Eles têm que ser detidos o mais rápido possível – o detetive praticamente rosnava, cuspia as palavras com raiva, totalmente não profissional e fora de si.
— De todas as pessoas nesse mundo, imaginei que fosse entender. Creio que eu estava errado sobre isso também.

— Isso é verdade. Eu criei monstros! — O homem aprisionado gargalhou alto.

— Por que esperou até que eu ficasse responsável pela futura morte deles? Está subestimando as pessoas que te colocaram nessa situação? Pense bem onde se encontra agora, Afton.

– Não estou subestimando, pelo contrário, estou reconhecendo a força de vocês. Olhe só para mim, senhor Nidal – ele chegou mais perto do detetive, e disse num sussurro — Estou sem nenhum pingo de magia sequer no meu corpo. Agora, raciocine: onde mais eu teria enviado todos os meus poderes?

O coração do detetive errou algumas batidas, o gosto forte de álcool foi se esvaindo de sua boca. Sentiu um calafrio sobre toda sua coluna.

— Você não está insinuando que... — ele não teve forças de continuar falando.

— Sim, eu estou.

O detetive franziu a testa.
— E por que eu deveria confiar numa maluquice dessas? Você é maluco. Um psicótico. Mesmo trabalhando com seu caso caso por vinte anos... isso não está certo. É mentira.

𝓣𝓱𝓮 𝓜𝓮𝓮𝓽𝓲𝓷𝓰  ᵃᶠᵗᵒⁿ ᶠᵃᵐᶦˡʸOnde histórias criam vida. Descubra agora