Constelação da mãe-urso com a mãe Natureza

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Na oitava parte da circunferência da Terra, passeando no limite do sol na praia que dobra o horizonte. A madrugada que já passou e a punição que já se foi. Um pedido que se chega no momento da prece; uma purificação matinal. Onde o concreto sonda, onde as areias são levadas, condenadas por tocarem a pele, por unir-se a um pedaço carregado de desejo e destinadas a afundarem, cada vez mais fundo, mais longe dos pássaros que as torna cativas em suas penas, mais perto do fogo que as seduzem, que lhes deixa fumegante. Não fosse a Terra uma mãe indignada que as pune e as transforma em vidro em seu centro de vida, para ferirem umas as outras por se contaminarem-se de uma humanidade que é pura maldade, e trazerem para seu interior, para seu sangue imaculado.

Antes que se entre no panorama, antes que eu ouse me dirigir ao juiz do universo, olho para baixo e peço perdão a mãe natureza. Ela é boa, mas me desculpe por desejar o espaço, por querer os braços que reprime os humanos e o ameaçam. Acho que é inevitável aos humanos não desejarem a dor, mas afinal, se não há lá, carne ou tecido como o nosso que sangre, talvez não esteja lá acima o sofrimento.

Antes de deitar sobre a moldura mais antiga, com um forro que ainda não foi arranhado pelas cores de pincel nenhum, se não tomado por apenas poeira em um fundo feito de azul, pergunto a ursa maior, já que ela é mãe, se ela não poderia conversar com a minha, para passar alguns dias na casa dela. Se ela pedir, talvez minha mãe deixe.

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