1- Aqueles não são ilus;

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Lembrando: a história se passa 10 anos pós filme!


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"Olha, papai, olha!" Uma pequena mão agarrou o antebraço de Aonung, puxando-o com tanta excitação que, em vez de esfolar um peixe, ele quase cortou os dedos.

"Por Eywa, você acabou de puxar? Quantas vezes eu já disse para você tomar cuidado quando estou segurando uma faca?"

Ele olhou para sua filha de três anos, mas seu olhar severo suavizou ao vê-la triste.

"Então, qual é o problema?" Ele perguntou com uma voz gentil, abaixando-se para combinar com a altura dela. O sorriso de Ateyna cresceu lentamente em seu rosto, e ela puxou seu pai com entusiasmo para fora de sua cápsula de marui, apontando para o céu. "Olha, os ilus aprenderam a voar!"

Aonung ergueu o olhar e sentiu um arrepio na espinha. Por um momento, ele ficou parado em silêncio, observando quatro banshees deslizando sobre a praia. O alarme da concha ecoou por toda a aldeia.

- Esses não são ilus, Ateyna. Vá encontrar sua mãe e fique com ela. Vá.
Ele gentilmente deu um tapinha em suas costas, certificando-se de que ela estava escondida com segurança entre seus casulos antes de se juntar à curiosa multidão reunida na praia.

Como líder, ele ficou na frente e observou as enormes garras do banshee da montanha afundarem na areia úmida, seguidas por um par de pés azuis escuros. Atrás deles, mais três ikrans pousaram com seus cavaleiros. Aonung sentiu seu coração disparar com medo e antecipação. Ele já tinha visto isso antes. E as memórias da guerra que se seguiu ainda o assombram em seus sonhos.

Atrás da asa do ikran surgiu um rosto cansado da viagem, mas determinado. Aonung não via esse rosto há uma década, mas ele o reconheceria em qualquer lugar. Era Neteyam. Ele não era mais o adolescente com quem Aonung brigava na praia, o garoto que ele ensinou a mergulhar e montar um ilu. Ele havia ficado mais alto, mais largo e mais musculoso. Seu cabelo estava preso em um coque baixo e bagunçado, em vez de espalhar sobre os ombros. Mas fora isso, ainda era o mesmo Neteyam que ele salvou da morte todos aqueles anos atrás. A cicatriz gravada no ombro de Aonung era uma lembrança constante da bala que quase tirou a vida de Neteyam.

"Eu vejo você, Aonung." Neteyam sorriu em expectativa, imaginando se seu velho amigo retribuirá a saudação desta vez.

"Eu vejo você, Neteyam." Aonung gesticula, estendendo a saudação ao Lo'ak que chega.

"Quanto tempo se passou, dez anos?"

"Parece que foi ontem quando eu estava nesta praia e você zombou de mim por ter uma cauda fina", Neteyam sorriu.

"Então por que você voltou?" Uma expressão séria se espalhou pelo rosto de Aonung, enxugando o sorriso de Neteyam.

"Nós precisamos da sua ajuda."

"Pensei que a guerra tivesse acabado."

"Sim, mas..." Neteyam hesita, sentindo-se cansado e esgotado após três dias de viagem sem dormir. Para sua própria surpresa, ele se sente nervoso por ver Aonung depois de tantos anos. Ele pensou que seu reencontro seria fácil, apenas dois velhos amigos se encontrando novamente. Mas eles deixaram as coisas inacabadas no passado, e tudo volta agora, quando Neteyam está diante do guerreiro que Aonung se tornou. Ele não pode deixar de olhar para a tatuagem recente que vai de seu braço tonificado, passando pela clavícula e pescoço, até o queixo esculpido.
Vamos, concentre-se.

Lo'ak imediatamente aproveita o momento de silêncio para se inserir na conversa.

"Onde está seu pai? Precisamos falar com o Olo'eyktan."

Aonung franze a testa. "Ele está caçando com seu esquadrão e não retornará por alguns dias. Em vez disso, você pode falar comigo."

Lo'ak sorri divertido, fazendo uma pausa silenciosa antes de responder. "E quanto à sua irmã? Prefiro conversar com ela, se você não se importar..."

Antes que ele pudesse terminar, Aonung se eleva sobre ele, sibilando. "Você vai deixar minha irmã em paz! Já foi ruim o suficiente o que você fez com ela antes. Deixando ela aqui sem..."

"Eu não tive escolha!" Lo'ak exclama entre dentes com o erro, sua voz se enchendo de dor. Mas antes que os dois pudessem entrar em conflito, Neteyam interveio, afastando-os um do outro com mãos firmes.

"Parem! Vocês dois..." Ele dá a Lo'ak um olhar cansado e volta o olhar para Aonung,

"Aonung, precisamos conversar. Pandora está mudando, tenho certeza que você também percebeu."

Aonung olhou diretamente nos olhos de Neteyam, intrigado.

"O que você quer dizer com mudança?"

Neteyam olha em volta, procurando o exemplo certo para explicar suas preocupações. Ele suspira, apontando para o oceano.

"E os tulkuns, eles não deveriam estar aqui agora?"

Aonung franze a testa. Um Na'vi da floresta está realmente dando um sermão sobre seus tulkuns? O que ele sabe sobre eles de qualquer maneira.

"Eles chegam um pouco mais tarde a cada ano, não é grande coisa."

A boca de Neteyam se contrai. "Mas é um grande problema. Eles te contaram por que estão chegando atrasados?"

Aonung cerra a mandíbula. Ele fica em silêncio por um momento perfurando Neteyam com seu olhar como se estivesse tentando ler seus pensamentos e descobrir o quanto ele sabe. Finalmente, ele fala em voz baixa.

"Vamos conversar. Lá dentro."

O abismo.Onde histórias criam vida. Descubra agora