Papai estava perto
Mas era ausente
Não sabia ao certo
Como estar presenteMamãe sempre brava
Ao acordar
E perceber que
Ele dormiu no sofáO irmãozinho assustado
Se escondia em algum lugar
Sempre abaixado
Para ninguém o encontrarEla foi responsável
Por sua proteção
Tentou ser saudável
Dentro de sua disfunção"A gente sempre sobrevive"
Repetia em sua mente
A gente quase nunca vive
Para estar contenteSe sentia incompleta e quebrada
Num vazio que não podia encher por nada
Aprendeu sozinha que a vida é solitária
Chorando pelos cantos da própria casaEra só uma criança
Que sem amigos
Perdeu sua infância
Pra se salvar de perigosVia televisão com a cabeça inclinada
Mas eles disseram que não era nada
Se isolava por muito tempo
Mas achavam que era só por um momentoNotas muito altas na escola
Mascaravam sua necessidade
Implorando atenção como esmola
Nunca foi compreendida de verdadeMascarou suas emoções
Se tornou uma atriz e tanto
Na sua tempestade de sensações
Seguiu controlada se controlandoNão teve amigos para ajudar
A família nunca soube lidar
O mundo que a recusou
Nunca vai saber o quanto ela mudouTentou se encaixar, se adequar
Cada erro cometido, uma punição
Desistir de fazer parte para respirar
Se tornou a sua única opçãoSe viciou em álcool
Exagerou no açúcar
Ela se afundou
Sem saber se saberia levantarEla quis se internar
Mas não tinha dinheiro
Ela quis se matar
Sem chocar seu mundo inteiroEla não sabe mais
O que é ter paz
Ela só quer ir
Pra onde possa sorrir
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Um café e um amor
PoesíaAmor. Paixão. Ansiedade. Equilíbrio. Eu aprendi que tem dias em que a gente só quer deitar em posição fetal e chorar até o mundo acabar. E está tudo bem. Podemos ter um dia horrível e só querer deitar em posição fetal e chorar até o mundo acabar. Ma...