𝒂𝒑𝒆𝒏𝒂𝒔 𝒖𝒎𝒂 𝒏𝒐𝒊𝒕𝒆 - 𝑚𝑎𝑑𝑛𝑒𝑠𝑠𝑎 - 𝒈!𝒑

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Meus pés doíam, mas precisava levantar da minha mesa, com os papéis em mãos, e caminhar até a grande porta de madeira. Bati na mesma, segundos depois, ouvi um baixo "entre".  Respiro fundo, entrando no escritório dela. Tão cheirosa e limpa, como sempre.

Caminho até o empresário, com ela atrás de seu notebook digitando sem tirar os olhos da tela.

— Aqui estão os últimos papéis para a senhora assinar — Digo, deixando-os sob a mesa.

— Hum — É a única coisa que ela responde.

Mordo o lábio inferior, incerta.

— Er… Posso ir, senhora Morgan? — Pergunto.

Só então, Vanessa Morgan ergue o olhar para mim, por debaixo dos óculos redondos de graus.

— Terminou todo seu trabalho?

— Sim — Quero acrescentar que terminei sim, depois de ficar quatro horas à mais no serviço, mas fico quieta, preciso desse emprego para entrar na faculdade de administração.

Vanessa ficou me analisando por alguns segundos, deixando-me desconfortável, seu olhar é intenso até mesmo quando Vanessa está apenas olhando para alguém. Desvio o olhar, mexendo os dedos para tentar disfarçar o efeito que seu olhar tem sob mim. Por fim, depois de intermináveis segundos, Vanessa baixa o olhar para o notebook novamente.

— Então pode ir.

Faço uma curta reverência

— Até amanhã, senhora Morgan — Viro de costas, indo até a porta.

— Até amanhã, Senhoria Petsch — A forma como Vanessa diz meu nome arrepia até meu último fio de cabelo, até mesmo me faz parar de andar, principalmente quando sinto seu olhar queimar em minhas costas. Engulo em seco, tornando a andar, saindo de sua sala.

Enquanto dirigia até em casa, ficava pensando em como é complicado trabalhar para Vanessa. Sei que quase toda mulher tem o sonho de ser secretária de uma mulher linda e rica, ainda mais quando existe uma mulher como Morgan, porém, trabalhar para ela é…

— Cansativo demais! — Me jogo na cama, cobrindo os olhos com meu braço.

— Pare de reclamar! Você vê aquele rostinho lindo e corpo maravilhoso todos os dias e ainda sim fica reclamando. Deixa de ser cínica! — Lili reclama. Neste momento, está frente ao meu espelho se arrumando para sair como faz todas as noites.

— Você não entende! — Exclamo, ficando sentada. Observo enquanto Lili passa o batom vermelho vivo nos lábios, destacando-se entre sua pele branca e cabelo loiro.

Ela revira o olhos.

— Ah claro. Não entendo como sua vida é difícil, né — É irônica, parando de passar o batom — Você tem seu próprio apartamento, uma boa condição financeira, tem seu próprio carro, trabalha em uma boa empresa, tem uma chefe gostosa de linda e que já tentou ter algo com você — Pôs o indicador no queixo, fingindo pensar — Pois é, sua vida é realmente difícil, pobrezinha — Tornou a passar o batom nos lábios.

— Não é isso! — Bato no colchão — É só que… — Desvio o olhar — É cansativo trabalhar com ela porquê além de prestar atenção no serviço, ainda tenho que não prestar atenção nos encantos da minha chefe. É um saco — Vejo Lili revirar novamente os olhos e isso me deixa irritada — Escuta aqui Lili, você sabe muito bem que eu não posso transar e nem sair com minha chefes!

Ela revira de novo as íris castanhas.

— Não sei porquê as pessoas fazem tanto alarde por causa de uma entrada e saída de um pau dentro de uma boceta. Nada haver — Deixa o batom de lado para arrumar o cabelo.

𝚘𝚗𝚎 𝚜𝚑𝚘𝚝 • 𝖼𝗁𝗈𝗇𝗂/𝗆𝖺𝖽𝗇𝖾𝗌𝗌𝖺Onde histórias criam vida. Descubra agora