capítulo 26

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Sn on

A figura daquele objeto flutuante nos seguiu até a esquina da casa de Bill, onde desapareceu gradativamente, enquanto chegavamos perto do local, um arrepio eletrizante transpassou meu corpo, olhei para o lado, e foi só ali naquele momento que percebi, que mesmo após tanto tempo, era a primeira vez que eu havia passado em frente ao boeiro que por muitas noites, havia me tirado o sono.

Conforme iamos nos afastando do local, lembranças vinham a tona, era quase possível ver George em sua capa amarela correndo por ali, pulando pelas poças d'água, perseguindo um pequeno barquinho de papel. Era uma lembrança carregada de dor, e tristeza, naquele momento me senti péssima, e não conseguia sequer imaginar oque Bill sentia todos os dias, tendo que morar no meio de tantas lembranças.

O grupo parou, todos sairam de suas bicicleta e as encaminharam pra dentro de uma cerca branca e simples, fiz os mesmo, entrei e encostei minha bicicleta junto das outras. Olhei para meus amigos, que já estavam dentro de uma garagem, Bill queria nos mostrar algo, e só podia estar alí dentro.

Meus machucados estavam péssimos, não faziam três dias desde o tombo, e estavam tão doloridos quanto no primeiro dia, me locomover havia se tornado uma atividade difícil. Caminhei devagar até a garagem, mas parei no meio do caminho.

Uma pressão se fazia presente no local, o ar estava pesado, e meus pelos se arrepiavam por inteiro em meu corpo, era uma sensação que eu nunca havia sentido antes, era como se eu pudesse sentir alguém....uma presença, era indentica a sensação de estar sendo perseguida, mas era algo mais nítido.

Sentia como se alguém estivesse me observando, olhei ao meu redor, mas algo me chamou tanta atenção, que me fez desfocar da presença esmagadora. Vi Bill enxugando os olhos, após pegar uma pequena peça de lego na mão. A cena era tão comovente, que senti como se uma navalha estivesse sendo encravada em meu peito.

O garoto mais corajoso e determinado que eu conhecia, estava ali quebrado e vunerável bem diante de meus olhos, não podia ignorar àquilo. Silenciosamente fui até o garoto, e o abracei pela cintura , algo que o pegou de surpresa, pelo geito, o mesmo não sabia que eu estava ali.

Sn: Sabe Big Bill, é bom chorar de vez em quando, as lágrimas não alivia nossa dor, porém elas são a melhor forma de por nossa tristeza pra fora. Se você estiver precisando, saiba que todos estão aqui por você, não precisa passar por tudo isso calado.

O garoto não respondeu, nem ao meu gesto, nem as minhas palavras, decidi me afastar, não estava abalada ou magoada pela falta de tato do rapaz, sabia que cada um tinha um jeito de lidar com a dor, ele só não sabia como se expressar, mas estava tudo bem afinal das contas.

Antes de me afastar totalmente do garoto, senti um leve aperto em minhas costas, ele havia posto uma de suas mãos alí, o olhei fixamente, seus olhos estavam um pouco avermelhados devido ao choro recente, os olhos dele eram lindos, ora verdes ora azuis, sempre me chamaram a atenção, em suma o rapaz era um dos garotos mais bonitos que eu já havia visto, não entendia o porque das garotas o criticarem tanto.

Bill: Você vi-vi-viu como ele fo-foi levado?

Sabia que o garoto estava desesperado atrás de resposta pelo sumiço repentino de seu irmão, mas relatar os acontecimentos não ajudaria ele a superar, ou seguir em frente. Decidi que não iria prolongar a conversa que mal havia começado.

Sn: Olha Bill, eu não quero falar sobre isso... Saber oque aconteceu com ele, não vai te ajudar em nada.

it a coisa: uma nova loserOnde histórias criam vida. Descubra agora