Oito

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Não revisado


Depois de voltarmos para dentro, fui ajudar meu pai a terminar o almoço, que já estava atrasado, resolvemos deixar Bisa na cozinha e ela parecia muito feliz em está ali. 

— Cuidado com a faca Amélia. — ela falava. 

— Todos do mundo — Bisa de segundo em segundos falava meu nome.  Para qualquer coisa, e eu amava quando ela fazia isso.

— Acho que isso foi a falta que ela sentiu.— meu pai fala. 

Dou um sorriso.

— Pai, como ela ficou assim? — pergunto a ele me lembrando da época.— Lembro que do dia para noite. 

— O médico falou que uma pancada na cabeça avançou o Alzheimer. — ele fala olhando para ela, que olhava para lá fora. — Mas ela não tinha sofrido nada.

Estranho. 

— Então a partir daí o estado dela foi se agravando. — ele fala. 

Vou até ela e abaixo na sua frente.

— Bisa, a senhora quer alguma coisa agora? — pergunto, já tem uma horinha boa que ela comeu algo.

— Quero conhecer James e Amélia. — arregalou um poucos os olhos, mas rapidamente voltou ao normal dando uma risada. 

— A senhora vai conhecer.— eu falo alisando seu cabelo.— Eu prometo.
Ela dá um sorriso.

— Será que vai ser o jeito, vamos ter que comprar umas bonecas e nomeá-las com esses nomes? — meu pai fala. — Já tem uns bons anos que ela só fala nesses nomes. 

— Não pai, acho que não é preciso. — fala sorrindo para Bisa. 

— Quando ela fala só Amélia eu sei que é você, mas quando ela fala James e Amélia eu fico confuso, porque sei que essa Amélia não é você.

— É porque só ela sabe pai. — falo apertando de leve sua mão.— E talvez um dia iremos descobrir.

— É porque sinto que não é o meu avô e a minha tia, sinto como se fossem outras pessoas. — Ele fala e se agacha à frente dela. — Quem é vovó? 

A chamo tanto de Bisa que esqueço que meu pai é neto.

— É James e Amélia, para correr na praia. — Ela fala sorrindo. 

As vezes minha vó me lembra a vovó do filme Viva Lá Vida, mas só de imaginar o final eu chorava. 

Me levanto e me viro para o meu pai. 

— Pai, eu não vi o Dylan desde que cheguei? — pergunto. 

Ele se levanta e suspira. 

— Ele está ficando na fazenda filha, ele.....

— Se recusa a vir enquanto eu estiver aqui? — eu soltei uma risada amarga.— Ele não supera né? 

— Filha, só dá um tempo a ele. — meu pai fala e passa a mão em meus cabelos — Algumas coisas ainda não foram superadas. 

— Eu que sei bem.— eu falo magoada. — Não era eu naquele vídeo pai, e não mereci um terço do que passei e ainda passo.

Meu pai me abraça.

— Eu sei filha, eu acredito em você.— só agora né pai? — Com o tempo, os outros também irão. 

Eu não tenho esse tempo.

Fico alguns minutos naquele abraço que tanto senti falta, teve momentos que eu só queria um abraço como esse. 

— Lindo e linda. — Bisa fala e nos afastamos rindo. — Matthew e Amélia, falta James e Amélia. 

Dou outro sorriso. 

Bisa mesmo nessa condição, entende mais que muita gente. 

Agora eu tinha total certeza que ela sabia.

Não se preocupem Bisa, a senhora vai conhecer James e Amélia, eu prometo.
Encaro ela sorrindo, e como se soubesse o que eu estava pensando, ela foca seus olhos em mim, e sorri.

— Eu prometo.— sussurro olhando para ela. — Nem que seja a última coisa que eu faça. 

— Eu acho que nunca vi ela tão feliz América,— meu pai fala, olhando para ela também. 

— Pai..— estou meia incerta se falo ou não.— Eu preciso te contar uma coisa.

— Fala filha — ele me olha sorrindo. 
Até já imagino sua decepção. 

Meu telefone toca, pego ele e na tela informava que a ligação que eu recebi era desconhecida.

Mas eu sabia quem era.

— Pai, eu já volto. — o encaro como um pedido de desculpas. — É urgente! Depois conversamos. 

Subi correndo as escadas com Billy logo atrás e entro no meu quarto trancando a porta. 

— Ali. — falo assim que atendo. 

— Olá Srta Sullivan, você já sabe quem é certo? — falava a voz masculina do outro lado da linha. 

— Sim. 

— Eu consegui descobrir algumas coisas a respeito do que me solicitou. — continua. 

— Alguma coisa certa? — pergunto ansiosa. 

Billy está sentado na minha frente, me encarando.

— Não, porém são coisas bem interessantes. — ele fala e dá uma risada.  — Interessantes como? — pergunto, nesse momento que já roía as unhas. 

— Algumas transferências bancárias, presentes, encontros. — ele fala, e posso escutar o mesmo mexendo em alguns papéis. — Além disso, pouco depois da sua saída da cidade, houve ainda mais encontros. Tudo isso que citei em datas bem interessantes. 

Meu coração batia descontrolado.

— Alguma coisa incriminadora? — pergunto.

Billy late, faço sinal de silêncio para ele.

— Para a polícia não, mas para você já é uma luz no escuro. — ele fala, não me importava polícia, eu só queria provar para mim mesma a injustiça que cometeram. — Estarei encaminhando tudo no seu e-mail. E estou atrás de uma nova pista.

— Certo, muito obrigada. — falo. — Qualquer novidade você me fala.  — No mesmo segundo.— ele fala — É um prazer fazer negócios.
  E desliga. 

Quando Hillary, minha melhor amiga, me indicou ele, não tinha muita esperança, mas agora ela reacendeu no meu peito. 

Reacendeu como nunca. 

Vou em direção a mala para pegar meu notebook e abrir meu e-mail, mas escuto o chamado do meu pai lá embaixo. 

Isso pode esperar um pouco. 

Volto para a cozinha. 

— Vem almoçar filha. — ele fala assim que entro, a mesa já estava arrumada e ela estava sentado nela com a Bisa. — O que ia me contar?

— Deixa para outra hora — resolvi aproveitar esse momento, e para completar Justin e Cole entram lá porta se juntando a nós, e logo atrás vovô Ben.
 
— Tem certeza? — ele pergunta. 

— Sim, não era tão importante. — minto.

Os gêmeos chegam fazendo baderna. 

Billy late animado. 

Eu me sentia muito feliz, metade das pessoas que eu amava estavam aqui.

Faltava só a outra metade.

@autoramarisaints

O Delegado Em Seu CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora