A ESTRELA

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Tóquio, Japão.
03 de fevereiro de 2060.
20:17

O punho acertou meu rosto com tanta força que senti tontura, em seguida meus joelhos falharam e eu caí no chão. Levei a mão ao nariz e vi sangue na minha palma.

Olhei pro homem na minha frente, tinha o bigode estilo handlebar, os dentes amarelados e alguns encapados com ouro. Vestia um capuz, tinha um lenço amarrado em sua calça e vários anéis em seus dedos. Parecia um cigano. O homem riu e deu um passo à frente ficando em posição de ataque.

— É só isso que sabe fazer, mustache? — debochei do seu nome de usuário.

— Não sei se está preparado pra ver o restante.

Me levantei com rapidez e me preparei pra esquivar dos seus ataques. Ele era mais velho e mais forte que eu, mas não era mais rápido. Por mais que minha vida estivesse esgotando, ainda tinha chances contra ele. Jamais ia recuar.

O adversário avançou novamente e, dessa vez, tentou atingir meu abdômen, mas esquivei e chutei o meio das suas pernas fazendo ele gemer de dor. Quando vi ele se contorcendo, deixei uma risada escapar e o homem ergueu o rosto pra olhar pra mim. Achei que teria deixado ele bravo o suficiente pra que tentasse me atacar de novo, mas ao contrário disso, ele riu.

— Você continua bom nisso — disse entre risos — Senti falta de lutar com você.

— Que porra você tá falando? — franzi o cenho. O sinal para o descanso ecoou.

— Você parece o mesmo de antes — respondeu sorrindo.

— Maluco! — xinguei — Eu nunca vi você. Deve estar chapado, não está?

Quando outro round iniciou, decidi não esperar pela sua resposta. Avancei na direção dele e agarrei seu tronco, o empurrando para o chão. Em seguida, sentei em cima do seu corpo e desferi socos em seu rosto enquanto ele tentava se proteger com os braços. Ouvi os sinais indicando que minha pontuação havia aumentado, e a vida de mustache diminuído.

— Não vou pegar leve com você — disse entre os dentes e coloquei minhas mãos em volta do seu pescoço — Devia desistir logo.

Seu rosto foi ficando roxo conforme eu colocava mais força no meu aperto, de repente ouvi o sinal pro descanso até o próximo round, e fui obrigado a me afastar dele.

Mustache se levantou, tossiu algumas vezes até recuperar a respiração e olhou pra mim.

— Não me importo com o jogo.

— Então por que decidiu entrar na aposta?

— Só queria poder passar um tempo com você.

Que cara idiota. Eu não o conheço, tenho certeza que nunca o vi em toda a minha vida, e agora além de achar que ele é maluco, suspeito que ele está tirando uma com a minha cara.

Contive a raiva até o sinal pro último round tocar. Agora que estou irritado, a possibilidade de perder a grana pra esse otário é inexistente. Me aproximei rapidamente dele e soquei seu queixo, levando uma joelhada no abdômen em troca.

— Você é louco! — gritei. A dor no meu abdômen era intensa, mas podia suportar.

— Eu sei — gargalhou — As memórias nos levam ao delírio. Você saberá disso também.

Estava prestes a avançar de novo, querendo esmurrá-lo até que seus parafusos voltassem pro lugar certo. Antes que pudesse me satisfazer com isso, o sinal encerrou o último round e a voz robótica anunciou minha vitória.

Revenger01 é o vencedor.

A simulação foi encerrada e abri os olhos, podendo sentir meu próprio corpo de novo, sem dor ou ferimento algum. Ainda estava sentado na cadeira do cassino, cercado por várias pessoas que assistiam o jogo pelo telão e que, agora, me parabenizam.

- 𝙋𝙍𝙊𝙁𝘼𝙉𝙊𝙎: 𝘾𝙞𝙙𝙖𝙙𝙚 𝙑𝙚𝙧𝙢𝙚𝙡𝙝𝙖;  (𝑚𝑖𝑛𝑠𝑢𝑛𝑔)Onde histórias criam vida. Descubra agora