Will não consegue se lembrar de uma época em que não era Wehem.
Ele era uma criança, é claro, uma criança estranha que nunca se sentiu em casa no mundo. Os pesadelos não ajudaram, as pessoas o seguravam e o sufocavam com algo que cheirava a morte.
Os gritos que ecoavam de volta para ele nunca eram seus, implorando em linguagem que ele não entendia até ficar muito mais velho.
'Me mata'
'Deixa ele viver'
Will nunca viu a pessoa implorando, mas sentiu que o conhecia mais do que a si mesmo, mesmo quando era muito jovem para saber muito de qualquer coisa.
Foi no ensino médio que ele foi apresentado pela primeira vez a quem essa pessoa poderia ser.
Hanbal o primeiro, o único de seu nome.
Ele soube instantaneamente que tinha que ser ele, que seus pesadelos não eram apenas medos infantis. Will tinha sido Wehem uma vez, séculos atrás, e ele precisava libertar Hanbal da prisão de dor em que o mantiveram por tanto tempo.
Mas ninguém sabia onde os monstros que os mataram esconderam os corpos.
Isso foi, até que o Dr. Frederick Chilton veio ver Will em seu escritório.
Will tinha trinta e dois anos na época, um historiador cuja especialidade era centrada em múmias, mas seu fascínio por Hanbal era conhecido o suficiente para que o museu em que trabalhava o considerasse estranho.
No dia em que Chilton entrou em seu escritório e lhe entregou o artefato, ele sentiu como se o mundo tivesse congelado.
Era isso.
"O que é isso?" ele perguntou, embora soubesse muito bem o que tinha nas mãos.
A forma era a de uma criatura com chifres, mas com mãos de homem em vez de cascos. Ele esfregou a mão na borda de seu pescoço e sentiu uma faísca passar por ele.
O Weeping Wendigo.
Chilton riu como se tivesse contado a piada mais absurda.
"Você afirma ser um historiador de Hanbal e nunca ouviu falar do Weeping Wendigo? Não brinque comigo, Dr. Graham. Eu sei que você está muito ciente do significado do que está segurando.
Will sorriu.
"Foi um presente", disse ele, ajeitando os óculos no nariz, "entre dois amantes".
"Sim."
"Como você encontrou isso?"
"Você conhece a história, você me conta."
Will olhou para ele.
"Não gosto de perder meu tempo, senhor Chilton. Se isso é algum tipo de golpe..."
Chilton bateu com as mãos na mesa de Will.
"Diz a lenda que o Faraó Serq e toda a sua família foram massacrados por seu próprio povo uma noite, dilacerados em seus exuberantes aposentos dourados em uma revolta que foi predita para trazer uma nova utopia. Todos os assassinos pensaram que haviam limpado a linha de sucessão do faraó, mas descobriu-se que seu filho mais velho, Hanbal, sobreviveu. Hanbal voltou anos depois e matou aqueles que assumiram o controle com as próprias mãos, abriu sua carne com uma mordida e se banqueteou como um animal.
Houve relatos de que ele se transformou em um monstro com chifres, chifres brotados e dentes irregulares, mas a maioria diz que é apenas uma lenda. Embora eles tenham feito artifícios como o que está em suas mãos para honrá-lo.
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The Mummy
FanfictionA vida inteira do Dr. Will Graham foi repleta de pesadelos. Ele leva muito tempo para perceber exatamente o que são os pesadelos: memórias. Essas memórias de pesadelo só podem pertencer a uma pessoa: Wehem, consorte do rei Hanbal que se sacrificou p...