Ato II: A carta dos amantes

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⚠️TW: Esse capítulo tem menções a temas sensíveis que podem causar desconforto ou gatilho. Se você tem algum gatilho, recomendo outra leitura. Aviso dado, prossiga por conta e risco.

~★Rey

(24 de julho de 2011. Rye, Sussex, Reino Unido. 06:27 a.m)

Knock. Knock. Knock. Knock.
25 chamadas perdidas. Bom, 26 com a que agora estava sendo efetuada e Elliot Kings não via; agora estava dormindo da maneira que não o fazia há dias, um sono pesado e tranquilo que não vinha há muito tempo.

Batidas violentas na porta de madeira antiga continuavam de forma persistente. Tais barulhos eram altos o suficiente para tirar o jovem Elliot do calor aconchegante de seu sono de (quase?) morte enroladinho e jogado no edredom do sofá. Não estava tão confortável antes quando ele dormiu.

O rapaz acordou com uma dor de cabeça horrível e um zumbido infernal nos ouvidos. Usava apenas uma cueca samba canção preta com estampa de girassóis e nada mais. Antes mesmo de tentar levantar, por algum motivo observou a tatuagem que lhe cobria toda a coxa esquerda talvez procurando ânimos para acordar de vez. O desenho era composto de duas caveiras segurando as mãos com coroas de flores com um fundo azul claro; era a carta "Os Amantes" do baralho de tarot. Ainda na cama, Elliot coçou seus cabelos louros gigantescos que sem seu esmero de poucos dias atrás, parecia um ninho de pássaros. Coçou a pele tatuada logo em seguida com as unhas roídas.

As batidas na porta da frente haviam ficado piores e mais irritadiças.

- Eu já estou indo! - gritou com falta de educação.

Elliot saiu da cama improvisada como estava, usando somente a cueca e encontrou uma camiseta regata jogada por acaso no chão; a vestiu com preguiça. O garoto estava cansado e não dormira quase nada durante dois dias: ao fechar os olhos, Elliot via um par de olhos verdes vivos como esmeraldas o encarando. E Elliot ainda não estava pronto para pensar naqueles olhos verdes vivos. Demoradamente, prendeu os cabelos em um coque frouxo e abriu a porta com um rangido da fechadura. Como absolutamente tudo naquela casa era velho, rangidos assim eram comuns até mesmo na geladeira.

- Você sabe quantas ligações minhas você perdeu? - foi o que ouviu antes que alguém o tomara pelos ombros e o sacudira.

Era um homem bastante imponente que lhe lhe havia chamado à porta; era aparentemente jovem, usava um casaco sobretudo aberto e um suéter de lã bege, jeans e botas. Entrou como um furacão no apartamento e agarrou Elliot pelos braços, o sacudindo com veemência. No entanto, o recém acordado Elliot encarava os olhos de tonalidades diferentes desse rosto conhecido bem atônito por ele saber exatamente onde estava sem que Elliot o tivesse mencionado nada sobre seu paradeiro.

- F-Foi mal. Eu só tava dormindo.

Aquele homem suspirou. Girou os olhos e o puxou para um abraço forte de alívio, grunhindo de maneira bruta e o apertando contra seu corpo.

- Garoto, isso que você fez foi muito, muito burro - ronronou quando se separou dele - mas... Você é um dos Kings. Fazer cagada tá no seu sangue.

Elliot deixou escapar um riso nervoso. Felxionou os braços para mostrar os poucos músculos que tinha, tentando disfarçar a decepção no rosto.
- Qual é, Cassidy. Você ainda subestima essa máquina absurda de músculos e ideias ruins? - brincou.

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