cursed 🌹 blessed 🌙

I felt it

O som das espadas a bater uma na outra ecoava pelo grande salão. O mais novo era imparável e tinha uma postura concentrada e séria. Era só um treinamento, mas ele havia sido ensinado de que, independentemente disso, deveria lutar como se lutasse pela sua vida.

O príncipe manuseava a arma com maestria, o seu oponente tinha muita experiência e não queria poupar esforços, nunca perdera e não era agora que isso ia acontecer. Não podia facilitar, não quando queria que o seu filho fosse o melhor dos melhores, mesmo que isso significasse ultrupassá-lo.

Em torno da dupla que duelava os soldados observavam atentos. Era incrível observar dois espadachins tão experientes e feverosos.

- Jungkook, não te acanhes! Estou aqui para te matar, lembra-te.

O jovem apenas assentiu avançando contra o seu oponente, que prontamente defendeu o ataque insistente.

- O príncipe está muito tenso, deste jeito não vai conseguir ganhar. - murmurou um dos soldados, que olhava fascinado para a cena que se desenvolvia bem na sua frente.

De facto era verdade, Jeon Jungkook estava tenso. Já estava habituado a duelar com o seu pai, perdendo sempre, mas nunca tão facilmente como estava perdendo hoje. A noite mal dormida talvez explicasse o seu baixo desempenho, ou talvez fosse a sua mente que sempre percorria para o pesadelo que tivera. De qualquer das formas, a noite passada suportaria as culpas da perda daquele duelo.

- O que se passa? - gritou o rei. - Ataca-me a sério!

Mas ele não conseguia, a sua visão estava a ficar turva e na sua mente uma voz gritava.

"Encontra-o!"

- Merda! - praguejou alto assim que o seu pai o derrubou no chão e encostou a espada bem no seu pescoço.

- Olha a língua! - o jovem apenas assentiu fazendo uma vênia em respeito ao rei. - O que se passa contigo hoje?

O mais novo suspirou alto sentando-se, olhou em volta e percebeu que os soldados o olhavam. Um em particular se destacava, Jung Hoseok. O seu sorriso trazia conforto, era como se ele soubesse que algo o atormentava. Sorriu de volta, levemente, como se agradecesse a preocupação alheia.

Desviou o olhar para o seu pai, que prontamente dispensou a guarda real para que pudesse falar com o seu filho.

- Leste a minha correspondência? - o regente questiona observando o outro levantar-se.

- Não, appa. - negou. - Não sei o que recebeu, mas... não é esse o problema.

O mais velho franziu o cenho e observou a feição do príncipe.

- Então qual é?

- Esta noite, eu não dormi muito bem. Tive um pesadelo, algo estranho que não consigo decifrar o que é.

- Compreendo. O que viste?

- Não vi, estava no vazio, só sentia. - o olhar desviou para o chão, o corpo tremeu levemente com as lembranças. - Eu sentia dor, muita dor. Queria gritar, fugir, mas o meu corpo estava paralisado. O meu peito apertava, a morte, não a vi, mas senti como se tudo à minha volta estivesse sem vida. Senti-me sozinho e depois...