17 - PAGAR PRA VER

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Notas iniciais: infelizmente pela lore, esse capítulo tem algumas menções a sexo, nada muito explícito mas tem.
THIAGO FRITZ POV

Eram cinco da manhã quando eu senti um corpo menor que o meu me envolver em um abraço, tive certeza de quem era só pelas mãos magras e geladas e o jeito folgado de colocar suas pernas em cima de mim, eu liguei o telefone que indicava 5:34 bem brilhante em sua tela, me virei para Amélia com cuidado e seus olhos meio esverdeados me encaravam meio decepcionados, não sabia o que tinha acontecido, mas o cheiro de álcool e o rosto vermelho trouxeram Kaiser na minha mente. Foi quase automático que os olhinhos dela se encherem de lágrimas e ela enfiou a cabeça no meu pescoço.

— Vai me contar o que aconteceu pequena? — ela nega com a cabeça e eu a abraço, no geral todos nós parecemos adolescentes quando estamos apaixonados, todos nós ficamos à beira da loucura quando nosso coração palpita mais forte por alguém, eu sabia como era se apaixonar por alguém como Kaiser. Algumas vezes ele e Liz pareciam compartilhar o mesmo pensamento, eram impulsivos, loucos, grosseiros e egocêntricos, Kaiser se metia em qualquer briga por Amélia, socava qualquer pessoa que a machucasse até que ele a machucou, então ele se frustrou e passou a se odiar.
Eu certamente não sou psicólogo, mas desde que eles brigaram eu nunca mais vi ele enlouquecer por mais ninguém, assim como eu — Vocês são novos de mais, tem muito tempo ainda...— ela suspira antes de levantar a cabeça pra me encarar

— você não pode falar da gente como se o seu estivesse perdido! — reviro os olhos mas mantenho contato visual — vai me dizer que é apaixonado em Clarissa? Vai me dizer que aquelas músicas são pra ela, que aquele anel era pra ela e que aquela viajem de volta pra carpazinha quando nada estava dando certo era pra vê-la? — ela ri — Eu e o Kaiser não temos nada a ver com vocês dois se quiser saber. Eu amei ele, ele não. — ela vira para o lado oposto ao meu, e eu não consigo esconder o sorriso de que ela está completamente certa ao meu respeito e completamente errada falando de Kaiser.

Envolvo minha irmã mais nova em um abraço e garanto que ela dorme nos próximos dez minutos, assim, finalmente fecho meus olhos e decido e dormir. A realidade é que eu vacilei com muita gente, mas não pretendo fazer isso com Amélia de novo, eu vacilei quando era mais novo e popular, vacilei quando meu pai dizia que ela deveria ser como eu, não que eu não brigasse com ele depois, mas vacilava porque esquecia no dia seguinte e ela não, vacilei quando ela sofreu bullying, quando o namorado dela traiu ela porque ela era assexual. Eu vacilei em muitas coisas quando era mais novo, e hoje em dia quero que ela nunca passe por aquele pesadelo de novo.

ERIN POV

Dormir na casa dos Fritz não é novidade, mas acordar dez da manhã após uma manhã em claro tentando consolar meu melhor amigo é algo novo pra caralho.
Sou acordada pela campainha de casa de rico tocando pela segunda vez, me pergunto seriamente, quem é o infeliz dos nossos amigos que esqueceu da chave reserva no chão falso, mas, não quero que Kaiser acorde então me proponho — porque não tenho outra escolha — em levantar e atender a porta.
Caminho em passos lentos até la, e coloco a mão na maçaneta antes da campainha tocar de novo

— Que caralho eu to abrin...— me interrompo quando vejo a figura loira na minha frente, o que diabos Clarissa Veríssimo acha que está fazendo dez da manhã? Ela revira os olhos quando me vê, eu e essa diaba a minha frente, nunca simpatizamos uma com a outra, na verdade, sempre a odiei e fui responsável pelo seu sumiço de uma semana quando estudávamos juntas — Não sabia que demónios acordavam tão cedo —

— Certo Erin, o que você está fazendo na casa do meu namorado? — dou uma risada sincera antes de empurra-lá um pouco pra trás e fechar a porta atrás de mim

— quer mesmo que eu te lembre que seu namorado é meu primo e que ele está puto por você ter quebrado o coração da irmãzinha dele a uns anos atrás? — ela da de ombros com uma expressão despreocupada — você é tão cara de pau! —

— bom Erin, eu vou te falar isso pela primeira e última vez, se você não quer que sua amiga Amélia sofra consequências graves, você vai me deixar entrar por aquela porta, você vai me ajudar a convencer Thiago de que eu sou uma namorada perfeita e que eu mudei e você não vai destruir minha oportunidade de ser uma cantora famosa como destruiu minha oportunidade de ganhar o baile naquele ano — arqueio as sobrancelhas e ela sorri — você não quer duvidar de mim e do meu potencial de acabar com a vida de Amélia Fritz e nem muito menos a de Thiago, então, temos um trato Parker? — ela me estende a mão e eu nego com a cabeça

— eu não vou te impedir de passar por aquela porta, mas jogue seu joguinho sujo sozinha Clarissa! — eu me abaixo sem tirar os olhos dela, levanto uma madeira solta e pego a chave reserva, mentalizo que tenho que a trocar de lugar, e então destranco a porta e vou em direção a sala sem olhar para trás, seja lá o que Clarissa tenha em mente, eu não quero pagar pra ver.

THIAGO POV🔞

Sinto uma luz invadir o quarto e penso que morri dormindo e que aquela era minha entrada para o paraíso, mas então, avisto Clarissa parada na minha porta com um sorriso inocente nos lábios e um buquê de margarida em mãos — são minhas flores favoritas — olho para o lado e vejo Amélia ainda dormindo e então me levanto rapidamente, pego Clarissa pelo braço e a afasto daquele ambiente fechando a porta atrás de mim.

— o que você quer? — cruzo os braços meio puto com a audácia dela de vir aqui em ser chamada, ela me encara com os olhos de cachorrinho pidão e me estende as flores — eu não pedi as flores, perguntei o que você está fazendo aqui — ela suspira e da uns passinhos à frente

— Eu vim te pedir desculpa, te pedir para voltar pra mim, por favor Thiago eu...eu — ela abaixa o rosto numa tentativa horrível de me convencer que se arrepende — Eu te amo Thiago —

— e eu amo minha irmã Clarissa! — ela confirma com a cabeça

— eu sei que errei, de verdade, sei que machuquei ela e que ela lida com isso até hoje, mas eu estou arrependida Thi, estou arrependida de verdade! - ela dá mais alguns passinhos em minha direção e coloca uma mão livre sob meu peitoral coberto pelo pijama — vai dizer que não sente minha falta? E que não está com saudades da gente — sua mão tenciona descer mas eu a seguro

— não vai funcionar Clarissa, eu preciso de um tempo e a Amy também eu...— ela continua descendo a mão, e eu me odeio por querer descontar minhas frustrações em coisas do tipo, a carta, ela ali na minha frente...— Clarissa...— sua mão para por um instante e ela caminha sozinha em direção ao quarto de hóspedes e eu acabo a perseguindo, fecho a porta atrás de mim e suspiro fundo antes de agarra la pela cintura e começar um beijo desesperado — eu odeio você! — murmuro antes de começar a depositar beijos em sua clavícula

— Ah...como eu amo você —

Então as flores são jogadas no chão com brutalidade, e enquanto ela contém os gemidos, as súplicas, enquanto tudo acontece, e eu estou vidrado em prazer. Me sinto um babaca. Não só porque nem sequer pensei na minha irmã antes de entrar nesse quarto, mas também porque queria que fosse Elizabeth ali, ah como eu queria que fosse ela ali.









Notas finais:
Isso é vergonhoso

𝑛𝑒𝑣𝑒𝑟 𝑛𝑜𝑡 - 𝑙𝑖𝑧𝑎𝑔𝑜¡Onde histórias criam vida. Descubra agora