Capítulo 1

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Mária

Deitada a olhar o teto, ouviu um barulho que provinha do andar de baixo. Remexeu-se e removeu um lado do fone de ouvido para ter certeza se o som era real ou ilusório. Ponderou alguns segundos e as batucadas dá qual rezava internamente que fossem imaginárias, voltaram a soar. Levantou-se da cama com cautela, e dirigiu-se a janela para tentar ver quem era, porém por conta do teto da varanda que obstruia a visão não pôde ver quem estava a porta. O coração quase lhe saia pela boca, e cada vez que o som se reproduzia mais apreensiva ficava.

"Devo descer e atender?"

Era uma questão de escolha, mas dado ao facto de que sua mudança tinha ocorrido em sigilo, deduzia não ser boa ideia pois quem quer que fosse, não seria ninguém além de um estranho.

Uma parte de si repassava acontecimentos dos dias da mudança, sob a ideia de achar algum iten que tenha passado despercebido ao ponto de não ter notado que alguém a seguia, outra parte de si chamava pela simples ideia de ser um vizinho desejoso de lhe dar as boas vindas. Deu dois passos para trás em posição de ataque, sem saber ao certo o que estava a fazer, virou-se para a porta do quarto, analisou-a por míseros segundos e então voltou a janela, desta vez puxou a cortina cautelosamente para a fechar, mas travou no minuto em que os ferros que se agarravam ao suporte, começaram a ranger.

"Má ideia Mari, apenas fique quieta e espere ele ir embora."

Disse para si, enquanto puxava o ar vagarosamente para se acalmar.

Ao longe, as nuvens se formavam dando a impressão de que o frio se aproximava com chuva, na escuridão da noite com algumas luzes dos postes a vista, era possível ver a rua e algumas casas, e foi exatamente nesse ponto de visão que ela notou o carro vermelho estacionado ao pé da sua nova casa.

"Wow, aquilo é um camaro?"

Semiserou os olhos parecendo um pouco confusa.

Pelo seu conhecimento leve sobre carros, sabia que aquilo que estava estacionado ali era com certeza um camaro, já tinha visto alguns e por acaso também já tinha pilotado um.

Quando os minutos pareciam ter se tornando uma eternidade, viu finalmente o ser que se atrevia a bater na sua porta sair da varanda e se dirigir a entrada, e ela com medo de ser vista na janela, escondeu-se entre as cortinas sem deixar de espionar e pelos cabelos enrolados e curtos dele, tinha a impressão certa de nunca o ter visto na vida.

Com o medo a flor da pele e uma ansiedade que deixava seus lábios secos, continuou ali especada a espera do homem entrar no carro e dar partida, mas para a sua surpresa ele se virou olhando diretamente para a janela onde estava, ao que instintivamente abaixou com o coração a tamburilar em mil tons desconhecidos, e no auge do seu quase infarte um zumbido de carro a levou ao parcial alívio, mas não se moveu, apenas esperou e só se levantou quando o som rouco da máquina se fez distante.

Mas a dúvida e o arrependimento vieram de soslaio, como uma dor incómoda no peito, o que lhe fez pensar que talvez devia ter atendido o homem do carro luxuoso. E entre o certo e o errado, a dúvida e o medo, sua mente deu cambalhotas e visitou o passado, onde seu ex namorado teria pela primeira alçado a voz para ela e depois agido de forma doce como se nada tivesse acontecido. O flashback foi tão curto que pareceu ter sido uma visão aonde ela retornara atordoada e com mais medo que antes.

" Calma Mari, é só uma lembrança."

Com a respiração alta e ofegante, se jogou na cama e se enrolou entre os lençóis, soluços de um choro incontrolável vieram, e do nada ela buscava se consolar e chorar ao mesmo tempo.

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⏰ Última atualização: May 10 ⏰

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