" Uma última noite"

365 22 62
                                    

Ela sabia que isso seria mergulhar em um balde de água fria.

A qualquer momento poderiam ser flagrados, o andar de baixo cheio de pessoas comemorando a felicidade do casal e sendo que um deles estava aqui dividindo o quarto com sua ex.

A música alta ecoava por toda casa, mas soava abafada no quarto de Amélie, a música sendo aqueles malditos remix que Amélie era viciada.

Bárbara estava deitada olhando para o teto, as mãos sobre sua barriga escondendo sua inquietação. Amélie está ao seu lado de bruços a olhando com admiração.

— Meus parabéns, eu acho! — Bárbara disse sem desviar o olhar do teto, sendo um pouco imatura.

— Muito obrigada, eu realmente estou feliz com isso. — Um sorriso cobria o rosto da mais velha.

— Posso lhe perguntar? — Bárbara perguntou baixinho, quase soando incerta.

Pela primeira vez na noite ela encarou os olhos castanhos escuros que ainda a olhavam com admiração. Isso a fez relembrar o passado.

Assentiu com a cabeça rapidamente, enquanto brincava com um dos cachos dourados da menina.

— Quando terminamos você se relacionou com ela? Havia sentimentos por ela quando você me amava? 

Bárbara era madura o suficiente para essa conversa, já havia superado o término, aliás já tinha se passado quatro anos. 

Apesar da superação, ela ainda tinha suas dúvidas, não inseguranças, apenas dúvidas.

— Oh mon trésor! Eu a achava bela, mas não tinha sentimentos por ela — A sinceridade era familiar e isso foi o suficiente para Bárbara ter confiança. — Eu me relacionei com Helena quatro meses depois do nosso término, quando terminamos corri para ela em busca de consolo e não de um relacionamento.

— Eu fui uma completa idiota enciumada! Nosso relacionamento não deu certo por conta disso.

— Não, ma fleur! Nosso relacionamento não deu certo porque não era momento. — Trançava os cabelos dourados. — Faltava comunicação e confiança.

— E você e ela tem isso? Confiança? — Se virou para Amélie encarando o anel de compromisso, a enorme pérola em seu anelar.

Amélie riu da curiosidade de Bárbara, um traço velho e um tanto familiar. Era bom saber que velhos hábitos não morriam.

— Claro, achamos que a confiança é a base de nosso relacionamento. Sem confiança não há relação, é o essencial. 

— Você está certa! — Soltou uma lufada de ar pelo nariz. 

— Temos um relacionamento aberto, se ela se sente atraída por um outro alguém conversamos e ela tem meu consentimento para tentar algo. Assim como eu tenho o dela. 

— O nível de maturidade de vocês é tão superior que me intimida. 

— Oh ma poupée! Apenas a confiança nos ajuda.

— Você queria algo assim? Sabe quando namorávamos. — Piscou os olhos cor de mel rapidamente.

— Honestamente, talvez. Naquela época não pensava nisso, eu a via pela aparência e sem sentimentos, mas talvez isso pudesse ter sido uma boa para nós.

Amélie foi sincera tirando uma mecha que caia sob o rosto sardento de Bárbara, e beijando o topo de sua cabeça.

— O que ela acha de mim? Ela deve me odiar, não? — A voz falhou.

Amélie gargalhou vendo a reação de Bárbara se levantando e se sentando na beirada da cama.

— Garotinha Tola! Você acha que ela teria lhe convidado para nossa festa de noivado se não se sentisse à vontade com você? 

Três bocas....Onde histórias criam vida. Descubra agora