Samba, Jesus, Héteros e muito sono (21/02)

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          Quem poderia ser tão displicente para escrever um texto, que vai ser publicado amanhã, às 03:45 do dia anterior? Não precisa responder. Mas, bom, eu tô aqui. Não vou deixar a peteca cair tão cedo! Provavelmente esse texto vai sair péssimo. Não sei se o outro já foi, mas se não, esse será, e se já foi, esse seguirá a sequência e caminhemos. Vou continuar com minha palavra de não alterar nenhuma parte do texto original, excetuando erros de português. Ninguém merece desvendar hieróglifos!

          Das coisas que pensei em escrever, acho que a melhor seja o porquê de eu estar na situação de agora. Aliás, é normal sentir a cabeça fluir feito uma cachoeira? Carnaval. Call no Discord para ver o desfile. Eu, K e o Cearense. No total vimos 4 escolas: Tuiuti, Portela, Vila Isabel e não lembro. Tuiuti estava ok. Essa não é a melhor das críticas, mas é o que posso fazer. Até porque durante boa parte do desfile eu tava tentando comprar um HQ hot yaoi de 10 dólares de uma artista que acompanho. Não pergunte. Estou com sono. Passamos para Portela. Não consegui comprar a HQ, infelizmente. Entrou meu mano Salsicha, Vila Isabel fanático, e logo vimos o desfile da Portela. Os drones luziam o centenário nome da escola; a Águia imponente ostentava o ouro cultural da Portela; os carros todos muito enfeitados a fim de... eles bateram. Duas vezes. Mas isso não é de fato muito significante. Tão logo a ineficiência foi coberta. Não deixando que isso estragasse a festa, e sim outra ineficiência: valões. Dois valões. É difícil escrever valões. Depois surgiu o tempo. Na real, a falta dele. Espero que a Portela tenha seguro. Não só para os veículos, também de vida. Não muito aos atropelados (não teve nenhum, ainda bem), mas aos cadáveres fuzilados que "surgirão" depois que ela for rebaixada.

          Já que a Portela estava fazendo merda, resolvi contar para o Cearense as merdas que tinham acontecido. Eu e K tínhamos sido convidados para ir num bloco (se falar bloquinho, toma soco no Rio. Ou tiro) de dubladores num parque próximo a casa do Salsicha. Cortando o enrole, fomos. Até o momento que lembro, eu estava com meu chapéu de pagodeiro da Chevrolet procurando Jesus com o K. Durante a peregrinação até o tal do Jesus, dava pra ver o estilo do bloco. Algo bem família — tirando o fato de existir no mesmo ambiente Jesus e o Goku do sexo —, descontraído e nostálgico. Havia inúmeras referências a desenhos antigos da Cartoon Network e alguns dubladores, que curtiam a festa conosco. Enfim, achei o Jesus. Perguntei quando saía o próximo Best-Seller dele, contei do meu amigo evangélico que foi para Brasília e o K tirou uma foto de recordação da gente. Após isso, acompanhamos o Salsicha na jornada para encontrar cada dublador, roteirista, estagiário, etc. do RPG Desconjuração. Sim, ele encontrou. Sim, não conheço ninguém. Sim, tirei foto com o Goku do sexo, com o Denji e a Power de Chainsaw man, a Marceline de Hora de Aventura (obs: ela tinha largado a Jujuba pra ficar com o primo dela) e uma garota fantasiada de Duolingo. Essa, em especial, eu me aproximei para falar, exclusivamente, que ela tinha sequestrado minha família por eu ter esquecido minha lição de espanhol. O Salsicha narraria essa cena mais tarde falando que eu teria olhado para ele, apontando para o nada, pronunciando "Olha o Duo lá" e depois desaparecido. De qualquer maneira, sendo verdade ou não, batemos um papo com a garota, que estava acompanhado por mais duas outras e dois garotos, até que um deles virou para nós três e perguntou: "Rapaziada, não querendo ser estranho nem nada, mas geral é hétero aqui, né? É porque um amigo meu queria pegar um de vocês." Ouvimos isso, e a coisa mais importante que o K podia pensar depois foi "Carai, olhas as olheiras desse moleque". Te adoro, K.

          Foi só depois de sairmos do bloco que compreendi o que tinha acontecido. A garota Duolingo — que eu estava meio interessado — estava ficando, ou namorando, a menina Skoob (sim, o aplicativo de livro) que a acompanhava. Por sua vez, o cara que fez a pergunta Shakespeariana a nós saia aos beijos com uma garota, que provavelmente tem um Iphone 13 pro max em cada bolso do short "desgastado" dela. Havia sobrado, então, o amigo gay. E mano, ele tinha estilo. Definido, Black Power, frufru rosa e All-Star branco. Eu com certeza pegaria esse cara. Infelizmente, como fui condenado a ser da espécie mais desevoluida sexualmente de toda a humanidade — os héteros — não pude aproveitar a chance.

          Vila Isabel. O que falar? São Jorge soltando vape, calhambeque descendo rampa e um samba enredo que não gruda. Bem-vindos a Vila Isabel. Desculpa por esse resumo. Já são 04:44 da manhã e eu perdi muito tempo falando que eu sou hetero.

          A Vila Isabel acabou. O Salsicha sofreu de um orgasmo espontâneo devido a apresentação. E eu e o K viramos xenófobos com nordestinos, os meus amigos paulistas que entraram foram xenófobos com cariocas, claro. E o Cearense comentou que sua cabeça era grande, em cima e embaixo. Eu adoro o Ceará.

          Gastado o preconceito, gradativamente o grupo diminui. Sobrando eu, o K e o Cearense 2. O K desmaiou de sono; o Cearense 2 vaga pelo mundo nesse momento; e para mim restou conversar com você, Diário. Obrigado por me ouvir.

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