Tempo, tão precioso e ao mesmo tempo tão subestimado. Vivemos em uma sociedade que tem como sua base, o dinheiro. Trocamos nossa presença em sua plenitude por dinheiro. Trocamos nosso precioso tempo por algo físico. Material. Aqueles que sabem mais, detém mais conhecimento, ganham mais, pois seu tempo é mais valioso.
Dinheiro - Nos permite sobreviver. Na verdade, depender de dinheiro para sobreviver é uma escolha. Uma escolha que você, como indivíduo faz para conviver em sociedade. É uma escolha feita e imposta pela sociedade. Nossa tribo.
Nossa sociedade basea-se tanto em dinheiro que se uma economia declina, pessoas passam fome enquanto alimentos são jogados no lixo.
O dinheiro te permite ser ou aparentar ser melhor do que outrem. Um carro melhor. Uma casa maior. Dinheiro te possibilita obter coisas. Te permite buscar uma solução para o vazio.
Mesmo tendo tanto valor... o tempo não é valorizado como deveria. Ele nos define como indivíduos. Somos o que fazemos, literalmente. O tempo não para, e nem o nosso ser. Como podemos ser vistos como indivíduos quando estamos todos conectados. Mesmo tendo tanto valor... o tempo é trocado por entretenimento barato. Vendemos nossa atenção, nosso tempo pode vídeos de gatinho na internet.Assim como a fala pode ser representada como uma forma de energia, pode também a presença de um outro ser. Viver em sociedade faz com que nós tenhamos influência direta daqueles que nos rodeiam. Seus trejeitos, manias e até mesmo erros são facilmente repetidos por aqueles que os notam. Com isso, viver em sociedade é quase como uma armadilha aquele que não quer repetir os erros. Viver em sociedade é um facilitador para que o indivíduo se perca.
São Paulo. Selva de pedra. Cidade fria. Lugar que você anda pelas ruas e passa do lado de uma ou duas centenas de pessoas no caminho para o seu trabalho e não fala ou troca energia com nenhuma delas. Você trabalha até as 18h de uma sexta. Primeira sexta feira do mês. Você acabou de receber seu salário e sabe que tem um valor que você pode dedicar ao seu dia favorito da semana. Você decide então ir até um bar com duas ou três pessoas do serviço. Lá você não queria, mas acaba cedendo e bebendo mais do que as 2 garrafas de cerveja que havia estabelecido como limite. Você olha no relógio e de repente já são 22h. Seus amigos o chamam pra um after do bar na casa de um deles. Você não quer, está cansado, tem compromisso cedo no sábado. Mas os seus colegas insistem e você decide ir.
Do momento em que você extrapolou na cerveja que tinha como limite duas garrafas, você já se entregou a vibração dos seus colegas. Você está a deriva, seguindo o "fluxo".
São 23h15 e você acaba de chegar na casa de um dos seus colegas. Vocês estão em quatro pessoas, dois casais. E após mais algumas rodadas de cerveja, eles decidem que só o álcool não é mais suficiente para o rolê. Você está tonto, sua cabeça gira e gira. Mas uma coisa é certa, você veio com eles, está no rolê com eles. Você vai seguir o fluxo. Um cigarro de maconha aparece. Você reluta, mas um dos seus amigos diz que vai ser bom, você precisa relaxar.
Você já nem se lembra do rolê do dia seguinte, você embalou no rolê, você seguiu o fluxo. A vibração dos seus colegas de trabalho.
Daqui um pouco uma colega esticou uma carreira branca como a neve para você. Você não quis, ela riu de você e mandou. Você se sentiu ofendido, além do mais, se ela consegue, eu também consigo. As duas cervejas que você pretendia tomar com os companheiros de serviço virou uma bola de neve e não acabou na sexta. Quando você se deu conta, estão vocês quatro, os dois casais se pegando e trocando energia sexual também.
No sábado você "acorda" e percebe que está atrasado para o seu compromisso. O seu sábado inteiro foi por água abaixo e você não conseguiu resistir a tentação de sair e se divertir com seus colegas de serviço.
São Paulo... cidade fria. Traiçoeira. É fácil se perder. É ainda mais fácil se deixar levar. Eles utilizam os grandes centros urbanos para nos desviar do caminho. Eles utilizam aqueles que se perderam para nos naufragar também.