🍀: 𝘱𝘳𝘰𝘭𝘰𝘨𝘰 !

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: KSM.

Eu me lembro daquele
dia como se fosse ontem.

Era agosto de 2006, numa tarde ensolarada, porém úmida. Eu tinha apenas cinco anos, quase seis, mas me lembro de cada detalhe daquelas horas que mudariam a minha vida.

Certo, eu posso estar sendo um tanto dramático e exagerado enquanto relato isso, mas quando é para falar dela, não devo expressar menos.

Tudo com aquela garota era assim, cheio de vida, com dramas e exageros.

Acho que foi por isso que me apaixonei por ela tão facilmente. . .

[ 16 – 08 – 2006 | quarta-feira ]

Seul, capital sul-coreana.

O vento soprava calmo, balançando as folhagens e deixando o clima um pouco mais suportável. O movimento dos carros e das pessoas estava relativamente normal, então, aquele seria mais um dia em que eu passaria a tarde numa creche humilde, perto do centro da cidade.

Meus pais trabalhavam muito, e minha irmã era um tanto nova para cuidar de uma criança, além de ficar na escola o dia todo. Ou seja, nenhum deles tinham tempo para mim, e não podiam pagar alguém para tomar conta do "mini Seungmin", particularmente.

Então, a única opção era a creche, a qual minha irmã frequentou até os onze anos, quando aprendeu a se cuidar sozinha. Omma confiava seus filhos às pessoas que trabalhavam ali.

Minha rotina, assim, era escolinha de manhã e depois ficar na creche até às seis da tarde ( 18:00 ), horário esse em que appa saía do trabalho e me buscava.

E fiquei dessa forma dos três aos dez anos, sem nada de interessante acontecendo na minha vida, sem descobertas, sem amizades marcantes e coisas parecidas. Afinal, nunca tive amigos naquele lugar, era tímido demais.

Porém, naquela tarde de quarta-feira, que para mim seria outra comum e tediosa, algo de diferente surgiu.

Ou melhor, alguém.

Já se aproximavam das duas e meia da tarde ( 14:30 ). Todas as crianças, inclusive eu, já haviam almoçado e feito suas respectivas atividades educativas. Agora, era o "recreio" – como chamavam – e os pequenos corriam e brincavam por aquele grande pátio, o qual tinha o chão de terra socada e muitos brinquedos espalhados pelo mesmo.

Todos brincavam, socializavam e se divertiam, menos eu.

Eu raramente brincava ou fazia amizade com alguém. Ninguém falava comigo, e por isso, eu não me metia na vida deles. Nunca fui uma criança muito comunicativa, e isso refletiu muito na minha adolescência. Sofri no ensino fundamental e médio, e só consegui fazer amigos no último semestre da escola. Amigos estes que levo até hoje, felizmente.

O barulho naquele pátio me incomodava, e pelo o que parece, isso preocupava as cuidadoras do local, as quais sempre tentavam me tirar dos corredores e me infiltrar entre as crianças da minha idade. Todo dia era assim, com elas me puxando para o lugar aberto, "estimulando" o meu "crescimento intelectual", como as mesmas chamavam. Me lembro claramente da feição de desgosto no rosto de cada uma quando me viam sozinho, no cantinho da parede.

Como resultado, então, eu estava no pátio contra a minha vontade, porém, é claro, sentado sozinho num banquinho que havia ali. Eu balançava as minhas pernas – que não alcançavam o chão por serem curtas – e brincava com os próprios dedinhos, torcendo a boca para os lados continuamente. Torcer os lábios sempre foi um hábito meu.

𝘣𝘰𝘰𝘬𝘴&𝘤𝘰𝘧𝘧𝘦𝘦 | 𝗞𝗶𝗺 𝗦𝗲𝘂𝗻𝗴𝗺𝗶𝗻.Onde histórias criam vida. Descubra agora