𝘣𝘰𝘰𝘬𝘴&𝘤𝘰𝘧𝘧𝘦𝘦 | 𝗞𝗶𝗺 𝗦𝗲𝘂𝗻𝗴𝗺𝗶𝗻.

• 03 : Esquilo e Coelho.

☕: KSM.

• algumas semanas depois •
[ 18. 02. 2021 | quinta-feira ]

Passaram-se umas duas semanas desde a minha conversa com Kyung na biblioteca, e por incrível que pareça, nos aproximamos muito rapidamente nesse meio tempo.

Ela ainda não havia se lembrado e nem me reconhecido, porém, às vezes, em meio a risos e conversas sem nexo, parecíamos como aquelas duas crianças em 2006 novamente. Era bom estar com essa coreana-americana.

Já trocamos os números e os usuários no Instagram, além de algumas informações pessoais e histórias da vida – as quais me confirmaram de que ela era a mesma Jang Kyung-Soon de antigamente.

Todo dia, ela sentava-se na carteira ao meu lado, e eu sempre a recebia com um sorriso amigável e um "bom dia!" sussurrado, que era retribuído em todos os encontros.

Eu acho que, depois de quinze anos, eu tinha realmente (re)feito uma amiga.

O sinal para o intervalo já havia tocado, e eu, juntamente de Felix, andava com a bandeja de comida na mão, procurando por uma mesa. Jisung não iria passar o momento livre conosco hoje, e isso até que me intrigou por uns segundos. Ele ficaria sozinho? Não tem amigos aqui. Ou. . . ele tem?

Afastei meus pensamentos balançando levemente a cabeça, sendo acompanhado pela franja que escondia minha testa. Confesso que acordei com preguiça de arrumar o cabelo nessa manhã, então fui casualmente. Vesti uma blusa preta e um casaco cinza escuro comum – que já tinha seu capuz sob minha cabeça; uma calça jeans comum e um tênis mais comum ainda. Certo, eu odeio chamar atenção.

Felix, por sua vez, nunca esteve tão colorido, mas mesmo assim, sempre mantendo o estilo. Uma calça branca de cintura alta rasgada nos joelhos e uma camisa verde-clara, que possuía as mangas até a curvatura do cotovelo. Tinha um tênis branco nos pés, com detalhes da mesma cor do tecido que cobria seu corpo. Um colar dourado pendurado no pescoço e alguns anéis prateados pelos dedos. Além do cabelo loiro – agora curto –, dando uma aura poderosa a ele.

Somos completamente opostos.

Yongbok com certeza seria a "Regina George" se pudesse – embora não se parecesse nem um pouco com a personagem. Ri sozinho ao notar isso.

Ouvi o australiano bufar.

— Parece que vamos ter que comer na quadra, Seungmin.

— Não, eu não tô no ensino médio! — retruquei, me lembrando de quando lanchava sozinho nas arquibancadas da quadra da escola. Parece que o apelido "menino solitário" se fez válido mais do que deveria. — E acho que não tem quadra numa universidade.

— Claro que tem, eu já vi — ele disse simples, e eu arregalei os olhos.

Sinceramente, eu sempre achei que "espaços esportivos" era coisa de colegiais, mas esse pensamento foi quebrado hoje.

Um arrepio percorreu minha coluna. Odiava me sentir na escola de novo.

Estava pensando tão fortemente que nem percebi quando Felix começou a se distanciar de mim. Acelerei os passos atrás dele, quase derrubando a comida da bandeja. O alcancei sem dificuldade, uma das vantagens de ser alto.

Quando cheguei ao seu lado, pude ver suas sobrancelhas erguidas e um rascunho de sorriso em seus lábios bem feitos. Curioso, olhei na direção que Felix fitava, e meu coração queimou quando percebi quem ele encarava.

Era Kyung, sentada sozinha numa mesa, mexendo no celular e comendo kimbap, levando os hashis à boca lentamente. Ela tinha duas mechas de cabelo presas atrás da cabeça com uma fita lilás, e o resto das madeixas caíam sob seus ombros, com as franjas escorrendo ao lado do rosto.