Sentado na areia da praia de águas cristalinas Neteyam observava o quebrar das ondas, totalmente perdido em seus pensamentos.
Três anos, no dia de hoje se completaram três anos de sua quase morte durante a guerra. Era o que se passava em sua mente, depois de tanto tempo as lembranças continuavam tão vivas em seu subconsciente que chegava a sonhar com o ocorrido, lembrar dos gritos desesperados de sua mãe fazia seu coração se rasgar em mil pedaços. Era uma sensação horrenda, mas nada se comparava ao pavor que sentiu ao ser atingido por um tiro, a dor e o desespero se mantinham frescos em sua cabeça e em seu corpo, já que agora carrega uma cicatriz no meio do peito, são memórias assombradas que nunca o deixariam em paz.
Pousou os olhos no horizonte uma última vez, suspirou profundamente e se levantou retirando o pouco de areia que se mantinha em sua pele.
Caminhou calmamente vila á dentro, observava os Metkaynas na água com seus ilus e cumprimentava seus conhecidos, havia criado laços na vila finalmente. Passou pelo centro das redes até chegar no marui de sua família.
Parando na porta foi recepcionado por Tuk que correu em sua direção, pulando em seus braços para um abraço caloroso.
"Oi minha pequena, como foi seu dia?" afagou as tranças da garota antes de posiciona-la melhor em seu colo e finalmente ir de encontro á sua mãe.
"Foi muito legal, eu ajudei a Kiri a fazer um colar de conchas! Deixa eu te mostrar!" disse animada antes de pular do colo do irmão mais velho e ir correndo procurar o tal colar.
Neteyam por sua vez sorriu com o ato da caçula, observou a menina voltar já com o colar em seu pescoço. Ela girava e fazia pozes para que o irmão admirasse o enfeite. Neteyam desejou que a garota não crescesse nunca, ou pelo menos que não perdesse seu posto de irmão preferido, logo riu com o próprio pensamento.
"Uau! É um lindo colar Tuk, ficou incrível em você" foi um elogio sincero que tirou um sorriso satisfeito da menina, abraçou a irmã mais uma vez. "Agora vai lá brincar, eu vou ajudar a mamãe no seu lugar" não foi preciso mais nenhuma palavra, Tuk correu para a porta rindo,antes de sair virou-se para o mais velho rapidamente para agradecer e sumiu correndo pela praia.
Chegando na cozinha Neytiri cortava os peixes para o jantar. As orelhas atentas denunciavam que ela já sabia de sua presença no cômodo, saudou a mais velha que retribuiu com um sorriso, não precisavam de muitas palavras para se entenderem. Nos últimos anos se tornaram muito mais próximos, Neytiri ensinava ao filho todos os seus conhecimentos sobre medicina e caça, esse por sua vez demonstrava total interesse e dedicação aos ensinamentos.
Neteyam pegou alguns potes com vários temperos de sua avó Mo'at, não tardando em entregar á sua mãe. Trabalhavam juntos aproveitando da companhia um do outro em silêncio, quando terminaram os afazeres sentaram juntos na varanda com os pés na água, Neteyam encostou sua cabeça no ombro de sua mãe, essa por sua vez começou um cafuné nos cabelos bem feitos do filho.
"Ma'Neteyam, conversei com Ronal hoje, Tonowari montou um grupo de caça que parte amanhã com Lo'ak e seus amigos Rotxo e Ao'nung, ela disse que você é um bom caçador, Tsahìk perguntou se gostaria de ir." a mulher diz animada, ficava extremamente feliz quando reconheciam os méritos de seus filhos. Nos últimos anos se tornou amiga íntima da Tsahík e ambas eram mães orgulhosas, sempre incluindo seus filhos em alguma atividade juntos, visto que eram uma equipe habilidosa. O fato de Lo'ak e Tsireya serem inseparáveis também ajudava muito na união das famílias.
"Tonowari pode contar comigo, faz um bom tempo que eu não vou além do recife, vai ser bom voltar á ativa." comentou um sorriso enorme no rosto, Tonowari era um excelente companheiro de caça, além disso Neteyam gostaria de se sentir útil para a vila, trazer alimento tinha um significado enorme.
"Fico feliz,meu filho" depositou um selar na testa do rapaz e continuaram observando a enseada noturna.
Pouco tempo depois ambos atentam as orelhas para um barulho na entrada do marui, era Jake que vai até eles depositando um beijo casto nos lábios da esposa e um abraço no filho.
"Ma'Jake como foi com Tonowari?" Neytiri pergunta dando espaço para o marido se sentar ao seu lado, agora também afagava seus longos cabelos.
"Bom, foi bom, apenas um reconhecimento de perímetro padrão, está tudo certo. E o dia de vocês,como foi?" disse calmamente de olhos fechados aproveitando do conforto do carinho de sua amada.
"Fui ver o bebê de Ronal hoje, ele está cada dia mais forte, creio que logo estará correndo pela vila. Neteyamur me ajudou com o jantar, tudo tranquilo também." a mulher diz e olha para o filho, incentivando-o silenciosamente para que conte sobre a caçada de amanhã.
"Pai o senhor não acredita, Tonowari me chamou pra caçar amanhã e disse que sou um bom caçador." revelou cheio de orgulho, com um sorriso no rosto.
As orelhas de Jake se levantaram enquanto o primogênito falava animadamente. Esticou o braço e sacudiu o ombro do filho brincando "Esse é o meu garoto, caçando com o Olo'eyktan! Tenho certeza que vai se sair bem." afirmou orgulhoso do filho, era um ótimo caçador de fato e traria fartura para a tribo, confiava no potencial do rapaz mais até que ele próprio.
Ficaram em silêncio observando a noite cair sobre a enseada quando Lo'ak chegou com seu irmão de espírito Payakan, seguido por Kiri e Tuk montadas em um ilu. Despediram-se do Tulkun e entraram para jantar junto dos demais. Foi uma noite tranquila, cheia de risadas e palhaçadas por parte de Lo'ak.
Depois do jantar os adolescentes foram se deitar juntos de Tuk, que já dormia há algum tempo, acharam suas respectivas posições e os dois mais novos dormiram primeiro. Neteyam por sua vez deu uma última olhada nos irmãos antes de suspirar profundamente pensando sobre seu dia com sua família, finalmente se sentia em casa. E assim adormeceu ansioso pelo dia seguinte.
Oi gente essa é minha primeira fic, pega leve cmg por favor kkkkkkkk
Não esqueçam de curtir e comentar
Beijinhos, até a próxima
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Reflection
FanfictionTrês anos depois de quase morrer Neteyam busca se sentir em casa dentre o povo do recife enquanto parte em uma jornada de autoconhecimento. Ao'nung busca redenção pelos erros do passado.