Reflection

laços

Quando o eclipse se fez presente, o jovem casal decidiu que era hora de ir. Atravessaram a caverna, chamaram o animal marinho e partiram em direção á vila, seguravam um ao outro como se fossem a maior riqueza de Pandora, e de fato eram em seus corações.

Se despediram na praia com um último beijo apaixonado, já haviam sumido o dia todo, não queriam causar mais suspeitas.

"Te vejo amanhã Ma'Neteyam." Ao'nung virou-se e foi embora. Não deixou de olhar para trás, admirou seu amado uma última vez aquela noite e partiu.

"Te vejo amanhã... meu amor." Neteyam por sua vez não olhou para trás, correu no ritmo de seu coração direto para casa. Rezou para que sua mãe ainda não tivesse chegado.

Entrou no marui da família rapidamente, não percebeu seu pai sentado na cozinha. Jake observava a correria do filho em silêncio, queria ver até onde o rapaz iria sem nota-lo.

"Neteyam, pra que essa pressa toda?" perguntou baixo, não tinha intenção de assustar o filho, mas foi o que aconteceu.

"Droga." sussurrou com a mão sobre o peitoral, deveria ter percebido que havia outra pessoa consigo. "Não foi nada pai, só queria deixar isso arrumado antes da Sa'nu chegar." era um bom mentiroso, não se orgulhava disso, mas crescer na guerra te ensina algumas coisas.

"Entendi, se é assim deixa eu te ajudar." Jake não engoliu muito bem a desculpa do filho, mas entre ajudá-lo e não irritar Neytiri e causar uma discussão, optou por ajudar. Até Eywa duvidava do que a mulher era capaz quando estava nervosa, o homem não estava louco para provocar isso.

"E como foi o seu dia Ma'evi?" desde que as crianças cresceram, Jake raramente estava em casa para dar a atenção que os filhos mereciam, então aproveitava toda oportunidade que tinha de se reaproximar.

"Foi ótimo *Sempul, conheci um lugar novo hoje e ganhei um presente!" a cauda do mais novo balançava animadamente, o que contagiou o pai.

"Me mostra seu presente *Ma'evi, como era o lugar que você foi?" ambos os homens estavam animados pela conversa, era a primeira vez em algum tempo que tinham esse momento de pai e filho.

"Tinha uma caverna muito bonita, toda brilhante. Uma gruta de águas claras e areia bem fina, e a melhor parte eram as montanhas..." a voz do mais novo falhou, seu pai não deixou de perceber.

"O que tinha nas montanhas filho?" tocou o ombro do rapaz, se surpreendeu quando esse o abraçou. Parecia chateado, Jake não questionou,  apenas abraçou de volta.

"Elas flutuavam... iguais as da nossa casa."  de repente Neteyam era uma criança novamente, buscando conforto no abraço do pai.

Podiam tentar se convencer o quanto quisessem, mas aquele não era o lar da família Sully.  Uma nova casa, uma nova vida talvez, mas o verdadeiro lar era a floresta. Era onde o coração e a mente sempre voltavam, seja para fugir de um dia tenso ou matar a saudade de algo familiar.

Eram filhos do clã Omaticaya e sempre seriam, era difícil para Jake e mais ainda para a esposa e os filhos, ele sabia disso.

"Nosso lar é onde o coração descansa, mas nossa casa é onde a família está. Essa é nossa casa agora filho, tá tudo bem sentir saudade da floresta, eu também sinto as vezes... só não deixa isso dominar seu coração." apertou Neteyam em seus braços e soltou para que visse seu rosto.

"O senhor sente falta também?" dentre todos ali Jake era o que menos demonstrava algum tipo de saudade, os anos como fuzileiro emsinaram a camuflar suas reais emoções.

"É claro! Foi lá que eu conheci sua mãe, domei meu Ikran, me tornei Toruk Makto... e o mais importante, foi criamos vocês. Agora me mostra seu presente, tô curioso."