O1 - 𝑨licante

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A cidade estava em polvorosa, todos os Shadowhunters que viviam em Alicante, se encontravam no imenso salão para a cerimônia de runa angelical de Clarissa Fairchild. Todos estavam, visivelmente, alegres porque sua maior ameaça estava morta. Clary havia matado seu próprio pai, Valentine, e impediu que o desejo para o anjo Raziel fosse realizado.

Felicity se encontrava na primeira fila, junto de alguns shadowhunters conhecidos da loira, além de Benedict, Jace, Alec e Izzy. Mais a frente, estava a Inquisidora e o irmão do silêncio, Enoch.

Não demorou para a silhueta pequena de cabeleira ruiva adentrar o salão e seguir até as duas figuras paradas ali.

      — Estou diante de meus colegas Shadowhunters para receber a runa do Anjo. – Clary disse as primeiras palavras. — Recebo esta marca em honra a Ele. Para trazer a Sua luz para dentro de mim. Para me reunir à estirpe dos Shadowhunters, guardiões da paz.

Assim que ela terminou de fazer seu juramento, Enoch aproximou a estela da pele da garota, assim, fazendo a runa angelical sob o pulso direito da garota Morgenstern. Após marcar a pele, Imogen virou-se para a ruiva e começou a falar.

      — Esta runa de Poder Angelical é muito merecida e aguardada. Você não é mais uma shadowhunter em treinamento. Você derrotou nosso maior inimigo. Valentine pode ter usado os Instrumentos Mortais para invocar o anjo Raziel, mas você evitou que um desejo fosse realizado. Clarissa Fairchild, que o seu heroísmo seja um exemplo brilhante para Shadowhunters de todo o mundo. Parabéns.

Uma salva de palmas foi escutado pelo salão. Felicity encarava tudo de forma desconfiada, sempre fora assim, desde a infância. Como diria os mundanos: quando a esmola é demais, o santo desconfia. Nesse caso, Felicity era o santo.

Depois da cerimônia formal acabar, o coquetel se deu início e, não demorou para a Imogen ir até sua neta, com uma taça de vinho em mãos.

      — O que houve, Fizzy? – a mais velha perguntou quando notou que a loira não tirava os olhos de Clary. — Não está feliz por termos uma shadowhunter nova recrutada oficialmente?

      — Não é isso. – a jovem disse, dando um pequeno gole no líquido em sua taça logo depois. — Mas não acha estranho o pai dela invocar o anjo Raziel a beira do lago Lyn pouco depois de matar o Jace e ela não fazer nada? Nenhum pedido ao anjo?

      — Jace disse que...

      — Vovó, eu soube que Alec sentiu o Jace morrer, a runa Parabatai dele sumiu, deixando claro a morte do Jace. Quer mesmo me convencer que essa garota não usou o único desejo para trazer Jace de volta?

Felicity perguntou estranhamente calma, deixando a mais velha em alerta. A jovem poderia ser esquentada e ter alguns defeitos, mas se tinha algo que Felicity sempre acertava, eram em suas intuições. Elas estavam certas, sempre.

      — Vamos ficar de olho, ok? – Imogen disse e ela concordou. — Agora venha, quero apresentá-la formalmente ao seu irmão.

Sem ter muita escapatória, Felicity concordou, assentindo com a cabeça e acompanhando Imogen até onde Jace se encontrava. Ele conversava com um rapaz alto e, aparentemente, gentil.

      — Jace? Atrapalho? – Perguntou olhando para ambos os rapazes. Antes que Jace falasse algo, o mais alto tomou a liberdade e se pronunciou.

      — Jamais, Inquisidora. Eu estava apenas brincando com o Jace falando que agora ele tem um nome a zelar, que não precisa mais se preocupar em ser um Lightwood. 

      — Você é um Lightwood? – Felicity perguntou, atraindo o olhar do maior para si.

      — Ah, me desculpe. Sou Benedict Lightwood, sobrinho de Maryse e Robert. Instituto da Suécia. 

      — Claro. Maryse me falou muito de você. Prazer em te conhecer, sou Felicity Herondale. 

Disse calmamente, Benedict sorriu para a loira e após conversar mais alguns segundos, o maior deu licença deixando os três Herondale para trás para que conversassem, não sem antes lançar um sorriso discreto para a loira. Felicity tomou mais um gole do vinho em sua taça, enquanto Imogen falava algo.

      — ... Stephen já tivera um casamento antes de conhecer a Céline. Ele foi casado com Amatis Graymark, irmã de Lucian Graymark, mãe de Felicity. – a mais velha disse virando-se para a loira que estendeu a mão para o rapaz.

      — É um prazer, finalmente conhecer meu meio-irmão. – a loira sorriu. — Desde que soube de você, nossa avó não sossegou enquanto não me arrastou do Instituto de Londres pra cá.

      — Instituto de Londres? – perguntou e Felicity assentiu. — Conheceu algum Sebastian Verlac?

      — Ah, o Sebastian. – a loira soltou um suspiro baixo e claramente triste. — Podemos falar disso outra hora? Se não for incômodo pra você.

      — Tudo bem. 

      — Com licença. 

A loira saiu andando pelo salão até estar fora dele e sentir o ar fresco em seu rosto. Felicity segurava as lágrimas com tanto esforço que uma respiração mais alta e ela choraria ali mesmo, por tal motivo, seguiu até o túmulo de seu pai. No cemitério dos desonrados.

Ao chegar, ajoelhou diante do mesmo, junto do túmulo de Céline e deixou que lágrimas grossas rolassem por seu rosto. Se lembrar de Sebastian doía profundamente na garota. A morte dele, querendo ou não, ainda era muito recente para a jovem.

Felicity e Sebastian namoravam há uns dois anos, ele tinha um carisma amistoso que era atrativo. Ele parecia ser alguém que confiava nos outros facilmente, e sorria com facilidade. Felicity sentia saudade dele. Falta de estar com ele, de treinar, de sair, de sorrir e conversar com ele. Ele era um dos melhores caçadores de sombras que Felicity conheceu. Ele era bonito de um jeito desalinhado, segundo Felicity, sem contar que Sebastian era um tipo de garoto com quem era possível passar um tempo muito agradável. Sem contar seu sotaque francês misturado com o inglês britânico.

Receber a notícia do falecimento de Sebastian, destruiu uma parte da loira. Mas ao investigar, Felicity descobriu que, na verdade, após concluir seus estudos no Instituto de Paris – onde sua tia Elódie era a líder – e passar longos anos no Instituto de Londres – onde ambos se conheceram – ele sumiu que nem fumaça, sem dar notícias para ninguém e quando Aline – prima dele – descobriu, ele estava no Instituto de Nova York. Felicity estranhou, porque o rapaz não era de sumir daquela forma. Mas tarde, soube que, naquela época já não era mais ele, e sim Jonathan Morgenstern se passando por Sebastian, o que só fez a raiva de Felicity pela família de Valentine aumentar.

      — Atrapalho? – Jace perguntou baixo, se aproximando da loira, fazendo-a secar o rosto e se virar para ele. — Me desculpe, eu não... 

      — Tudo bem, Jace. Eu só...

      — Imogen, quer dizer, nossa avó me disse porque você havia saído do salão após minha pergunta. Eu não fazia ideia que vocês eram namorados. Sinto muito.

      — Eu, quer dizer, nós, perdemos nosso pai para Valentine. E eu perdi o Sebastian para o filho de Valentine, minha raiva por essa família e seus integrantes não falta. E isso incluí, indiretamente... 

      — Eu.

Escutaram a voz de Clary. Felicity, voltou seu olhar para o túmulo do pai, deixando os dedos passarem levemente sobre a lápide branca e se levantou, ajeitando seu vestido e encarou a ruiva. Sua pele acima do pulso direito estava saltada por conta da cerimônia da runa angelical.

      — Não leve pro pessoal, Clarissa. – Felicity falou calma. — Mas perdi meu pai e meu namorado pro seu pai e seu irmão. E se, eu tiver que proteger meu irmão de você, eu vou fazer. E isso incluí, te matar. Fui clara? 

Perguntou de forma retórica, virando-se para Jace e sorriu brevemente, saindo dali e deixando os dois para trás.

HERDEIRA HERONDALE「slow update」Onde histórias criam vida. Descubra agora