15. eu te encontrei

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"E depois?" A menina questiona, agitando as mãos.

Jennie sorri por causa de sua animação. "Depois disso, nós nos tornamos próximas. Aos poucos, fui entendendo as piadas dela e o porquê dela ser assim."

Os olhinhos inocentes do serzinho se apertam em confusão. "Tinha um motivo?"

Jennie assente, dando tapinhas no topo da cabeça dela.

"Perder uma irmã mais nova é difícil, mas para a Jisoo foi ainda mais porque ela era muito próxima da dela. Ela falava que a "arteirinha" gostava de pregar peças em todo mundo, que amava dançar Baby Shark e contar piadas, que dormia agarrada a ela e até a chamava de mãe." Jennie mantém os olhos fixos no desenho do Taco Bells. "Jisoo ria de dia, mas eu a ouvia chorar de noite."

Jennie lembra do estado da amiga e levanta num pulo, passando as mãos pelos cabelos. "Por isso eu não posso perdê-la, não como eu perdi a Chaeyoung."

Horas se passaram sem nenhuma notícia. 

Estava tudo muito silencioso e parado. A irmã da menina não havia aparecido em nenhum momento, nem ela, nem médicos ou enfermeiras.

"Cadê as pessoas?" Jennie questiona, dando uma volta em torno do próprio eixo, tentando entender.

Um soluço sôfrego ecoa e ela encara a criança. Ela está aos prantos, chorando compulsivamente e escondendo o rosto entre as mãos.

"O que foi?" Jennie se ajoelha para ficar da altura dela e tira as mãos de seu rosto, revelando os olhos grandes cheios de lágrimas. 

"Me desculpa, eu roubei ela de você." a menina confessa entre fungadas.

"Como assim?" Jennie pende a cabeça para o lado. 

"A Chaeyoung, eu a roubei. Me desculpa!" ela chora ainda mais. Jennie franze o cenho. "Em minha defesa, estava tão difícil aqui sem ela, tão solitário e frio e ela iluminava tudo. Eu precisava dela, precisava da minha melhor amiga aqui comigo."

"Como você pode ter roubado ela de mim?" engole em seco só de ouvir o nome de Chaeyoung e encara a menina com estranheza. Ela contorce o rosto em dor. "A Chaeng nunca foi feliz aqui porque via como você estava sofrendo. Ela só ficava quietinha num canto e chorava, se culpando por ter te deixado. Ela dizia que precisava voltar para você, que sentia sua falta." a menina conta com pesar. "Fui muito egoísta de ter separado vocês duas."

"Você tá me assustando." Jennie se arrepia por inteiro e se encolhe no lugar, a analisando de cima a baixo. "Quem você é?

A menina sorri em meio ao choro e estende a mão na direção dela. Só então, Jennie nota a pulseira laranja amarrada em seu pulso. "Sou a Lisa."

Oh, Lisa.

"Meu Deus, isso não é possível, eu estou tendo um pesadelo." Jennie levanta tropeçando nos próprios pés e corre para o corredor. "Jisoo! Cadê você?"

Sai olhando para os lados e procurando nos quartos, chorando e sentindo-se tonta, mas não havia uma alma viva naquele hospital. Os corredores eram iguais e as portas eram as mesmas e em todas havia uma placa de "saída" em cima.

"Que porra é essa?" pragueja. Seu peito se comprime mais, a deixando sem ar. Jennie encosta em uma das portas e desliza as costas por ela, escondendo o rosto entre as mãos. 

"Olha para cima." Lisa pede com sua voz angelical.

"Isso não tá acontecendo, não é real." Jennie nega, chacoalhando a cabeça com força. "Essa menina não existe, eu perdi a cabeça."

"Você não pode voltar a terra depois de morrer, Jennie." uma mão toca seu ombro. A região arde e o calor se espalha por todo o corpo dela. "Você só pode deixar o mundo e nunca mais voltar. E agora é a hora."

Lisa aponta para o relógio acima delas marcando 08:08 pm. 

"Isso é loucura." Jennie a encara, assustada. "Essa é a ala psiquiátrica?" murmura, se tremendo toda.

Dois homens de branco saem por uma porta e Jennie levanta afoita.

"Enfermeiros, aquela menina ali é doida." aponta, mas Lisa não estava mais por perto. "Ué, cadê ela? Para onde ela foi?"

"Não são enfermeiros." Lisa sussurra no ouvido dela e Jennie dá um pulo para trás, seu coração batia a mil por hora. "São anjos."

Jennie os observa melhor. Seus rostos não possuíam expressões e os olhos emitiam uma luz cegante. 

"Mas como?" fala num fio de voz, começando a chorar. "O que tá acontecendo?"

"Tá tudo bem." Lisa olha por cima do ombro dela e abre um sorriso alegre. "Agora pode falar para ela tudo o que você me falou."

Jennie vira o pescoço num ímpeto e todo seu medo some quando a vê.

Chaeyoung estava parada no fim do corredor, acenando para ela.

jennie, chaeyoung e a eternidade.Onde histórias criam vida. Descubra agora