28

3K 323 24
                                    

22 de novembro de 2010

𝙃𝙖𝙣𝙣𝙖𝙝 𝙂𝙧𝙞𝙢𝙚𝙨

Eu não me importei com nada e nem ninguém ao meu redor  a partir do momento em que ouvi que meu sobrinho havia sido baleado. Meu único pensamento naquele momento era que, se ainda existisse um Deus, ele deixasse minha pobre e doce criança comigo.

não me dei ao trabalho de se despedir de ninguém, apenas mandei as crianças para o carro e peguei meu gatinho que ainda perambulava pelo trailer do bom velinho, Dale, sem se importar com quem estava deixando no local.

— não pensa que vai dirigir, não é? — Lara diz ao me ver puxar a porta do carro — você vai no passageiro, está alterada demais para dirigir um carro.

— estou bem, Lara. Apenas entre no carro para que possamos chegar na tal fazenda o quanto antes.

Lara me lança o seu mais poderoso olhar, me fazendo bufar e dar a volta, desistindo da ideia de dirigir. As vezes eu odeio ser a irmã mais nova.

(...)

O caminho foi percorrido em silêncio, apenas um pequeno diálogo entre as duas crianças no banco de trás e Giulia me questionando se iria perder o melhor amigo também.

— o que acha que aconteceu com os nossos amigos de King County? — Lara pergunta após minutos de silêncio — quer dizer, sabemos que eles não morreram no bombardeio, não sabemos?

Se tem algo que me intriga é a sobrevivência dos meus amigos ao apocalipse. Não tivemos nenhuma notícia sobre eles, a única coisa que sabemos foi que os Monroe saíram da cidade a tempo, rumo a outro estado.

— Clara e Peter devem ter voltado para Virgínia. Se o governo deu mais sorte do que nós, eles devem estar em segurança agora.

— tá, mas e o Teddy, Andy?

— espero que tenham conseguido sobreviver, assim como nós.

Apesar de odiar o Andy, meu ex-ex namorado, desejar sua morte para o novo mundo parece algo super errado a se fazer. Eu vi como acontece, como aquelas coisas rasgam sua pele enquanto você sente toda aquela dor e agoniza até a morte. É crueldade demais para qualquer pessoa.

O carro que Glenn dirigia parou, pude vê-lo descer do carro e abrir o portão da fazenda, logo voltando e adentrando o terreno da família Greene, assim como nós. Lara para e eu me ofereço para fechar o portão, descendo do carro e sentindo o vento fresco bater contra meu rosto, me causando arrepios.

Os dois carros são estacionados em frente a casa de dois andares, amadeirada e na cor branca, uma bela casa de fazenda.

— Giulia, não desgruda — sussurro segurando sua mão

A garotinha afirma, apertando mais a minha mão. Ao meu lado estava Lara com a filha nos braços, que acabou dormindo durante o caminho até aqui.

— o que fazemos agora? Batemos e esperamos alguém abrir a porta? — Glenn pergunta em um sussurro enquanto subimos os pequenos degraus da varanda

— é o mais sensato a se fazer, não é? — sussurro de volta

— fecharam o portão por onde passaram? — a voz feminina perguntou

𝗟𝗢𝗩𝗜𝗡𝗚 𝗜𝗡 𝗧𝗛𝗘 𝗗𝗔𝗥𝗞 | 𝐃𝐚𝐫𝐲𝐥 𝐃𝐢𝐱𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora