CAPÍTULO 10

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RAFE CAMERON

Eu nunca havia passado por uma situação como essa. Não estava acostumado a ter empatia pelos outros, muito pelo contrário, desde a morte da minha mãe, eu me fechei para tudo e para todos, então fazia tempo que eu não sentia nada. Não verdadeiramente. Quando eu vi a Maya no hospital naquele estado, senti meu peito apertar, o que é uma novidade para mim, eu me senti estranho, como se eu tivesse a necessidade de cuidar dela naquele momento tão frágil em que ela estava. Eu voltei para a casa com a Sarah, mas não consegui dormir. Fiquei incomodado, pensando se ela estava bem, se precisava de ajuda, e me senti um idiota por isso, porque mais cedo eu havia tratado ela mal e depois, a encontrei naquele estado. Eu não deveria me importar com isso, o Rafe de verdade não se importaria com isso, mas eu estava me importando, me importando até demais.

Quando cheguei no hospital pela madrugada, ela estava sentada no último banco da recepção, com a cabeça encostada na parede e dormia calmamente. Ela estava pálida e sua aparência era de cansaço, e eu não consegui a deixar naquele estado. Me sentei ao seu lado e apoiei seu corpo contra o meu, para que ela pudesse ficar confortável. Só depois de ver ela novamente, eu consegui parar com toda a inquietação que eu estava sentindo, e horas depois consegui pegar no sono também. Eu não conseguia mesmo decifrar todas as coisas que eu estava sentindo, só sabia que não podia deixar ela ali para passar por toda aquela situação sozinha, então insisti em ficar com ela, e por incrível que pareça, ela não discordou. Estava muito abalada para isso.

Depois que ela saiu da visita, ela parecia ainda pior do que antes. Ela estava arrasada, não tinha forças nem para falar e estava ainda mais pálida do que hoje mais cedo. Nós dois estávamos envolvidos em um abraço a alguns minutos, e ela chorava bastante, fazendo a sensação de aperto invadir meu peito novamente. Quando ela pareceu se acalmar um pouco, afastou a cabeça do meu peito e levou suas pequenas mãos até seu rosto, secando as lágrimas que molhavam o mesmo. Eu a encarava atentamente, e a preocupação não me abandonava.

— Me desculpe, eu molhei toda a sua camisa. — ela fala baixo e com a voz de choro, parecendo um pouco sem graça.

— Tudo bem, eu nem gostava dela mesmo. — tento descontrair, e consigo arrancar um sorriso de leve da morena. — O que acha da gente ir comer alguma coisa? E se você quiser, vou estar disposto a te ouvir caso queira desabafar. — sugiro, torcendo para que ela concorde.

— Obrigada, Rafe. Mas eu não estou com fome. — ela fala desanimada, enquanto prende seu cabelo em um coque alto.

— Você não come desde ontem, Maya. Precisa se cuidar, então vem, nós vamos comer alguma coisa sim. — não dou tempo para a morena falar, apenas seguro sua mão e a puxo cuidadosamente para o lado de fora do hospital.

Ela resmunga algumas coisas no meio do caminho, mas apenas ignoro, a levando em direção ao meu carro. Meu braço ainda estava dolorido, mas graças ao remédio e o curativo, eu já conseguia dirigir sozinho. Ela para em frente ao carro, de braços cruzados e me encarando com todo o ódio que habitava nela, o que é bem fofo, tenho que admitir.

— Entra ai. — dou a volta no carro, abrindo a porta do motorista e ela ainda estava parada em frente a porta do carona.

— Eu não posso deixar meu avô, Rafe. — ela solta um longo suspiro, deixando ainda mais aparente sua exaustão. — E se acontecer alguma coisa nesse meio tempo?

Eu fecho a porta do carro, caminhando até ela novamente, que me segue atentamente com o seu olhar. Paro de frente para ela, levantando seu olhar para meu rosto.

— Eu sei que você está preocupada com o seu avô, Maya. Eu entendo. — sou sincero, afinal, sei que não é nada bom. — Mas você não vai conseguir cuidar dele se não estiver bem, tá legal? Vamos comer alguma coisa, depois eu te levo até a sua casa para você tomar um banho e pegar tudo o que precisa para ficar aqui. Um passo de cada vez, pode ser?

𝑷𝑨𝑹𝑨𝑫𝑰𝑺𝑬 𝑶𝑵 𝑬𝑨𝑹𝑻𝑯 - 𝑹𝑨𝑭𝑬 𝑪𝑨𝑴𝑬𝑹𝑶𝑵Onde histórias criam vida. Descubra agora