ela me achou especial;
logo eu, aquele garoto estranho,
que sentava no fundo, no pátio,
que comia sozinho.
eu não quis ser alguém;
não queria ser especial,
muito menos notável,
eu apenas quis ser eu;
aquele menino, no fundo do pátio.
e eu era assim;
aquele menino que observava as árvores,
que sentia o vento da manhã,
que ouvia o canto mais lindo de pássaros,
e que vestia um casaco azul.
nunca pensei que alguém me via;
talvez eu fosse invisível,
esquecido, deixado só,
e ela me viu. Sorrindo.
eu, aquele garoto estranho;
que andava com os braços para trás,
que caminhava torto, com os pés,
aquele garoto, com cabelo escuro,
e de sorriso um tanto sarcástico.
talvez eu fosse alguém engraçado;
alguém com histórias lindas,
aquele, que contava piadas ruins,
um garoto simples, e nada mais.
eu ficava em silêncio;
voltava para casa olhando tudo,
sentindo a sensação de liberdade,
e não de dor.
talvez eu fosse importante para alguém,
alguém me observava?
me via lendo um livro?
alguém me via sorrindo, quando lia?
e ela me viu;
eu não tive reação, e apenas encarei,
trinta segundos olhando fixamente,
e eu nunca soube a sensação dela.
acho que foi um desconforto.
eu, aquele garoto estranho, foi observado;
logo eu?
um rapaz de silêncio, de paz,
logo eu?
um simples cara com olhos escuros.
me senti especial, eu diria;
eu queria ver ela me vendo diariamente,
mas ela nunca mais apareceu,
ela simplesmente sumiu.
não sei por onde anda.
eu, pela primeira vez, observei;
pela primeira vez, senti que fosse especial,
eu queria mais e mais,
e sinceramente, o fim foi perto.
eu, aquele garoto estranho;
inocente, inseguro, tímido,
ficou em pé, diante a chuva,
tomou um banho, para lavar a alma.
eu, aquele garoto estranho;
sentiu a água fria,
sentiu entrando em seu corpo,
sentiu um rio, fluindo em si.
eu, aquele garoto estranho;
com o casaco azul,
cabelos e olhos escuros,
soube sentir a paz, a calma.
a pureza do ser.
assim se foi um menino de 13 anos;
talvez ele seja alguém melhor,
mas não vou esquecer de mim,
que foi observado.
eu, aquele garoto estranho.
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Todos os meus poemas.
Poetry" Todos os meus poemas. " são ditos de maneira amorosa para um amor que talvez existiu. Dias e noites, sorrisos e lágrimas e um toque de pureza de amor vinda de um coração confuso, puro e amoroso. Nele, 20 poemas foram feitos para ler em uma viagem...