Capítulo Quatro

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A pequena fresta de luz que entra pela janela é o suficiente para me fazer gemer de desconforto, implorando por escuro mais uma vez

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A pequena fresta de luz que entra pela janela é o suficiente para me fazer gemer de desconforto, implorando por escuro mais uma vez. Espremo ainda mais os olhos pela ardência infernal nas têmporas e me remexo no lugar, procurando por uma posição que abrande o incômodo.

Minha pele desnuda se arrepia com o toque da roupa gélida de Sooah nas minhas costas. O beijo que ela deposita na minha bochecha é um convite, eu sei, mas estou impossibilitado de sair do lugar.

— Bom dia. – Sua voz é suave e, mesmo em cochicho, ecoa estridente na minha cabeça. – Vai dormir até quando?

— Pode pegar remédio pra mim? – peço em um fiapo de voz, ignorando sua pergunta. – É uma caixa laranja no armário do banheiro.

Ouço seus passos rumando ao cômodo e assumo uma carranca ao perceber que até mesmo esse som é capaz de me fazer esmorecer um pouco mais. Solto um gemido, me aninhando melhor entre os cobertores, enquanto aguardo o corpo da garota estar próximo novamente.

Pego o comprimido sem abrir os olhos e o engulo em seco. Logo, tudo volta a ficar longe, frio e distante. O escuro sobrevém e já não ouço nada. Não sei se Sooah permanece em meu quarto ou se vai embora, nem se o tempo está passando rápido ou devagar.

Horas depois, talvez minutos, meu celular timbra ao lado da cama. Não espero tocar mais vezes, aprumo o corpo e estico o braço em direção ao chão. Tateio até encontrá-lo e semicerro os olhos quando o posiciono na frente do meu rosto.

Minha cabeça não dói mais, tampouco meu corpo. Sinto somente preguiça.

Se você não vier ao treino de hoje, o treinador vai te comer vivo. – A voz de Jimin parece afobada e quase se perde no meio de conversas paralelas ao fundo.

Franzo o cenho. Hoje é domingo, de que raios ele está falando?

— Hoje é domingo – o relembro.

Hoje é segunda, Jungkook. Que merda você está fazendo, cara?

Olho para o celular, puxando a barra de notificações para baixo. Segunda-feira, 8h06 da manhã. Algumas mensagens perdidas da minha mãe se acumulam, outras de Sooah e outras de Jimin. Não tenho tempo para lê-las, me levanto depressa e corro até o banheiro.

— Caralho, tô indo! – digo depressa, desligando o celular e o arremessando contra a pia.

Ligo o chuveiro na temperatura mais fria e me enfio embaixo por alguns rápidos minutos, dando leves grunhidos de dor ao passo que a água gelada encontra meu corpo quente. Nunca me acostumo, mesmo fazendo isso todos os dias, e é exatamente por isso que não paro.

Saio do banheiro e cheiro as roupas que estão jogadas no canto do quarto, perto da porta. Cheiro uma por uma, procurando a que cheira menos à peixe morto, e visto. Me faço a promessa de levá-las à lavanderia hoje mesmo.

CAMPO DE VIDRO | JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora