CAPÍTULO 07

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     O resto da primeira semana passa como um foguete, e apesar de toda estranheza e o lance do alfa selvagem, está sendo divertido pra caramba. Eu meio que fui 'sequestrado' mais duas vezes e levado para dormir na montanha. Acho que na verdade eu até gosto um pouquinho da adrenalina que flui nas minhas veias quando estamos juntos, e provavelmente isso não é um "sequestro" porque ele não faz nenhum movimento para invadir a casa e me levar à força. Tudo que ele faz é ficar esperando na linha das árvores por minutos (e até horas, caso eu não apareça) até eu ir até ele.

     Demorei um pouquinho para voltar à andar pela floresta tranquilamente depois da minha nova descoberta (que no caso é um alfa selvagem habitando a região). As vezes ele não vem me encontrar, mas consigo ouvir sons baixinhos ou ver o seu vulto enorme entre as árvores, me seguindo por onde quer que eu vá.

    — Você pode sair. Eu sei que você está em algum lugar por aí. — Digo alto o suficiente para qualquer ser num raio de vinte metros escutar, embora eu saiba que ele tem uma audição sobrenatural e escute em distâncias bem mais longas do que isso.

     Estou caminhando pela trilha faz um bom tempo, e mesmo que não tenha escutado nenhum barulho suspeito, tenho certeza de que Ele está em algum lugar próximo. O canto dos pássaros e o chiar dos esquilos silenciaram por completo, e isso é um bom indicativo disso.

     Não demora mais do que alguns segundos para o enorme lobisomem cinza surgir de detrás de algumas árvores e caminhar até mim em passos absurdamente silenciosos e macios. Eu cruzo os braços e espero no lugar, tendo que olhar para cima para conseguir encara-lo.

     — Pelo visto você vai ser meu stalker agora. — digo assim que ele está na minha frente, tampando toda a minha visão frontal. Quando ele abaixa o rosto para cheirar o meu pescoço, eu exponho a garganta num gesto involuntário de submissão que eu tanto desgosto, mas já passei da fase de ficar remoendo por causa disso, principalmente porque esse lance tem acontecido com muita frequência nos últimos dias.

     Ele realmente não quer me machucar, apesar de ser possessivo pra caramba, e à cada três palavras, duas são "meu". Ele fala tanto isso que agora eu só ignoro, ao invés de rebater. Além disso, parece que me impregnar com seus feromônios entorpecentes é a sua atividade favorita.

     — Hey. Sabe onde tem uma cachoeira? — Dou a volta no seu corpo gigante e musculoso e subo nas suas costas, porque fazê-lo de meu cavalinho pessoal é bem divertido. Com o passar dos dias, percebi que embora suas frases não tenham mais do que umas três palavras e ele não lembre como falar direito, ele compreende praticamente tudo que eu falo.

     Em silêncio, ele fica de quatro e começa a correr pela floresta, saindo da trilha e adentrando na parte mais fechada. Eu me agarro no seu pelo cinza e deito em cima dele para não ser alvo dos galhos e ramas no caminho, deixando o lobisomem me levar para o nosso destino.

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      Quando enfim chegamos na cachoeira, eu tenho absoluta certeza de que meu cabelo tá parecendo um ninho de passarinhos e repleto de folhas. A floresta ao nosso redor é tão fechada e intocada que parece que nenhum ser humano pisou aqui faz décadas.

     A pequena cachoeira despenca num laguinho circular de não mais do que uns três metros, que fica completamente escondido de tudo e de todos pelas copas densas das árvores, que formam uma espécie de casulo ao redor do local.

     Eu desço do meu lobo selvagem e caminho em direção ao lago, então ele fica sobre duas pernas instantaneamente e me segue em silêncio, um passo atrás de mim.

     — Não lembrava que era tão bonito assim. — me ajoelho na grama e observo a água cristalina. Já deve ser umas cinco da tarde, e embora não tenha começado escurecer ainda, os raios de sol não conseguem ultrapassar a copa das árvores, deixando aqui embaixo um pouco escuro.

     A água é fria pra caramba, me fazendo retirar a mão na velocidade da luz assim que meus dedos entram em contato com ela. Olho por cima do ombro e encontro o lobisomem me encarando atentamente, farejando o ar.

     Não faço ideia do que ele está sentindo, provavelmente vendo se ainda ainda estou entupido com seus feromônios de alfa.

     — O que foi? Senta aí, mané. — Toco o seu tornozelo, observando como seus pés gigantes terminam em garras retráteis como as de qualquer outro felino, apesar da fisionomia do pé ser idêntica à de um humano. Ele continua farejando o ar de um jeito estranho, inspirando tão profundamente que é como se sentisse um cheiro diferente do habitual. Os seus olhos ficam tão escuros que me fazem franzir as sobrancelhas.

    — O que fo...— Tento perguntar novamente, mas o seu rosnado possessivo e absurdamente alto corta as minhas palavras. Não tenho tempo de pensar em nada, antes que ele me ataque, pulando em cima de mim e me obrigando a deitar na grama, com seu corpo gigante sobre o meu.

     Nós ficamos apenas nos encarando por longos segundos, comigo deitado e ele entre as minhas pernas, então sinto o que ele estava farejando. Um formigamento estranho começa na base da minha espinha, se espalhando por todos os meus membros e fazendo os pêlos da minha nuca se eriçarem de tensão.

     Solto um gemido involuntário ao sentir o meu próprio cheiro açucarado tomar conta do ar, ao mesmo tempo que meu lubrificante natural escorre pela minha bunda e o meu buraco se contrai de tanta urgência, indicando o que está acontecendo:

     O meu cio chegou.

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A MARCA DO LOBO [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora