— Você está falando sério? — meu agente me olha como se eu tivera acabado de confessar um assassinato.
— Sim! — afirmo, perdendo a paciência.
— Liam, vamos ser sinceros. — ele apoia uma de suas mãos no meu ombro. — Você está no auge da sua carreira, turnês marcadas, shows lotados e milhares de fãs, você quer mesmo mudar de estilo agora!? — ele tenta parecer calmo, mas falha.
— Você age como se eu tivesse anunciando minha saída dos palcos. — revirei os olhos. — Sim, eu tenho certeza, nada disso importa se eu não consigo me expressar através da minha própria música. — digo pela terceira vez, em menos de vinte minutos de conversa.
— Liam, por favor repense isso, eu tenho certeza de que seus fãs gosta do tipo de música que você lança atualmente, e uma mudança não seria bem-vinda agora. — força um sorriso enquanto massageia a têmpora esquerda.
— Se forem meus fãs de verdade vão me apoiar independente do estilo de música que eu gosto, eu tô cansado de cantar sobre um amor que eu nunca tive, ou de como é doloro ser traído, eu nunca nem namorei cara! — bufo passando minha mão por meus cabelos.
— Não importa, esse é o tipo de coisa que o seus fãs gostam de ouvir você cantar, e é sobre isso que você vai. Fim de papo! — ela dá as costas, e eu o xingo mentalmente.
Me jogo no sofá da sala, pensando exatamente no que eu acabei de dizer, pode parecer ridículo e que eu seja um baita de um mesquinho, mas é o que eu sinto no momento, em um pouco mais de dois anos de carreira, eu ganhei muitos fãs, dinheiro, e sério, eu amo isso. Porém faz muito tempo desde que eu realmente sinto o que eu canto, e não me leve a mal, mas eu não consigo me adaptar a tudo isso, até quando eu vou ter que fingir sentir essas coisas? Ultimamente eu tenho sido mais um ator do que cantor.
Eu só quero que saibam como me sinto através das minhas músicas e sinceramente eu odeio cada uma delas na qual eu sequer senti o que está descrito em suas letras.
Pego meu violão e me sento na varanda do meu apartamento, apenas admirando a bela vista que o mar de LA me proporciona.
Meu produtor sempre me disse para não desperdiçar uma oportunidade de compor. Começo a dedilhar meus dedos sobre a corda, tentando entender o que eu sinto, pra transpassar isso na letra, quando acho o tom que eu queria logo começo a cantarolar o que vem em minha mente.
— Misture as cores da paleta, escolha o seu filtro. — começo. — Qual versão de mim você vai querer? Eu sou aquele que vai mudar seu mundo, eu sou seu filtro. Me coloque no seu coração.
Escrevo tais palavras com pressa no bloco de papéis que eu deixava na mesinha de centro, caso eu tivesse uma inspiração do nada.
— Ui, tá apaixonado? — a voz de Dylan, meu melhor amigo e produtor soa.
— Até parece. — reviro meus olhos.
— Ué, achei que a música que estava cantando era sobre isso. — ele se senta ao meu lado.
— Merda, nem quando estou com inspiração sai algo bom. — coloco meu violão de lado e passo minha mão pelo meu cabelo, frustração é tudo o que sinto.
— Calma cara, você está nessa a meses, sem querer colocar pressão, mas você tem que apresentar pelo menos quatro músicas até o final do mês que vem, você sabe, a turnê tá chegando e a agência já anunciou álbum novo.
— Sem pressão disseram, mas é uma merda, eu sequer tenho liberdade artística e ainda me obrigam a escrever aquelas porcarias.
— Não fale assim das suas músicas, tenho certeza que você vai conseguir. — ele tenta me consolar, mas é em vão.
— Que merda de cantor eu sou? — Dylan me interrompe.
— Pega leve com você. — não o deixo terminar.
— Fala sério Dylan, eu não consigo nem compor uma música de dois minutos que faça sentido.
— Eu sei o que pode te ajudar. — ele sorri de repente.
— Eu não vou pra balada alguma Dylan. — o aviso, observando a paisagem a diante.
— Dessa vez não é um convite pra balada, dessa vez. — se põe de pé na minha frente.
— Você tá me assustando cara. — o encaro.
— Eu conheci uma garota na faculdade, e cara ela compõe bem pra caralho, eu acho que se você pedir a ajuda dela, talvez ela aceite. — ele diz animado.
— Sei não em cara, o meu agente já disse que é pra eu manter o mesmo conceito. — explico.
— Cara, eu sou seu produtor, que se dane o que ele disse, tenho certeza de que ela pode te ajudar.
— Ok, quem é? — pergunto.
— O nome dela é Zoe, ela deve ser uns dois anos mais nova que a gente, mas acredite ela 'manja muito na composição.
— Você tem alguma música dela, porque se ela é tão foda assim, por que eu nunca ouvi falar dela?
— Cara eu tenho certeza que você pelo já escutou uma música dela, e ela foi a compositora principal da sua faixa de estréia. — o olho genuinamente surpreso.
— Que? Como eu não sei quem é ela?
— Cara, ela só apareceu no estúdio uma única vez, e foi pra ter certeza que eu não tinha estragado a composição dela. — ele diz rindo. — Talvez você não estivesse naquele dia. — dá de ombros, se sentando novamente.
— Eu estou sempre no estúdio, e na minha época de estréia principalmente. Tem certeza de que eu nunca a vi? — minha curiosidade só aumentava.
— Cara ela é linda, se você a tivesse visto tenho certeza de que se lembraria. — ele diz olhando para o nada. — Antes que eu me esqueça, seja gentil com ela, independente da maneira como ela te trate.
— Que papo estranho é esse?
— Enfim, ela está de mudança pra cá de qualquer forma então vai ficar mais fácil pra você falar com ela.
— Onde ela trabalha?
— Cara, ela é a minha mais nova assistente. — ele diz com um sorriso convencido.
— Ok, deixa eu entender, uma compositora extremamente foda.— faço aspas com as mãos. — Se muda de sei lá aonde pra ser sua assistente? Fala sério, eu acho que é melhor eu tentar compor sozinho.
— Você continua o mesmo cabeça dura de sempre Liam, mas eu te garanto se falar com ela não vai ser arrepender, afinal não é todo dia que se tem a oportunidade de ser ajudado pela compositora de easy on me. — fico abismado com a sua revelação.
— Por quê raios a compositora da Adele vai ser sua assistente? — pergunto, ainda muito confuso com toda a história.
— Ela tem os motivos dela. — diz simplista. — Apenas faça o que eu disse, e se no final não der certo, eu te dou meu carro preferido. — sorrio.
— Você confia tanto assim nela? A ponto de abrir mão da sua Ferrari? — sorrio de canto. — Vai ser um prazer descobrir que você está á bajulando atoa.
_
Olá pessoas, escrevi essa história a um bom tempo, e recentemente decidi voltar com ela. Só explicando que as músicas "compostas" nesse livro, já existem, e obviamente não fui eu quem às fez. Espero que amem essa história tanto quanto eu! ~marya
VOCÊ ESTÁ LENDO
Minha doce melodia
RomanceZoe Zigller é uma jovem compositora de 23 anos, que recentemente começou a trabalhar como assistende em uma agência de música, com um passado turbulento e um relação ruim com a família, ela tenta a todo custo fugir de seus problemas. Ela só não cont...