Uma semana do meu tal "acordo" com Dylan, ele me disse que a tal Zoe chegou a cidade a pelo menos uns três dias, confesso que me perguntei se eu realmente cheguei ao ponto de pedir ajuda á alguém para compor, isso soa tão patético, mas enfim com uma Ferrari em jogo, eu posso ignorar esse sentimento de vergonha.
Entro pela porta da gravadora e vou direto á sala do meu amigo.
— Pronto pra perder sua Ferrari? — sou recebido com um rolar de olhos e sorrio convencido.
— Eu confio nela cara, não é atoa que a contratei, em breve pretendo a lançar como uma cantora da nossa gravadora. — contenho a minha vontade de rir com tais palavras.
— Zoe venha a minha sala por favor. — Dylan diz, enviando um áudio. Não demora nem um minuto e escuto três batidas na porta. — Pode entrar.
— Licença. — ela diz, com um olhar sério e a postura reta.
— Zoe, quero te apresentar meu amigo e o cantor principal dessa agência. — pela primeira vez desde que entrou no cômodo ela me encara, um olhar frio e intimidante.
— Você já deve me conhecer, mas é um prazer te conhecer. — estendo minha mão em sua direção.
— Perdão, qual o nome do Senhor mesmo? — ela franze a testa, e Dylan segura uma risada.
— Prazer senhorita Zoe, me chamo Liam. — forço um sorriso.
— Pode me chamar apenas de Zoe. — ela tem um sorriso no canto de sua boca, e por um momento me sinto um trouxa por ainda estar com a mão estendida. — O que você precisa Dylan? — me assusto com seu tom informal.
— Era apenas isso Zoe, mas acho que o Senhor Liam tem algo a te dizer. — ele sorri, o corno deve estar se divertindo com tudo isso.
— Ok, no que posso ser útil? — ela se vira pra mim novamente, com o mesmo olhar frio.
— Dylan me contou que você foi a compositora da faixa principal do meu álbum de estréia. — sua feição muda rapidamente, ela parece incomodada com o assunto. — Enfim, eu tenho um álbum pra entregar até o fim do mês que vem, eu gostaria da sua ajuda na composição.
— Peço perdão, mas isso não será possível. — ela diz, seu rosto contorcido em uma carranca que eu não consigo decifrar.
— Por que? — arqueio a sombrancelha.
— Eu não componho mais senhor Liam. — ela força um sorriso. — Lamento, mas não posso te ajudar. — olho pra Dylan que estava vermelho segurando a risada, ele sabia disso o tempo todo.
— Nenhum chance de você voltar a fazer isso? — ela ergue seu olhar pra mim novamente, e por um segundo juro que seus olhos ganharam um brilho, que logo sumiu.
— Nenhuma, compor é algo que não está nos meus planos. — ela acena com a cabeça e saí da sala.
— Pelo visto a Ferrari ainda é minha. — ele gargalha.
— Você poderia ter me avisado. — bufo me sentando.
— Até parece, mas cara é sério, você tem pouco mais de dois meses pra compor um monte de música, dá seus 'pulos e tenta convencer ela. — ele diz bebendo algo.
Faz dois dias desde que falei com a garota — pela segunda vez. E fui reijeitado novamente, sério? Qual o 'rolê dela com composição? Porque sinceramente, parece muito que ela tem algum tipo de trauma com isso.
Saio apressado do meu apartamento e sem querer trombo em uma pessoa, derramando meu suco em sua roupa, que pelo visto é branca.
— Ótimo. — ergo o meu olhar e reconheço a dona da voz. — Ah, é você. — diz com ironia, e recebo um revirar de olhos da sua parte.
— Desculpa, eu não te vi. — explico.
— Eu conheço um ótimo oftalmologista, se quiser posso passar o contato dele. — finge sorrir.
Que se dane o que Dylan falou sobre tratar ela bem independente das cricunstâncias.
— Qual foi garota, não precisa ser tão grossa assim. — reajo. — Eu te trato bem desde a primeira vez que eu te vi, então tenta ser no mínimo educada.
Assim que chego a gravadora espero Dylan terminar sua reunião e vejo Zoe se sentar em sua mesa, em um momento sequer olha pra mim. Enquanto espero por meu amigo penso em várias formas de fazer a mulher em minha frente aceitar minha proposta, mas nada me vem a cabeça.
— Bom dia Zoe. — Dylan diz saindo de sua sala. — Vem logo corno.
— Sempre tão amoroso. — forço uma voz fina e reviro meus olhos.
— Anda logo, temos que começar aquela música. — quando ele diz, Zoe o encara de modo curioso.
O sigo até o estúdio, ficamos lá por horas e nada saí. Eu só tinha a parte que veio na minha cabeça dias atrás, e Dylan só é bom em produzir, eram quase quatro horas quando de repente Zoe entra na sala.
— Aqui está sua comida. — ela diz carregando umas sacolas.
Nota que ela estava com uma blusa social azul marinho, com detalhes de renda na manga, uma saia preta estilo secretaria, uma meia calça preta e sapatos de plataforma da Gucci. A julgar que ela mora em um condomínio com vista para a praia, pelo visto além de mal educada ela tem bastante dinheiro.
— Que bom que veio, precisamos da sua ajuda nisso aqui. — aponta para o computador, onde tentávamos escrever a música.
— Não acho que posso ser útil com isso, desculpe. — ela tenta se afastar.
— Zoe, por favor. — ela se vira e nos encara. — Estamos o dia inteiro, e não conseguimos nada decente.
— Lamento, mas eu realmente não posso ajudar com isso. — ela diz sem graça e saí da sala. Bufo e me debruço sobre a mesa.
— Vamos comer, antes que nossas cabeças explodam de tanto pensar. — concordo com a cabeça e mordo um pedaço do sanduíche.
Eu acho bom eu comprar meus remédios pra enxaqueca, os próximos meses prometem me dar muita dor de cabeça.
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Minha doce melodia
RomanceZoe Zigller é uma jovem compositora de 23 anos, que recentemente começou a trabalhar como assistende em uma agência de música, com um passado turbulento e um relação ruim com a família, ela tenta a todo custo fugir de seus problemas. Ela só não cont...