002_Grosseria

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Uma semana do meu tal "acordo" com Dylan, ele me disse que a tal Zoe chegou a cidade a pelo menos uns três dias, confesso que me perguntei se eu realmente cheguei ao ponto de pedir ajuda á alguém para compor, isso soa tão patético, mas enfim com uma Ferrari em jogo, eu posso ignorar esse sentimento de vergonha.

Entro pela porta da gravadora e vou direto á sala do meu amigo.

— Pronto pra perder sua Ferrari? — sou recebido com um rolar de olhos e sorrio convencido.

— Eu confio nela cara, não é atoa que a contratei, em breve pretendo a lançar como uma cantora da nossa gravadora. — contenho a minha vontade de rir com tais palavras.

— Zoe venha a minha sala por favor. — Dylan diz, enviando um áudio. Não demora nem um minuto e escuto três batidas na porta. — Pode entrar.

— Licença. — ela diz, com um olhar sério e a postura reta.

— Zoe, quero te apresentar meu amigo e o cantor principal dessa agência. — pela primeira vez desde que entrou no cômodo ela me encara, um olhar frio e intimidante.

— Você já deve me conhecer, mas é um prazer te conhecer. — estendo minha mão em sua direção.

— Perdão, qual o nome do Senhor mesmo? — ela franze a testa, e Dylan segura uma risada.

— Prazer senhorita Zoe, me chamo Liam. — forço um sorriso.

— Pode me chamar apenas de Zoe. — ela tem um sorriso no canto de sua boca, e por um momento me sinto um trouxa por ainda estar com a mão estendida. — O que você precisa Dylan? — me assusto com seu tom informal.

— Era apenas isso Zoe, mas acho que o Senhor Liam tem algo a te dizer. — ele sorri, o corno deve estar se divertindo com tudo isso.

— Ok, no que posso ser útil? — ela se vira pra mim novamente, com o mesmo olhar frio.

— Dylan me contou que você foi a compositora da faixa principal do meu álbum de estréia. — sua feição muda rapidamente, ela parece incomodada com o assunto. — Enfim, eu tenho um álbum pra entregar até o fim do mês que vem, eu gostaria da sua ajuda na composição.

— Peço perdão, mas isso não será possível. — ela diz, seu rosto contorcido em uma carranca que eu não consigo decifrar.

— Por que? — arqueio a sombrancelha.

— Eu não componho mais senhor Liam. — ela força um sorriso. — Lamento, mas não posso te ajudar. — olho pra Dylan que estava vermelho segurando a risada, ele sabia disso o tempo todo.

— Nenhum chance de você voltar a fazer isso? — ela ergue seu olhar pra mim novamente, e por um segundo juro que seus olhos ganharam um brilho, que logo sumiu.

— Nenhuma, compor é algo que não está nos meus planos. — ela acena com a cabeça e saí da sala.

— Pelo visto a Ferrari ainda é minha. — ele gargalha.

— Você poderia ter me avisado. — bufo me sentando.

— Até parece, mas cara é sério, você tem pouco mais de dois meses pra compor um monte de música, dá seus 'pulos e tenta convencer ela. — ele diz bebendo algo.

Faz dois dias desde que falei com a garota — pela segunda vez. E fui reijeitado novamente, sério? Qual o 'rolê dela com composição? Porque sinceramente, parece muito que ela tem algum tipo de trauma com isso.

Saio apressado do meu apartamento e sem querer trombo em uma pessoa, derramando meu suco em sua roupa, que pelo visto é branca.

— Ótimo. — ergo o meu olhar e reconheço a dona da voz. — Ah, é você. — diz com ironia, e recebo um revirar de olhos da sua parte.

— Desculpa, eu não te vi. — explico.

— Eu conheço um ótimo oftalmologista, se quiser posso passar o contato dele. — finge sorrir.

Que se dane o que Dylan falou sobre tratar ela bem independente das cricunstâncias.

— Qual foi garota, não precisa ser tão grossa assim. — reajo. — Eu te trato bem desde a primeira vez que eu te vi, então tenta ser no mínimo educada.

Assim que chego a gravadora espero Dylan terminar sua reunião e vejo Zoe se sentar em sua mesa, em um momento sequer olha pra mim. Enquanto espero por meu amigo penso em várias formas de fazer a mulher em minha frente aceitar minha proposta, mas nada me vem a cabeça.

— Bom dia Zoe. — Dylan diz saindo de sua sala. — Vem logo corno.

— Sempre tão amoroso. — forço uma voz fina e reviro meus olhos.

— Anda logo, temos que começar aquela música. — quando ele diz, Zoe o encara de modo curioso.

O sigo até o estúdio, ficamos lá por horas e nada saí. Eu só tinha a parte que veio na minha cabeça dias atrás, e Dylan só é bom em produzir, eram quase quatro horas quando de repente Zoe entra na sala.

— Aqui está sua comida. — ela diz carregando umas sacolas.

Nota que ela estava com uma blusa social azul marinho, com detalhes de renda na manga, uma saia preta estilo secretaria, uma meia calça preta e sapatos de plataforma da Gucci. A julgar que ela mora em um condomínio com vista para a praia, pelo visto além de mal educada ela tem bastante dinheiro.

— Que bom que veio, precisamos da sua ajuda nisso aqui. — aponta para o computador, onde tentávamos escrever a música.

— Não acho que posso ser útil com isso, desculpe. — ela tenta se afastar.

— Zoe, por favor. — ela se vira e nos encara. — Estamos o dia inteiro, e não conseguimos nada decente.

— Lamento, mas eu realmente não posso ajudar com isso. — ela diz sem graça e saí da sala. Bufo e me debruço sobre a mesa.

— Vamos comer, antes que nossas cabeças explodam de tanto pensar. — concordo com a cabeça e mordo um pedaço do sanduíche.

Eu acho bom eu comprar meus remédios pra enxaqueca, os próximos meses prometem me dar muita dor de cabeça.

Minha doce melodiaOnde histórias criam vida. Descubra agora