Capítulo 7

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MAX MAYFIELD ISLEY

"Há uma casa feita de pedras

Chão de madeira, paredes e parapeitos das janelas

Mesas e cadeiras cobertas por toda a poeira

Este é um lugar em que não me sinto sozinho

Este é um lugar onde me sinto em casa."

O resultado do teste de DNA saiu.

É engraçado porque mesmo com a confissão da minha mãe e a carta que ela deixou, além das semelhanças físicas óbvias entre Ivy e eu, me deu um frio na barriga quando fomos buscar o resultado do exame. Só que eu notei que Pamela também ficou nervosa.

Nós abrimos o envelope em casa, tensas. Uma olhando para a outra em silêncio. Ela leu primeiro. Eu vi um alívio em seu rosto e pensei por um momento que eu não fosse sua filha, mas quando peguei o exame em mãos, meu coração disparou ao ter a confirmação de que eu estava diante da minha outra mãe.

Nós nos olhamos com lágrimas nos olhos e instintivamente corri para abraçá-la. Em silêncio, apenas nos seguramos. Acho que foi nosso momento mais intenso até agora. Mais até do que aquela discussão na outra semana.

À noite, quando estamos livres, eu da escola e da companhia da Harley, e Pamela do seu trabalho, a gente se reúne na sala onde tem o piano e praticamos. Ainda estou aprendendo o básico, conhecendo cada nota, treinando uma música clássica fácil de ser tocada.

Harley e Ivy não se viram mais, porém eu noto como ambas tentam discretamente (ou não tão discretamente assim) perguntar uma da outra para mim, como se eu fosse uma ponte de ligação. É engraçado, mas meio idiota.

São duas adultas que moram de frente uma para a outra. Tipo, o que custa ir até a porta e tocar a campainha?

Ok, eu sei que não é questão de distância. A dificuldade delas é admitir que o que rolou na outra noite significou algo a mais. Porque só isso pode explicar a forma abobalhada que agem ao falar uma da outra. Especialmente Ivy, que desde o começo me mostrou ser uma mulher controlada e quase sem emoções. Mas eu vejo através da sua pose. Eu vejo no brilho dos seus olhos que ela gosta de mim. Assim como gosta de Harley também.

Já faz um mês que estou aqui.

Cada dia me sinto mais à vontade. Ivy e eu nunca mais discutimos. Eu obedeço suas regras, que na verdade são o básico para uma boa convivência. Só às vezes a gente tem pequenas faíscas, porque eu sou meio desorganizada e tenho mania de deixar meus sapatos espalhados pela casa assim como outros objetos. Daí Ivy fica me seguindo até o quarto, carregando o que eu deixei para trás e resmungando sobre limpeza e arrumação. É chato, mas divertido.

Eu tenho muita dificuldade com exatas. Ela tem me ajudado nisso também.

A cada dia consigo enxergar melhor Ivy. Por trás da fachada de perua burguesa sem coração, existe um ser humano generoso, que se importa com todas as causas do mundo, que luta pelo que acredita, que inspira outras pessoas a fazerem isso em seus gestos.

Ivy é educada, gentil, trata todo mundo bem em todos os lugares que nós vamos. Curiosamente, apesar de ser fechada, ela é tão simpática que todo mundo se atrai - e acho que ela sequer percebe isso, o que é ainda mais legal.

Ela não me conta muita coisa do passado, mas sei que meus avós já morreram. Eu percebo que o assunto não parece deixá-la confortável, então me limito a não trazê-lo à tona, embora eu quisesse saber absolutamente tudo, pois sou terrivelmente curiosa, mas também porque... Sei lá. Eu quero conhecer Ivy cada vez mais, afinal... Ela é... Minha mãe... ?!

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