Nevrálgico

24 5 9
                                    

– Capítulo 3 –

Nevrálgico

"Era domingo e o clima estava fresco depois de uma sequência de dias invernais. Will e ele, ou melhor, Oliver e Vincenzo estavam aproveitando o sol para tomar café da manhã ao ar livre. Um bonito conjunto de mesa e cadeiras externas foram postas no quintal próximo a pequena estufa que Hannibal havia construído pouco depois de se mudarem.

Bolo, pães, queijos e frutas. Essas foram as comidas preparadas.

— Somos apenas dois. — foi o único comentário que Will fez ao se deparar com tudo aquilo. Ele tinha adquirido aquele costume, de fazer observações sobre o comportamento de Hannibal, mas sem realmente fazer critério sobre aquilo.

— É sempre bom ter opção. — Lecter retrucou sorrindo para receber um olhar cerrado.

— Alguns hábitos nunca mudam.

— Assim como meu sentimentos por ti. — deleitou-se ao ver ele crispar os lábios e virar o rosto, as orelhas tingidas em vermelho.

Não é do feitio de Hannibal proferir declarações tão abertas, por outro lado aprecia tanto as reações desconcertadas do companheiro, que tornou aquilo um hábito. Chamá-lo por nomes carinhosos e afirmar sua afeição em qualquer oportunidade, seja pública ou privada. Will raramente retribui com palavras. Como respostas aos gracejos, seu inconsciente busca por seu toque. Como agora que seus dedos afagam os do lituano.

Um som de latido estourou a bolha do casal. Nana, que até então aproveitava o sol deitada aos pés de seu dono, agora latia animada para as figuras que surgiram próximas a cerca.

— Bom dia! — cumprimentou Cristina com um bonito sorriso.

Cristina era a vizinha. Uma mulher jovem e bonita, bastante amigável. Vivia só com a filha de 7 anos de quem cuidava com muito carinho desde a morte do marido. Ela trabalhava em casa e era conhecida na vizinhança por nunca negar ajuda quando pedida.

— Bom dia. — era a vez da menina dar o ar das graças.

O casal se dava bem com a dupla, eram agradáveis e prestativas desde sua chegada à casa. Nada que ultrapassasse os parâmetros da boa vizinhança. Seu relacionamento veio a existir por conta da criança que se encantou com a cadela de Will e o animal parecia ter um sentimento recíproco. O que a fez ganhar a atenção do moreno.

Sempre que possível a garota brincava com o bicho com a permissão do dono e sob a vigilância implacável da mãe.

Hannibal se interessou por outro motivo.

— Nós vamos aproveitar o clima para fazer um pequeno piquenique no lago e queremos convidar vocês. — a mulher faz o convite. — Como são novos por aqui.

Os dois homens se encaram, conversando silenciosamente. Hannibal pareceu achar a ideia agradável. Will por outro lado não parecia muito inclinado a aceitar. Diferente da borboleta social que seu marido era, ele não apreciava tanto convenções interpessoais. Porém não podia ser tão recluso, chamaria atenção.

Vestindo sua costumeira máscara, aceitaram.

O lago não estava congelado, o que já era uma vitória.

Em algum momento, a menina sai para brincar com outras crianças, se afastando um pouco e saindo de seus campos de visão. Pouco tempo depois a mãe, que recebeu uma ligação do trabalho, perguntou educadamente se o casal poderia chamar a filha para poderem ir embora.

Não era uma tarefa difícil, os cabelos ruivos da garota pouco se misturava na paisagem.  Estranhamente demorou um pouco. Quando a encontraram, ela estava em uma área mais isolada e arrastava um cadáver.

The bad seeds planting
 Onde histórias criam vida. Descubra agora