Megh

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Ouvi alguém me chamar.

– Ei.

Me virei e vi uma garota: os cabelos dela estavam presos em um coque frouxo, ela tirou os óculos escuros, seus olhos era em um tom de mel bem claro.

– Você quase fez que eles me percebessem.

Olhei meio confusa.

– Hãn?

– Eu estava olhando a peça, atrás de você.

– Então, foi você que chutou a minha cadeira.

– Me desculpe é que se eles me percebessem não entraria de forma alguma para o grupo.

– Me desculpe.

– Tudo bem. Ah, eu sou a Margareth, melhor dizendo, Megh.

– Eu sou a Roseline, Rose.

– Você se mudou pra cá faz pouco tempo né?

– Sim, como você sabe?

– Aqui todo mundo se conhecesse, e você não parece ser daqui, você deve ser novaiorquina não?

– Eu sou de Los Angeles.

– Por que veio pra cá?

Começamos a caminhar.

– Meu irmão conseguiu uma faculdade aqui.

– Entendi. Já conheçeu a cidade toda?

– Não, só o teatro mesmo.

– Então vamos lá, tem mais algumas coisas para mostrar.

Ela me mostrou a praça, o Fliperama e mais algumas coisas e então, um tempo depois, nós sentamos para comer alguma coisa na cafeteria.

– Só tem essa delegacia?- perguntei

– Sim, o pai do meu primo trabalha lá.

– Minha mãe é policial, talvez ela trabalhe ai. E a escola? Tem só uma também?

– Sim,só uma.

– Acho que pequeno é elogio para essa cidade.

– Você logo se acustuma.

– Eu espero. Ei, quando ta calor o que vocês fazem por aqui? Já que não tem praia?

– Na floresta tem um lago.

– O quintal da minha casa é a floresta.

– Nossa, seus pais pagaram o maior dinheiro.

– Prefiro L.A ainda!

– L.A tem uma coisa que aqui não tem mas faz muita falta.

– Só uma?

– Ta, umas duas.

– O que?

– Shopping!

– Eu até não sobreveviria, mas não sou patricinha, meu negócio é teatro mesmo.

– Sério? Desde quando você faz teatro?

– Desdos meus 7 anos!

– Nossa.

– Por que você estava escondida olhando o ensaio de uma peça?

– Eu fui expulsa do grupo ano passado, porque eu e um garoto que fazia parte do grupo começamos a namorar e não pode.

– Por que?

– Sei lá, é só mais uma regra idiota.

– Aquele é o grupo da escola?

– Não, é mais importante, é o da cidade.

– E o da escola? Faz parte?

– Sim.

Fiquei conversando com ela até 18:30, e então decidi ir pra casa.

Abri a porta de casa e não havia ninguem, subi para o meu quarto, e me sentei na escrivaninha. A janela se abriu com o vento e tudo começou a voar, subi na cama e com muito esforço, assim que consegui fechar, olhei lá pra baixo e vi a floresta, ia descer pra dar uma olhada, quando meu celular começou a tocar.

– Hey- ouvi uma voz masculina do outro lado da linha

– Alô?

Vish, já esqueceu de mim?

Reconheci a voz do Ty.

– Ty, Hey!

– Já arranjou outro melhor amigo?

– Claro que não seu bobo, o teu lugar ninguém ocupa.

Ele riu.

– Fofa. Eai, como é ai?

– Chato!

– Por que? Não tem um teatro?

– Ter, tem, mas isso tudo é muito pequeno.

– Combina com você então.

– Engraçadinho, dormiu com o bozo hoje?

– Não, tenho medo de palhaços

Eu ri.

– Aí tem praia?

– Não, mas tem um lago na floresta.

– Um lago? Na floresta? Uma floresta?

– É, muito estranho, como tudo aqui, mas o que é mais bizarro é que meu quintal é a floresta.

– Eu tenho que te visitar!

– Venha, aproveite e troque de lugar comigo.

– Até trocaria mas temos alguns problemas, eu não sou uma garota, não tenho cabelos louros, muito menos olhos azuis, e, principalmente, não sei atuar.

– Tem algo chamado peruca e outro lentes.

– E atuar?

– Eu te ensino.

Ele riu.

– As aulas vão ser tão chatas sem você aqui, não vai ter nenhuma garota chatinha me mandando calar a boca e copiar, não vou ter quem conversar.

– Pare, você tem muitos amigos e amigas!

– Nenhum é como você!

– Você vai me fazer começar a chorar.

– Desculpa mas não chora não.

– Mas vai passar rápido e nas férias eu vou para aí, ou você vêm pra cá.

– Ok, tenho que ir, te ligo amanhã ta?

– Ta.

– Beijos.

–Beijos.

Um Novo Recomeço - Dylan O'BrienOnde histórias criam vida. Descubra agora