Capitulo IV

170 9 2
                                    

Allegra Delgado:

Enchi a banheira e coloquei os meus sais preferidos e adentrei-a, um banho relaxante iria auxiliar nas dores musculares que eu estava sentindo. Passei um longo tempo ali, com os meus olhos fechados.
Me enrolei no roupão e peguei o secador e a minha escova, passei uma eternidade para conseguir os escovar, mesmo que eu tivesse retirado as pontas em Miami, eles estavam gigantes e eu não tinha coragem de os cortar, pois eu tinha ciúmes dos meus cabelos. Passei um perfume suave e saí do banheiro.
Me sentei na minha penteadeira e fiz uma make mais pesada, pintando os meus lábios de vermelho e destacando os meus olhos, deixando-os sedutores da maneira que Hector gostava. Eu tinha escolhido um vestido preto, tubinho, ele era básico e elegante, perfeito para um jantar informal. Calcei um scarpin preto e peguei uma bolsa pequena jogando a minha carteira o batom e o celular dentro dela.
Peguei a chave do carro que estava sobre o aparador e mandei uma mensagem para Hector avisando que eu estava de saída, eu sabia que se eu demorasse era capaz dele ir embora e me deixar jantar sozinha e isso iria me deixar ainda mais furiosa do que eu já me encontrava.
Estranhei José não estar me seguindo naquela noite, mas não liguei, já que ele deveria estar ciente de que eu iria jantar com o seu patrão e Hector tinha os seus seguranças de confiança que estavam sempre a distância do seu olhar.
— Senhorita Delgado! – Exclamou a recepcionista sorrindo. — Irei lhe acompanhar até a sua mesa, por favor me acompanhe.
Eu sorri e a acompanhei até o terraço do restaurante, mas o meu sorriso começou a desaparecer quando eu vi que não havia ninguém a minha espera. Agradeci a recepcionista e ela perguntou se eu iria querer que o metre me atendesse e eu disse que estava à espera de alguém e que assim que ela chegasse eu iria chamar.
Tirei o meu celular de dentro da bolsa e liguei para Hector, o celular estava desligado e eu serrei as minhas mãos irritadas, mandei mais algumas mensagens, mas ele não respondeu a nenhuma delas. O restaurante estava cheio e as pessoas estavam começando a me encarar e cochichar fazendo com que eu começasse a me sentir envergonhada por estar ali sozinha. Eu nunca iria perdoar Hector por me fazer passar por aquela humilhação.
— Senhorita Delgado! – Exclamou o metre sorrindo e me entregando a carta de vinhos. — Aceita uma recomendação?
— Por favor. – Pedi sorrindo.
— O prato do dia é cordeiro ao molho de ervas, todos os clientes estão elogiando, esse prato combina perfeitamente com um Pinot Noir. – Recomendou ele e eu sorri.
— Traga uma garrafa de Pinot Noir. – Pedi e ele concordou sorrindo. — E peça para que o garçom se aproxime, meu acompanhante teve problemas e eu irei jantar sozinha.
Ele concordou e se afastou e eu fiz o meu pedido para o garçom enquanto degustava o delicioso vinho que tinha sido recomendado. A comida estava deliciosa, a carne de carneiro estava desfiando e os acompanhamentos estavam no ponto, a comida daquele restaurante era divina, mas a minha boca estava com um gosto amargo da decepção, comi um petit gâteau de sobremesa.
— A conta, por favor. – Pedi quando o garçom se aproximou para trazer o meu café.
— A conta foi paga pelo senhor Esteban. – Avisou ele e eu revirei os olhos. — Ele pediu para que a senhorita tivesse uma experiencia única essa noite.
— Obrigado. – Agradeci e beberiquei o café. — Leve os meus parabéns ao chefe, a comida estava excelente.
Ele se afastou e eu terminei o meu café antes de sair do restaurante discretamente, já que as pessoas sempre comentavam sobre a minha posição e eu não gostava de ouvir as piadas ou risadas de alguns inconvenientes.
Entrei no meu carro furiosa e peguei o meu celular e mandei uma mensagem para Maria perguntando se elas ainda estavam no bar e ela respondeu que se eu quisesse me juntar a elas seria muito bem-vinda.
Dirigi na direção do bar e entrei vendo que elas estavam sentadas em uma das mesas perto do palco e pedi uma tequila para o garçom assim que me sentei.
— Conseguiu convencer o namorado de deixar você sair de casa? – Perguntou Maria rindo e jogando o seu corpo na minha direção, ela já estava bêbada. — Eu pensei que você não viria, até fizemos uma aposta, parece que eu irei perder o meu precioso dinheiro, estou odiando você nesse momento Allegra.
— Aquele imbecil não manda na minha vida. – Afirmei virando a tequila e sentindo rasgar. — Outra, não pare de trazer até eu tiver inconsciente.
— Vamos brindar. – Falou Maria levantando o seu copo. — A noite das garotas.
Bati o meu copo no dela e virei a tequila. Não sei quantos copos eu já tinha virado, mas o meu corpo estava leve e eu estava rindo por qualquer coisa e sair com as garotas foi a melhor escolha que eu tomei na minha vida, pois eu tinha esquecido de todos os meus problemas e bebido até não aguentar mais.
Me despedi delas e cambaleei até o meu carro, dei uma risada quando deixei as chaves caírem no chão e quase não consegui me levantar. Destravei o carro com dificuldade e sentei-me, apoiando os meus braços no volante e a minha cabeça nos braços.
Cochilei e isso foi extremamente perigoso, mas quando retornei para a realidade eu estava levemente melhor, o que fez com que eu desse partida no carro. O caminho até o meu apartamento era tranquilo naquele horário, quase não havia trânsito, então tudo que eu tinha que fazer era chegar viva em casa e ninguém nunca iria descobrir sobre o meu pequeno delito.
Xinguei quando vi uma blitz policial, aquilo era tudo que não poderia acontecer naquela noite. O policial fez sinal para que eu parasse e eu coloquei o meu melhor sorriso no rosto e abaixei o vidro e ele pediu os documentos do carro e a minha carteira de motorista.
— Boa noite. – Saudei sorrindo e ele arqueou a sua sobrancelha. — Aqui estão os documentos, autoridade.
— A senhora fez uso de bebidas alcoólicas? – Perguntou ele e eu dei uma risada. — Por favor desça do veículo.
— Eu devo falar a verdade ou mentir? – Perguntei o encarando. — Se eu sair do carro o senhor irá me prender e eu não quero terminar a minha noite em uma delegacia. Se eu lhe contasse o que me aconteceu você iria ficar com pena de mim, policial.
— Eu não quero usar força, senhorita. – Avisou ele e eu neguei. — Irá sair algemada se continuar se negando a cumprir as minhas ordens.
Eu apenas dei uma risada e encostei o meu rosto no vidro e fechei os meus olhos, aquele policial estava tentando me prender e eu não iria sair do meu carro, ele não sabia com quem estava mexendo.
Meu corpo saiu no chão quando a porta foi aberta com violência e eu fiz um biquinho choroso sentindo os meus cotovelos doerem e o polícia me colocou de costas para o chão puxando os meus braços com força para trás.
— O que você pensa que está fazendo? – Perguntou outro homem se aproximando dele. — Você quer nos fazer perder o nosso emprego? Por isso você não deveria sair para as ruas, é um imbecil, tire essas algemas imediatamente.
— Não irei fazer isso. – Rosnou ele puxando-me e forçando-me a ficar de pé. — Ela se recusou a sair do carro quando eu ordenei e está alcoolizada, irei lhe levar para a delegacia, uma noite no xadrez irá fazer com que ela aprenda a não desafiar uma autoridade.
— Sei imbecil você nunca deveria ter tocado nessa mulher. – Rosnou ele virando-me e tirando as algemas dos meus pulsos. — Desculpe-nos por isso senhorita Delgado, o meu parceiro é acéfalo, ele não sabe com quem está lidando. Por favor, não nos denuncie para o senhor Esteban.
— Eu acho que conheço você. – Balbuciei sorrindo e ele me colocou sentada no banco do meu carro. — Nós já nos encontramos antes.
— Sim, em um jantar na casa do senhor Esteban. – Falou ele e eu concordei. — Tem alguém que eu possa ligar para vir buscar a senhorita, não é seguro dirigir embriagada, não queremos que a senhorita acabe se machucando por conta de uma imprudência.
Eu neguei e ele se afastou encarando o seu parceiro furiosamente e o homem começou a me pedir desculpas e eu apenas o ignorei. Um enjoo tomou conta do meu corpo, fazendo com que eu colocasse a minha cabeça no meio das pernas e vomitasse nos seus sapatos e ele apenas sorriu e se afastou indo buscar uma água para que eu bebesse.
— José! – Exclamei sorrindo quando ele colocou a mão no meu ombro. — Os policiais ligaram para você? Como eles tinham o seu número?
— O senhor Esteban ligou e pediu para que eu viesse buscar a senhorita. – Respondeu ele e eu fiz um biquinho magoado. — Irei levar a senhorita em segurança para casa.
— Então ele sabe? – Perguntei o encarando. — Ele deve estar furioso comigo.
— Sim ele sabe. – Concordou ele e eu me sentei no banco do carona. — O senhor Esteban está preocupado com a senhorita, ele não está bravo, não se preocupe, vocês poderão conversar com calma sobre esse assunto amanhã.
— Hector está sempre bravo. – Resmunguei. — Obrigado por ter vindo me buscar, José.
O segurança anuiu e eu coloquei a minha cabeça no vidro e acenei para os policiais quando o carro se afastava da blitz. José me levou até a porta do meu apartamento e eu agradeci antes de fechar a porta. Tirei os meus sapatos jogando-os ao lado da porta e joguei-me no sofá. Eu estava completamente ferrada.
Acordei com a minha cabeça explodindo e corri na direção do banheiro e vomitei, encostei a minha cabeça nos braços e gemi. Eu nunca mais iria beber na minha vida.
Me arrastei para dentro do box e liguei na água gelada deixando com que ela caísse sobre o meu corpo, sentei-me embaixo doa água sem forças para conseguir me levantar. Passei quase uma hora embaixo do chuveiro até conseguir me levantar e terminar o meu banho.
Fiz a minha higiene pessoal e tomei dois remédios para ressaca e depois voltei para o quarto, eu nunca mais iria aceitar sair para beber no meio da semana, eu estava podre. Peguei uma roupa no closet e a vesti lentamente e arrumei os meus materiais e saí sem comer, apenas de pensar em comida o meu estomago embrulhava. Eu estava com tão ruim que chamei um carro por aplicativo, pois eu estava sem condições de dirigir.
— Nunca mais me convide para um happy hour no meio da semana. – Ordenei jogando-me em uma das cadeiras e Maria apenas resmungou. — Minha cabeça está explodindo, parece que estão fazendo uma festa no meu cérebro.
— Shii! – Sussurrou ela colocando o seu dedo na minha boca. — Existem cinco mariachis na minha cabeça e eles não param de tocar na minha cabeça. Os professores devem estar pensando que nós somos zumbis.
— Estamos piores do que eles. – Afirmei. — Eu nem me lembro como eu cheguei em casa na noite passada.
Ela deu uma risada e o professor entrou batendo a porta com força e nos gememos, peguei o meu livro e tentei acompanhar a sua explicação, mas eu iria precisar rever toda a matéria que ele passou naquela manhã. Agradeci quando aquela aula terminou e joguei a mochila nos ombros e saí da sala me arrastando ao lado de Maria.
— Foi divertido! – Afirmou ela e eu concordei fechando os meus olhos. — Mas, eu preciso de um mês para conseguir me recuperar desse porre.
— Acho que um pouco mais. – Brinquei e ela gargalhou. — Meu fígado está chamando por piedade. Espero que não seja difícil conseguir um carro por aplicativo nesse horário, já que pela manhã foi um sacrifício.
— Eu estou de carro, se você quiser uma carona. – Ofereceu ela sorrindo. — Isso se não tiver medo de andar comigo, meu namorado disse que eu sou um perigo constante atrás da direção.
Ela gargalhou e eu lhe acompanhei, mas a minha risada se fechou quando eu vi José caminhar na minha direção. Eu tinha acordado disposta a mandar Hector para o inferno, pois eu poderia ter me esquecido como tinha chegado em casa, mas o acontecido no restaurante estava muito vivido na minha mente.
— Senhorita! – Exclamou ele curvando-se e Maria o encarou com uma sobrancelha arqueada. — O patrão está a esperando no carro e pediu para que eu lhe acompanhasse para que nada lhe acontecesse.
— Acho que a carona irá ficar para outro dia. – Falou ela colocando a mão no meu ombro. — Resolva-se com o boy, faça ele lhe pagar algo bem caro, assim ele aprender a não ser um boy tóxico.
Eu concordei e ela se afastou caminhando na direção oposta de onde estava o carro de Hector. Suspirei irritada e marchei a passos largos, eu não estava nem um pouco disposta a lhe encontrar naquele dia, mas uma negativa iria fazer com que os nossos problemas piorassem e eu não queria mais problemas para o meu lado.
— Cariño! – Exclamou ele e eu rolei os meus olhos. — Perdoe-me, eu sei que você está furiosa comigo, mas eu tenho uma explicação para o que aconteceu noite passada. Como você está? Eu fiquei preocupado quando recebi a ligação da polícia na noite passada.
— Não, já que eu estava sozinha. – Ironizei e ele bufou. — Não estou boa para conversar Hector, minha cabeça está explodindo e só de olhar para a sua raiva eu tenho vontade de socar a sua cara.
— Onde você estava noite passada? – Perguntou ele quando deu partida no carro. — Nunca pensei que seria parada pela polícia no meio da noite por estar bêbada.
— Estava com as minhas colegas da faculdade. – Respondi fechando a minha cara. — Isso é errado? Estou proibida de fazer essas coisas? Devo ficar lhe esperando em casa para lhe servir, meu senhor?
— Cariño! – Exclamou ele, eu estava irredutível, não iria deixar com que ele me comprasse com as suas palavras doces. — Você pode fazer qualquer coisa, não é proibida de fazer nada, eu apenas não quero que se machuque, quando quiser sair com as suas amigas avise a José assim não colocará a sua vida em risco.
Mordi as minhas bochechas e cruzei os meus braços, eu não iria deixar com que ele me comprasse daquela maneira. Revirei os meus olhos quando vi que ele estava seguindo para um caminho completamente diferente do que levava para a minha casa.
— Onde está me levando? – Perguntei o encarando e ele deu um pequeno sorriso. — Hector!
— Quero recompensar você por todos os erros que eu cometi. – Explicou ele e eu suspirei. — Não me trate dessa maneira cariño, parte o meu coração você me tratando dessa maneira.
— Como acha que eu me senti? – Perguntei e ele suspirou. — Todos me encararam e fofocavam enquanto eu saia daquele restaurante, poderia pelo menos mandado uma mensagem, isso faria com que eu não tivesse que me sentir tão humilhada.
— Desculpe-me. – Pediu ele estacionando o carro e segurou as minhas mãos levando-a aos lábios. — Eu tenho sido um escroto com você, fiz você passar por coisas inadmitísseis e a machuquei, nunca irei me perdoar por isso.
— Não irá conseguir me comprar apenas com as suas desculpas, Hector. – Avisei e ele deu uma risada. — O que aconteceu noite passada?
— Eu sei disso cariño e por isso eu programei toda a nossa tarde. – Respondeu ele sorrindo. — Hope passou mal e como a sua gravidez é de risco eu não poderia deixar com que ela ficasse sozinha com a surtada da minha mãe. Desculpe-me, eu nunca teria a deixado sozinho se não fosse uma emergência.
— Como ela e criança estão? – Perguntei, ela não tinha culpa de nada e era apenas mais uma vítima daquela história. — Victoria é surtada desde o dia que nasceu, você deveria a internar, assim ela não iria mais lhe dar problemas.
— Não me dê ideias, cariño. – Sussurrou ele segurando o meu queixo e forçando-me a encará-lo. — Estou perdoado?
— Não. – Respondi e ele deu uma risada. — Irá precisar de muito mais do que isso para conseguir o meu perdão, eu guardo mágoa das pessoas.
Hector riu e puxou o meu rosto na sua direção, entrelaçou as mãos nos meus cabelos e encostou os seus lábios nos meus, beijando os meus lábios de maneira carinhosamente, no começo apenas um selar demorado, depois dele deslizou os nossos lábios de maneira lenta enquanto descia as suas mãos até a minha nuca a segurando com força.
Eu não iria o perdoar por conta de um pedido de desculpas, mas eu não poderia o culpar por ter ficado ao lado da sua esposa que estava grávida, Hope merecia apenas ser bem cuidada, eu estava mais magoada pela maneira que ele tinha me tratado na segunda-feira do que por ter me deixado sozinha no restaurante.
Hector saiu do carro e abriu a porta e entrelaçou as nossas mãos em puxando para dentro do restaurante, ele tinha fechado o restaurante apenas para que tivéssemos privacidade. Todos sabiam que aquele era o restaurante mais caro da cidade, os artistas internacionais vinham apenas para conhecer aquele restaurante e comer a deliciosa comida do chefe com mais estrelas Michelin do México.
— Como conseguiu fechar o restaurante? – Perguntei quando o metre se afastou. — Você não é uma celebridade conhecida mundialmente para conseguir convencer o chefe de fechar as suas portas para o almoço.
— Acha que ele iria me negar um pedido, cariño? – Questionou-me ele e eu neguei, ninguém negava nada para ele. — As pessoas tendem a ter bom senso quando conversam pessoalmente comigo. Um passarinho me contou que Camillo tentou a agredir, isso é verdade?
— Apenas um mal-entendido. – Respondi e ele revirou os seus olhos. — Nada com o que você tenha que se preocupar, José já resolveu esse assunto.
— Eu deveria ter matado esse maldito quando ele veio me cobrar dinheiro. – Rosnou ele e eu apenas neguei colocando a minha mão sobre a dele. — Não sei como você ainda consegue o defender depois de todo o mal que ele lhe fez Allegra.
— Minhas irmãs o amam e eu não quero que elas saibam quem é o filho da puta que elas chamam de pai. – Resmunguei. — Deixe-o em paz, estou lhe suplicando isso.
— Não peça por ele. – Rosnou Hector e eu suspirei. — Nunca suplique por conta daquele filho da puta, eu não gosto que você haja dessa maneira.
— Vamos trocar de assunto. – Pedi sorrindo e acariciando a sua mão. — Não queremos brigar novamente, eu estou faminta e ansiosa para saber o que o chefe nos reservou para essa refeição, estou desejando comer o seu novo prato de frutos do mar, todas as avaliações que eu li sobre ele são maravilhosa, os melhores críticos estão comentando sobre ser o prato que irá o render mais uma estrela Michelin.
Hector deu uma risada e avisou que eu poderia pedir o que eu quisesse. Tomei um gole do meu vinho enquanto esperávamos pelos nossos pratos. O almoço foi maravilhoso, além da comida deliciosa, Hector fez o possível para manter o clima agradável.
— O clima está ficando mais frio. – Comentei enquanto andávamos pela orla, havia poucos turistas tirando fotos por ali e alguns comerciantes esperando dar o horário para fechar as suas lojas. — Será que irá negar essa ano?
— Você quer ver a neve? – Perguntou ele e eu concordei, eu gostava de brincar na neve quando era mais nova, mas eram difícil negar em Culiacán por ser uma cidade no litoral. — Irei a levar para ver a neve.
— Cariño as festa de final de ano estão se aproximando e eu não posso mais faltar nas minhas aulas. – Expliquei entrelaçando o meu braço no dele e Hector revirou os seus olhos. — E se você se ausentar durante as festa de final do ano será algo inadmissível e eu não quero que a sua mãe me mate.
— Eu não me importo com isso. – Afirmou ele segurando a minha cintura e puxando-me para perto de si e eu sorri quando ele beijou o seu rosto carinhosamente. — Desde que você esteja feliz, eu não me importo com nada, mi Allegra.
Eu sorri e beijei os seus lábios e o puxei para que continuássemos com a nossa caminhada, o tempo estava começando a fechar quando Hector resolveu me levar para casa, estava mostrando que uma tempestade perigosa estava se aproximando da cidade e ele precisava resolver alguns assuntos dos quais eu não quis o teor.
Seu celular tocou quando ele estacionou na frente do meu prédio e eu suspirei pegando a minha mochila e coloquei a mão na fechadura, mas ele segurou a minha coxa, pedindo para que eu ficasse ali. Ele se exaltou em alguns momentos da sua ligação e eu apenas tentei não prestar atenção dos detalhes que ele passava.
— O que aconteceu, cariño? – Perguntei quando ele jogou o celular no suporte e suspirou irritado. — O que está fazendo com que você fique tão irritado.
— Problemas. – Resmungou ele passando as suas mãos pelos cabelos e eu suspirei sentando-me no seu colo e ele apertou a minha cintura. — Parece que todos querem me tirar do sério e você é o meu oásis.
— Não me exalte dessa maneira ou eu irei ficar insuportável. – Brinquei e ele enfiou o seu rosto no meu pescoço e eu acariciei os seus cabelos delicadamente. — Quem está tirando você do sério?
— Thompson quer visitar Culiacán para acertar os últimos pontos do nosso acordo. – Rosnou ele e eu engoli a seco, eu deveria alertar Hector sobre aquela armadilha, mas isso poderia me encrencar e ele iria descobrir em algum momento e era melhor que eu não estivesse envolvida naquele assunto. — Eu nunca pensei que fazer negócios com americanos pudesse me dar tanta dor de cabeça.
— Era por isso que você estava tentando fugir da cidade? – Perguntei e ele concordou fazendo com que eu risse. — Hector Esteban, você não deveria agir dessa maneira ou os conselheiros irão continuar lhe pressionando.
— Queria poder matar a todos. – Resmungou ele. — Assim eu não teria mais que passar por essa situação e nem ter que explicar todos os meus passos.
Eu dei uma risada e continuei a acariciar os seus cabelos ouvindo-o ronronar, ele parecia um gatinho quando ganhava aquele tipo de carinho e eu achava fofo, pois eu não conseguia entender como um homem que fazia coisas ilícitas e comandava o cartel, poderia parecer tão indefeso em alguns momento e isso me deixava confusa.
— Como eu posso lhe ajudar? – Perguntei e ele levantou o seu rosto me encarando. — Apenas não me faça o drogar, pois eu não tenho coração para esse tipo de aventura, estou começando a ficar velha Hector.
— Eu nunca faria isso com você, cariño, não quero nunca mais que outro homem encoste as suas mãos sobre você. – Afirmou ele acariciando o meu rosto. — Eu nem queria pedir isso para você, mas se eu deixar isso nas mãos de qualquer um daqueles malditos eu sei que eles irão estragar todos os meus negócios e eu não posso deixar com que isso aconteça.
— Pare de fazer rodeios, Hector. – Mandei e ele deu uma risada.
— Tudo que eu preciso é que você o busque no aeroporto e o acompanhe até o hotel. – Pediu ele e eu suspirei. — Não precisa fazer nada de ilegal Allegra, José irá com você para se sentir segura.
— Se for apenas isso eu posso fazer. – Afirmei e ele sorriu.
— Obrigado cariño. – Agradeceu ele segurando o meu rosto. — Eu não sei o que seria da minha vida em você.
— Nada já que você não consegue viver sem mim. – Brinquei e ele concordou acariciando o meu rosto. — Eu preciso ir, tenho assuntos da faculdade para resolver e acho que você deve ir para casa e ver como Hope está, ela também precisa do seu apoio nesse momento Hector.
— Você é um anjo, cariño! – Exclamou ele. — O meu anjo.
Eu sorri e colei os nossos lábios em um beijo rápido e depois me afastei dele e saí do carro me despedindo e seguindo para casa. Eu precisava ficar perto do agente para saber o que ele iria fazer e quando eu tivesse provas das suas intenção eu iria alertar Hector.

Desvirtuosa Paixão - ROMANCE DARKOnde histórias criam vida. Descubra agora