CAPÍTULO I

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Querido diário, acho que seria assim que os filmes da Disney ou Nick começariam, mas olha só, eu não sou nenhuma menina em apuros ou sonhadora, para né, já sou adulto, pelo menos é o que minha idade me diz, mas sabe, às vezes me pergunto se cresci apenas com números, porque a minha personalidade é de um garoto sonhador, porra eu disse que não parecia as meninas Disney e olha só o sonhador, credo Alex para de sonhar e acorda garoto

— Senhor Rivera — o som de um livro se chocando com minha mesa me acorda de supetão, o susto fez eu dar um pulo na cadeira — Creio que o senhor pode nos explicar o que eu acabei de perguntar — a pronto, justo hoje que estou cansado esse professor vem encher minha paciência com essa agora.

— Desculpe excelentíssimo professor, acabei me distraindo no assunto, poderia repetir por favor — olhei em seus olhos sorrindo ladino.

— Dormir em pleno horário de estudo, não é uma boa opção para quem quer trabalhar na área da psicologia meu caro aluno — ele se aproximo mais de minha mesa fixando seu olhar no meu — Deveria repensar se esse é o caminho que gostaria de trilhar

Minha vontade era de socar esse professor, mandá-lo enfiar aquele livro goela baixo, mas hoje em dia não vale a pena eu gastar meu réu primário com esse tio de meia-idade.

— Creio eu que sei perfeitamente o caminho que quero trilhar meu caro professor — respondi arqueando uma sobrancelha em desafio, o senhor de meia-idade que estava arqueado sobre minha mesa bufou se recompondo endireitando sua postura.

— Durma mais uma vez e você terá sérios problemas, senhor Rivera — disse ele antes de retomar a explicação.

Esse professor só pode que tem algo contra mim, por que ele adora pegar no meu pé eu em. Após mais duas horas aguentando o falatório sobre antropologia e sociedade*,

— Até que enfim livre daquele demônio que se diz professor — saí daquela sala o mais rápido possível — Acho que ele está precisando é de transar — sim, tenho o costume de falar sozinho e, aqui andando pelos corredores sozinhos estou eu conversando comigo mesmo.

Segui caminho em direção ao pátio da universidade, havia algumas pessoas embaixo das árvores espalhadas pelo imenso campo verde, logo ao canto estava a minha árvore, sim, minha árvore porque eu me sentava diariamente abaixo dela aproveitando sua sombra, seguindo em sua direção já sentindo o vento tocar minha face eu sorri ao chegar em sua sombra.

— Oi! Querida, olha eu aqui de novo — sentei me escorando em seu tronco — Hoje foi um saco, o professor pegou no meu pé de novo — comecei a conversar com ela — Ele acha que eu deveria repensar minha escolha, aquele velho acha que eu não sei o que realmente eu quero da minha vida — o som de uma risada baixa fez eu dar um pulo em meu lugar — Mas o que — viro me olhando para o outro lado e vejo um rapaz de pele clara, seu cabelo em um tom alaranjado puxando para o loiro bem alinhado, as sardas espalhadas pelo seu rosto junto de uma barba bem aparada que davam um lindo charme junto aos óculos que se prendia em seu nariz afilado — Ei quem é você e, porque está escutando a conversa dos outros? — questionei bravo, o rapaz que apenas ajeitou os óculos em sua face e me fitou com seus olhos azuis me prendendo.

"Puta que pariu, ele é um anjo ou coisa assim?"

— Desculpe, mas foi você que veio sentar-se na mesma sombra que eu — respondeu ele educadamente — E começou a falar sozinho como se estivesse em uma roda de amigos

— Já ouviu falar em autorreflexão? Onde conversamos com nós mesmos para refletir? — indaguei arqueando uma sobrancelha — Vem cá, você é novo por aqui né? — seu rosto tomou a cor rubra ele acabou olhando para suas mãos que estavam em seu colo junto de um livro.

— Eu sou da faculdade de Direito — respondeu ele sorrindo tímido.

— Não acha que está um pouco longe não? Aqui é a faculdade de Psicologia, a de Direito fica do outro lado do Campus

— Si... sim, é que — ele começou a esfregar as mãos em um claro sinal de timidez, seu rosto ficando cada vez mais vermelho

— Não se encaixou com o pessoal de lá né — respondi a minha própria pergunta — Eles são umas malas mesmo, aqueles projetos de advogados — voltei a escorar minha cabeça no tronco da árvore.

— Eles me acham estranho só porque já terminei meu Vade Mecum* — respondeu ele olhando para o livro em seu colo.

— Pera — olhei para ele sem acreditar em suas palavras — Você leu aquele demônio Mecum de duas mil fuckins páginas? — ele apenas acenou positivo sorrindo e que sorriso — Em que semestre você está? — questionei curioso.

— Primeiro semestre — respondeu ele dando de ombros

— Puta que pariu — escapou de minha boca — Quero dizer, quantos anos você tem?

— Vinte e um, por quê? — respondeu ele me olhando curioso.

— Nada não — olhei para os galhos da árvore — Só me surpreendi com a sua dedicação aos estudos — sorri olhando para ele novamente.

— Não me acha estranho? — indagou ele, surpreso.

— Por que eu acharia? — devolvi a pergunta — Apenas está pensando em seu futuro, nada mais justo do que se dedicar para alcançar seus objetivos — respondi dando de ombros — E mais, não sou ninguém para julgar suas atitudes, se você quis ler esse demônio aí — apontei para o livro em seu colo — Essa é uma decisão sua

— Você é estranho — falou ele, mas logo suas mãos cobriram sua boca seu rosto ficando rubro novamente, com seus olhos arregalados como se tivesse dito algo ofensivo.

— Olha quem fala, o garoto que leu o livro de 2 mil páginas — sorri olhando para sua cara fofa — Relaxa você não foi a primeira pessoa a me dizer isso — pisquei para ele — Formamos uma bela dupla não acha? — questionei sorrindo levantando-me — Foi bom conversar com você menino do livro — sorri para ele — Mas tenho mais uma aula pela frente, boa leitura — me despedi por fim dele e segui meu caminho para a próxima aula

ENQUANTO ISSO NO CAMPUS:

O rapaz olhava o belo garoto se distanciar com um sorriso no rosto

— Até mais baby — o brilho em seus olhos denunciava a alegria sentida naquele momento, abrindo o livro ele retira uma pequena foto do rapaz que acabará de sair — Espero que eu possa encontrar com você novamente — falou o rapaz olhando para a foto

antropologia e sociedade: tem sua importância na psicologia pois tem a tarefa de ressaltar aspectos rotineiros na meio social ou no universo simbólico, ao qual não aparece necessariamente entre o psicólogo clínico e seu paciente.

Vade Mecum: é um compilado de leis organizadas por especialistas. O termo vem do latim, e quer dizer ao pé da letra "vem comigo". Esse tipo de material é muito usado por estudantes de Direitos, e tem alta relevância e incidência em concursos públicos e no exame da OAB.

 Esse tipo de material é muito usado por estudantes de Direitos, e tem alta relevância e incidência em concursos públicos e no exame da OAB

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Encontro de Um Amor Vol.2 DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora