That High School Band

02. Crescendo

Quinta-Feira, 4 de Setembro.

Jake não estava mais aguentando aquelas malditas audições.

Tudo bem, no começo tinha sido legal, até mesmo empolgante. A ideia que Heeseung tivera na segunda-feira foi tão revolucionária quanto maluca, e acabou convencendo todos eles: arranjar um aluno para servir de "bode expiatório". Enquanto esse aluno aparentaria ser o cerne e a parte principal da apresentação com sua "música clássica sem graça" (nas palavras de Heeseung, não de Jake), e tendo a banda deles como mero acompanhamento, pelo menos no papel, ele conseguiria enganar qualquer professor que tentasse se opor ao grupo. Até que no fim, quando eles estivessem em cima do palco, fosse a DAZED verdadeira que performasse.

Claro que essa era uma abordagem meio positiva demais para o gosto de Jake, que sempre considerava a probabilidade matemática de qualquer coisinha acontecer... Inclusive o garoto tinha feito cálculos de verdade para saber qual seria a chance de eles conseguirem meia dúzia de candidatos, e se isso seria o suficiente para pôr o plano em prática. (Sim. Muito nerd.) Os resultados não foram lá muito animadores, só que ainda era apenas matemática; na vida real, os planos de Heeseung não costumavam falhar. E além disso, ele confiaria no mais velho com a sua vida se precisasse. Isso vai dar certo, foi o que pensou para se convencer, simplesmente por que tinha que dar certo. Afinal... essa seria a única chance deles.

No fim das contas, Jake estava errado. O menino nunca imaginaria que aquela quantidade enorme de pessoas apareceriam para fazer a audição, e um dos motivos era a minúscula janela de tempo entre lançar a ideia e o evento em si. A maneira que eles encontraram para divulgar foi usar as redes sociais oficiais da banda, e o anúncio postado lá alcançou mais de mil compartilhamentos em apenas algumas horas. O resultado, no dia seguinte, foi uma fila enorme do lado de fora da sala de estudos no porão, o local combinado por eles no post. O espaço era minúsculo demais pra isso, e a quantidade de pessoas era tão grande que eles tiveram que dividir todo mundo em turnos, e como não foi suficiente, em mais outros dois dias.

O outro motivo pelo qual Jake nunca apostaria que tanta gente assim apareceria era que a reputação deles na escola não era lá essas coisas... digamos que ela apenas estava lá, a reputação existia. Alguns alunos odiavam rock tanto quanto a escola, e que por isso, odiavam-nos também com todas as forças. Eram um "desserviço ao patrimônio da escola" e blá-blá-blá (coisas que Jake tinha ouvido dessa mesma maneira, com todas as letras). Mas, estranhamente, havia outros que simpatizavam com deles, talvez o suficiente para não ignorá-los nos corredores ou curtirem algumas postagens no Twitter. Jake sabia que nem todo mundo naquele lugar detestava rock e outros gêneros "proibidos", como hip-hop ou funk, só que a maioria dos alunos não tinha a coragem deles de se colocar à prova. O colégio sabia sobre a banda? Sim e não... era uma longa história. O fato é que Jake não sabia se a simpatia que alguns sentiam seria o suficiente para quererem se juntar à banda numa circunstância tão estranha, ainda mais quando se tratava de burlar as regras da escola, e da Exibição.

Claro que as pessoas que realmente gostavam deles, sua "fanbase" (se é que poderia chamar assim), não estavam ali na Decelis. Ali eles eram vistos mais como "transgressores" do que qualquer outra coisa. A maioria de verdade era de fora, de outras cidades ou até países, e que se conectaram com eles mesmo à distância. Levou muito tempo até que um vídeo postado no canal do YouTube deles viralizasse, e quando isso aconteceu seus seguidores estouraram. Foram esses fãs que fizeram o anúncio viralizar, os números de likes e compartilhamentos agindo como seus símbolos de apoio e afeição. Justamente por isso Jake achava que seria impossível que esses números fossem compatíveis com a quantidade de pessoas que apareceriam. Mais uma vez, ddaeng! Ele tinha errado.