06

428 57 7
                                    

Sarah teve o resto do dia tranquilo na medida do
possível, tomou seu banho sem ninguém incomodar, sequer vira Freire naquele horário e as outras detentas tampouco incomodaram, porém, seu medo ainda se baseava em Beatrice. Ela sairia em poucos minutos da detenção e iria para a cela delas.

Sarah se desencostou da cama e se levantou quando viu que seria revistada. Tudo ocorreu bem e o horário chegou. O mesmo sorriso prepotente da noite anterior brincava nos lábios da outra garota.

— Sentiu minha falta? - Ela perguntou, se aproximando.

— Por favor, me deixe em paz. Eu não te fiz nada. - Sarah disse, um pouco mais temerosa do que gostaria. Estava cansada de lutar, no entanto, sabia que ainda tinha muito mais pela frente.

— Sabe que ficar em um quarto escuro por vinte e
quatro horas não me agradou muito? - A mulher
disse, vendo Sarah se levantar e ir para o canto da parede.

— Eu não quis...

— Chega de conversa. - A garota disse, puxando Sarah pela cintura com força. A menor tentou se soltar, mas a garota imobilizou suas mãos e pressionou sua pélvis contra a menor, não deixando-a ser capaz de chutá-la. — Sua pele é muito macia. -A garota murmurou, distribuindo beijos por seu pescoço.

— Juliette não gostaria disso. - Sarah disse em seu
ímpeto, fechando os olhos fortemente e, como num
passe de mágica, a garota se afastou, a olhando confusa.

— O que ela tem a ver com isso? - Beatrice perguntou e Sarah respirou fundo. Teria que dizer aquelas palavras em voz alta, seria estranho, primeiro porque teria que fazer parecer ser verdade, segundo porque não sabia até onde a outra sustentaria aquela mentira.

— Bem, ela me escolheu para, huh, ser a mulher,
você sabe, dela. - Sarah disse bastante hesitante, experimentando o sabor estranho daquelas palavras em sua boca e Beatrice estreitou os olhos.

— Desde quando?

— Esta tarde. -- Disse firmemente e a outra passou
a mão na nuca, parecendo um pouco desnorteada.

— Acha que tenho medo dela? --Beatrice
perguntou e Heyoon negou rapidamente.

— Eu só, bem, estou te avisando. - Sarah disse,
vendo Beatrice a olhar ainda cética.

— Amanhã falarei com ela, mas se isso for uma
mentira, espero que saiba que não serei carinhosa
na noite de amanhã. - Heyoon assentiu e suspirou
aliviada quando a outra subiu no beliche e se calou.

Deus que tivesse misericórdia dela, se descobrissem a mentira ela estaria em maus lençóis.

[...]

O corpo magro corria desesperado para a cantina
no dia seguinte, procurando pelos olhos verdes. Assim que encontrou, foi em direção à Juliette, se sentando na sua mesa sem pedir autorização.

— Você disse para eu dizer aquela merda, então por
favor, não volte atrás em sua palavra, caso contrário eu estarei bem, bem, bem fodida. - Sarah disse eufórica.

— Quem te mandou sentar? - Juliette perguntou
rudemente.

— Eu só... Só precisava falar com você antes da,
huh, Beatrice. - Sarah disse fitando suas mãos.

— Já falou. -- Juliette disse friamente e Sarah suspirou, assentindo e se levantando.

— Desculpe, eu não quis te atrapalhar. - Ela pediu
cabisbaixa.

— Esteja na minha cela no mesmo horário de ontem e deixe os outros saberem disso. Vá sorrindo. - Freire disse seriamente e Sarah assentiu, indo para a fila.

— Hey, não teve problemas ontem à noite? - A voz
fina de Kerline soou preocupada assim que parou
atrás dela na fila.

— Não. - Sarah disse, vendo Beatrice surgir na porta da cantina. Sarah viu o exato momento onde ela marchou em direção à mesa de Juliette e se debruçou sobre ela, apoiando as duas mãos na mesa.

Aparentemente aquela era a nova atração do lugar, porque Sarah viu todos os pares de olhos voltados para as duas. Juliette a olhou friamente antes de dizer algo que Sarah não pôde ouvir devido à distância.

Beatrice pareceu irritada e Juliette disse mais alguma coisa, fazendo Beatrice dar um soco na mesa. Juliette se levantou e deu a volta na mesa, ficando cara a cara com Campbell. Ela disse algo com o músculo do maxilar enrijecido e Beatrice bufou antes de abaixar os olhos, assentir e ir a passos duros até a fila, ou seja, bem atrás de Kerline.

Sarah viu Juliette se aproximar dela e então sorrir.

Caramba! Era a primeira que via seu sorriso.

A loira não se atreveu a olhar para Kerline, afinal Beatrice estava bem atrás dela e não sabia o que ela tinha conversado com Juliette.

A surpresa de Sarah aconteceu quando sentiu um braço delicadamente se enlaçar em sua cintura antes de colar seus corpos. Era Juliette.

Sarah prendeu a respiração ao se atrever a olhar
para cima: Os olhos verdes fixados nos castanhos e
um sorriso lindo brincando em seus lábios.

— Nos vemos mais tarde? - A voz rouca e sexy fez Sarah engolir em seco e assentir, totalmente paralisada ante àquela visão.

Juliette se inclinou e deixou sua boca a centímetros de distância da de Sarah, fazendo seus narizes se tocarem e Sarah olhos mergulharem um no outro. A menor podia jurar que sentiu seu corpo tremer e seu coração disparar em seu peito.

— Então eu te espero na minha cela. - Juliette disse
ligeiramente mais baixo, apertando um pouco mais
Sarah contra seu corpo antes de se inclinar um pouco mais e relar seus lábios suavemente sobre os
de Sarah, em um selinho demorado.

A maior se afastou e Sarah sentiu seu corpo inteiro tremer; ela ainda era capaz de sentir a chama que se acendeu em seu interior graças ao calor dos lábios macios de Juliette.

— Menina, o que foi isso? - A pergunta de Kerline trouxe a loira de volta.

— Eu não sei. - Sarah disse levemente desnorteada, se virando e olhando para Kerline com a expressão paralisada.

— Como não sabe? - Kerline perguntou confusa.

— Meio que desde ontem nós... Estamos juntas. - Sarah falou, olhando para a figura de Juliette, que se afastava enquanto olhares se abaixavam para não cruzar com o dela.

— Ela escolheu você? - Kerline perguntou retoricamente. — Uau, parabéns. Você é a primeira garota que ela arruma aqui dentro. Ela sempre renegou todas e eu só não achava que ela fosse heterossexual por causa do meu gaydar.

— Salada? - A mulher na frente delas perguntou e Sarah assentiu.

— Espere! Você é tipo minha patroa agora? Porque se é a mulher da Freire e tudo o que a Freire pede todas fazem, farão isso para você também. - Kerline deduziu. — Oh céus, eu devo te chamar de senhorita?

- Você deveria calar a boca desse assunto e irmos comer. -- Sarah disse rindo, mas viu Kerline assentir freneticamente antes de fazer o que ela pediu.

Apesar da conversa que engatou com Kerline após isso, a única coisa que sua mente conseguia pensar era: O que Juliette queria com ela mais tarde?

[...]
dois capítulos hoje para compensar o tempo que sumi! amanha volto com mais. <3

presa por acaso - sarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora