Os olhos castanhos prestavam atenção em como Sarah a olhava ansiando uma resposta e a daria,
sem dúvidas. Confiaria aquilo à sua namorada, mesmo sabendo que se descobrissem a verdade ela
apanharia muito.— Como assim? - Sarah indagou. - Vai me dizer que é uma infiltrada do governo para acabar com a corrupção daqui? - Perguntou rindo baixinho e Juliette suspirou.
— Não, Sarah. - Ela disse rindo nervosamente. - Antes fosse, assim eu desistiria dessa merda de missão e iria ter uma vida com você lá fora. - Falou.
— E então?
— Confio em você, mas precisa me jurar não contar
nada a ninguém, por favor. - Ela pediu e Sarah assentiu freneticamente, sentindo a curiosidade aflorar em sua pele através dos poros de seu corpo.— Prometo. - Sarah falou e Juliette assentiu.
— Bem, quando eu entrei aqui eu estava arrasada pelo medo de meu avô me odiar. - Ela começou. - Passei dias e mais dias de pânico com cantadas inapropriadas de detentas veteranas e, quando eu achava que não podia piorar, me avisaram que meu avô havia falecido. - Os olhos verdes se arregalaram ligeiramente antes da maior fazer uma pequena careta.
— Céus, deve ter sido um inferno. - Sarah disse e Juliette assentiu.
— Mas tenho muita sorte de sempre aparecer anjos na minha vida. - Ela disse com um sorriso triste em seus lábios.
— O que quer dizer? - Sarah questionou confusa.
— Que a detenta que estava na minha cela se tornou minha amiga. - Sarah paralisou seu olhar no de Juliette. Kerline havia comentado sobre essa mulher com ela, se bem se lembrava.
— O que, uh, houve com ela? - Juliette riu e a fitou.
— Te contaram, não é? - Sarah corou levemente e assentiu.
— Mais ou menos. - Confessou com uma careta e Juliette assentiu.
— Bem, seu nome era Vitoriana e ela era a antiga
líder. - Explicou. - Ela notava a constante luta que eu vivia com o assédio neste lugar e no dia que apareci com o olho roxo após três dias na detenção, ela ficou irritada, afinal havíamos nos tornado amigas.— Por que foi para a detenção? - Sarah perguntou curiosamente.
— Não deixaria que me tocassem facilmente e acabei brigando feio com uma delas. Ambas fomos para a detenção.
— Eu posso entender esse sentimento. - Ela disse e Juliette sorriu, umedecendo os lábios.
— Sim, ainda lembro de você dizendo que eu poderia mandar minha "capacho" te arrebentar que mesmo assim eu não tocaria em você. - Juliette falou rindo.
— O engraçado é que hoje eu faço questão de que toque. - Sarah disse mordendo o lábio inferior e a menor suspirou.
— Não sei o que eu fiz para te merecer, mas não estou reclamando em absoluto. - Juliette disse e Sarah a puxou para um beijo rápido antes de a fitar com ansiedade.
— Mas e então? - Perguntou curiosamente.
— Bem, fomos nos tornando cada vez mais íntimas
e resolvi lhe contar o porquê de ter vindo presa. Nessa época Vitória começou a vomitar com frequência e a cuspir sangue constantemente e eu sempre a ajudava lavando seu rosto, a levando comida, sabe? - Perguntou retoricamente. - Depois de levar mais uma surra aleatória ela me contou que tinha pouco tempo de vida. Tinha um câncer em um estágio avançado e me confessou que fui a única que se importou com ela em todo seu tempo de cadeia. - Juliette disse, limpando a garganta. - Um dia estávamos no pátio tomando sol e ela cuspiu sangue em uma de suas tosses. Foi tudo muito rápido, no momento seguinte ela mandou eu bater nela.Juliette fitava a parede com um olhar nostálgico, perdida nas lembranças de infelicidade daquela trágica semana.
— Não aceitei, mas ela me implorou e disse que era para meu bem. Decidi a empurrar de leve, mas ela mesma se jogou com força contra a parede e me puxou, falando para eu fingir que a batia. Foi tudo confuso e me lembro de tê-la obedecido.
— Assim virou líder? - Sarah indagou.
— Ainda não. Ela pediu para que eu a desafiasse no dia seguinte, mas eu não queria. Ela estava fraca e
pálida, porém ela era teimosa. - Disse e fitou sua namorada. - Assim conheci Thaís, porque naquele dia Vitória mandou Thaís ir buscar alguns remédios para ela, porém quando voltava ouviu a conversa e Thaís a fez jurar jamais contar nada a ninguém.— E houve a falsa briga nesse dia?
— Sim, o sangue que ela cuspia fez tudo parecer mais real e ela gritou ter perdido o posto para mim diante de quase todas. - Juliette falou antes de suspirar. - Ela fez todas me temerem e pediu para uma de suas garotas me ensinar a lutar de verdade, porque apesar de ser a nova líder, e ter várias que estariam lá para mim na hora da pancadaria, ainda assim talvez eu precisaria lutar.
— Não sei o que dizer. - Sarah disse abismada e Juliette lhe deu um beijo casto.
— Ela me pediu para jamais conversar com ninguém, não mostrar vulnerabilidade, falar como se eu não tivesse medo de ninguém e jamais desmentir um boato sobre algo ruim que fiz. - Juliette disse rindo com escárnio. - Naquela semana ela faleceu e todo o presídio achou que eu a matei na cela enquanto dormia. Tenho certeza de que isso foi ideia dela. - Falou rindo tristemente. - As únicas que sabem disso aqui dentro são três pessoas, além de você. - Sarah a fitou com anseio.
— Carla e Thais já sei, mas quem seria a outra? - Sarah questionou e Juliette riu.
— Você não vai acreditar.
— Odeio essa merda de suspense. Você o faz desde
que cheguei. - Sarah reclamou e cruzou os braços, fingindo chateação. Juliette a puxou mais para seus braços e riu com vontade.— Quanto dengo, coisa linda. - Ela murmurou e Sarah suspirou ao sentir um beijo de Juliette contra
a pele de seu pescoço.— Diz, para mim, amor... - Sarah pediu e Juliette
assentiu.— Digo tudo o que quiser. - Ela disse sorrindo. E lá ia ela novamente, abrir seu coração e sua história
completamente para Sarah. Bem, completamente não, ela jamais contaria sobre o pequeno segredo que guardava com Carla.
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presa por acaso - sariette
FanficO que você faria se, por um golpe do destino, você fosse presa mesmo sendo inocente? Sarah Andrade não se assustou quando foi mandada ao julgamento, afinal sua família tinha a conta bancária transbordando dinheiro o suficiente para pagar o melhor ad...