4. Conversas e Hakuna Matata.

107 17 39
                                    

Meu suposto marido queria conversar!

Eu pensei em dizer pra deixarmos pra amanhã, era praticamente madrugada, mas ele parecia ansioso. Seu olhar procurando o meu ferozmente.

- Ãhn..Ok. Quer conversar na sala ou no quarto mesmo? - Que tal em nenhum dos dois?

- Pode ser no quarto. - Soltou meu braço e passou na minha frente.

Quando adentrei o cômodo, Tharn estava sentando na cama com as mãos sob os joelhos e a cabeça baixa. Eu me mantive parado perto da porta, encostado na parede com os braços cruzados à frente.

- Sei que tá tarde, mas esse é o único momento em que a gente pode ter um pouco mais de privacidade. - Ele me encarou. - Além disso você sabe que eu não consigo dormir se algo estiver me incomodando.

Eu não sei de nada não.

Ultimamente não estou sabendo nem onde que eu vim parar.

- Hm.

Foi a única coisa que consegui dizer.

Tharn me encarava fixamente, como em todas as outras 500 vezes em que parecia buscar alguma resposta. Mantive meu rosto neutro e a postura rígida, me recusando a sentar quando ele indicou o espaço ao seu lado, numa tentativa de parecer tranquilo.

Isso, no entanto, era o que eu menos estava, nos últimos dois segundos já haviam se passado uma centena de possibilidades pela minha cabeça.

E se ele tivesse descoberto tudo?

Acharia que eu sou um louco? Me chutaria de casa? 

Eu não teria pra onde ir. Quer dizer, há Champ e No, mas na verdade é melhor morar debaixo da ponte do que com esses dois.

E eu sou jovem demais pra uma camisa de força.

Ou será que ia chamar o Conselho tutelar pra mim? Por ter deixado suas crianças sozinhas?

Eu vou pra cadeia?

Fada dos desejos, se você existe, me tira dessa enrascada.

Sabia que estava exagerando. Porém, quando o outro se levantou, não pude evitar tencionar até o dedão do pé. Nervoso. Parece que eu já podia vê-lo ligando para os meus pais e me chamando de louco.  Logo, chegariam aqueles homens e meteriam uma agulhada no meu braço. A partir de então, eu só veria macas e jalecos.

Quanta desonra para um Thiwhat.

- Você está infeliz?

Como é que é?

Volta a fita, acho que perdi alguma coisa.

- O quê? - Encarei sua figura, que estava de pé a alguns metros de mim.

- Eu quero saber se está infeliz. Aqui. Comigo. - Se aproximou um pouco. -  Sou eu? Você já não quer mais fazer parte dessa família?

Alai Wa?? 

- Tharn, você está maluco? Não é nada disso. - Neguei.

Eu não fazia parte de tudo isso, todavia, longe de mim destruir a relação de alguém. 

- É que você tá tão estranho desde dois dias atrás. Eu achei que fosse um reflexo da sua crise. Mas, você tem agido de forma tão diferente, dizendo que não é pai dos nossos filhos Não me deu um beijo se quer.

Não estou agindo diferente, eu sou diferente. 

- Eu..- Estava sem sabia o que dizer, isso é fato.

Time Travel// TharnTypeOnde histórias criam vida. Descubra agora