Naquele fim de tarde, Erzo estava passeando pela praça de Lilycove com seu inseparável companheiro de viagem, Mothim. Depois de um longo dia de trabalho na filial da Colress&CO., ele gostava de aproveitar o tempo livre para explorar as cidades que visitava. Embora deixasse a maioria de seus pokémon em casa, sempre levava um deles consigo para mantê-lo em forma. Erzo era um treinador competente e, apesar de algumas derrotas ocasionais, ele e seus pokémon ainda tinham um bom desempenho nas batalhas.
Erzo havia comprado sorvete para si e para seu companheiro, o Mothim. Embora o pokémon não fosse fã de coisas geladas, adorava guloseimas muito doces. Sentados em um banco da praça, Mothim parou de saborear o sorvete e começou a agir de maneira estranha, indicando algo para Erzo. Foi então que ele notou outro pokémon no meio da praça: um Medicham. E ao lado dele, uma figura familiar - um homem com barba escura bem aparada e um sorriso discreto no rosto. Erzo reconheceu Hanito imediatamente e seu coração começou a bater mais rápido.
O Medicham percebeu a comoção do Mothim, e chamou a atenção de seu parceiro, que logo voltou seu olhar na direção do inseto voador: quando finalmente seus olhares se cruzaram, a poeira que existia sobre a amizade de Hanito e Erzo desapareceu completamente, e os anos longe um do outro, sem notícias. Mothim e Medicham ficaram brincando juntos enquanto os dois amigos conversavam, como se o tempo não tivesse passado desde a última vez que se viram.
Erzo ficou feliz em saber que Hanito tinha encontrado sua vocação como professor de academia pokémon, e perguntou mais sobre como era seu trabalho. Hanito explicou que, como professor, seu papel era ensinar os jovens treinadores sobre o mundo dos pokémon e ajudá-los a desenvolver suas habilidades de batalha e treinamento, sendo também responsável por supervisionar a academia e garantir que tudo estivesse funcionando perfeitamente.
Erzo ficou impressionado com a dedicação de Hanito ao mundo dos pokémon e sentiu um pouco de inveja de sua paixão pelo trabalho, porque mesmo que amasse seu trabalho na Colress&CO., ele não sentia a mesma paixão que Hanito sentia pelo mundo dos pokémon. Mas, lembrou-se do que seu pai costumava lhe dizer: que era importante encontrar algo que amava fazer, e que o resto viria naturalmente.
"Também costumo viajar para Sinnoh, para participar de batalhas com os campeões de outros anos", respondeu Hanito. "Mas é algo mais privado, não é bem conhecido porque é algo entre amigos. Seria legal você aparecer como convidado meu".
"Sabe o que seria amistoso? Uma batalha pokémon agora. Nós dois. Que tal?" Erzo sorriu animado com a proposta.
Decididos a testar suas habilidades em uma batalha pokémon, caminharam até um campo de batalha próximo. Com a noite chegando, Erzo e Hanito trocavam estratégias enquanto seus pokémon lutavam intensamente, atraindo a atenção dos transeuntes curiosos. Hanito demonstrou seu vasto conhecimento em estratégias pokémon, enquanto Erzo tentava se manter firme com as estratégias básicas para prolongar a batalha e dar a chance de seu Mothim vencer um treinador experiente. A tensão e emoção aumentaram durante os minutos que se seguiram, mas no final, Hanito saiu vitorioso como um verdadeiro professor pokémon.
Quando a noite começou a cair, Hanito convidou Erzo para jantar em um restaurante próximo, e Erzo aceitou com entusiasmo. Eles caminharam juntos pelas ruas de Lilycove, conversando e rindo, aproveitando cada minuto juntos após anos de saudades. Os dois amigos continuaram conversando animadamente durante o jantar, lembrando de aventuras passadas e trocando histórias sobre suas vidas atuais.
Ao se despedir de Hanito, Erzo sentiu um misto de tristeza e alegria. A tristeza era por ter que se separar novamente de um amigo tão querido, mas a alegria era por perceber que a amizade deles era verdadeira e duradoura, mesmo após anos separados. Ele sabia que seus sentimentos por Hanito já não eram os mesmos de antes, não como nos velhos tempos, quando sentia um amor platônico por ele. Mas isso não diminuía em nada a importância que Hanito tinha em sua vida. Erzo sabia que Hanito nunca havia demonstrado nenhum interesse romântico nele, mas isso não importava mais. O que importava era a amizade e o companheirismo que eles tinham um pelo outro, que pareciam resistir ao tempo e às distâncias.
Seus pokémon observaram tudo. Enquanto os dois adultos conversavam e comiam, os dois pokémon também conversavam entre si, do seu jeito de Pokémon.
- Muito tempo atrás, meu treinador, Erzo, e o seu treinador, Hanito, eram amigos muito próximos. Na verdade, Erzo era apaixonado por Hanito - revelou Mothim.
Medicham ficou surpreso, mas não chocado.
- Eu sempre tive essa suspeita.
- Como assim? Você sabia disso? - perguntou Mothim, curioso.
- Sim, eu já era capaz de sentir quão forte eram os sentimentos de Hanito por Erzo, mas ele não era capaz de perceber isso. Essa paixão estava mascarada como apoio e amizade, mas era mais além disso. Sou um pokémon psíquico, eu entendo essas coisas um pouco - explicou Medicham.
Mothim ficou emocionado com a revelação.
- Isso é incrível! Seria legal eles saber disso um do outro - exclamou. - Às vezes acho o Erzo meio preso em alguma coisa do passado para seguir em frente, deve ser isso.
- Seria mesmo. Mas não tem como fazermos com que isso aconteça. Mas eu sinto que com algum estímulo, Erzo pode falar.
- Deixe isso comigo. Sei de um jeito.
Erzo ficou remoendo em sua mente a conversa que teve com Hanito no jantar, enquanto comiam. Eles falaram sobre suas vidas, seus trabalhos, seus planos para o futuro, e também sobre pokémon. Uma ideia crescia no fundo de sua mente, tomando força ao ver a maturidade de Hanito e a sua própria: a de revelar ao amigo tudo o que sentia no passado, quando estivessem prestes a se despedir. "Mesmo depois de muitos anos, certamente ele vai entender, e eu vou poder seguir em frente. Ele certamente tem outra pessoa agora, então não vai acontecer coisa alguma", pensou.
Na saída do restaurante, Mothim pousou em seu ombro, como sempre fazia quando ele estava prestes a dizer alguma coisa importante e precisava de apoio. Essa conexão que tinha com seu pokémon era inexplicável: o inseto voador parecia saber quando precisava do seu apoio, e pousava em seu ombro esquerdo, do lado do coração, quando geralmente pousava em sua cabeça. Era o jeito que Mothim havia falado anteriormente a Medicham, que conhecia muito bem esse tipo de conexão entre pokémon e treinador.
No entanto, quando Erzo abriu a boca para falar, suas palavras pareceram se perder no ar. Ele não conseguia formular a frase que revelaria seus sentimentos por Hanito. A sensação de constrangimento tomou conta de seu corpo e ele balançou a cabeça, desistindo da ideia.
Então percebeu que talvez fosse melhor deixar as coisas como estavam. Afinal, mesmo que seus sentimentos por Hanito ainda existissem, eles não tinham a mesma força de antes. E mais importante, a amizade que tinham era verdadeira e duradoura. Ele sorriu para Hanito, agradecendo-lhe pela noite maravilhosa que tiveram juntos e se despediu com um abraço forte.
"Espera", disse Hanito, a voz com tom decidido.
"Preciso te dizer algo".
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O Sorriso
RomanceUm sentimento que nasce com um sorriso pode perdurar por quanto tempo? Talvez um dia, ou dois. Semanas ou meses. Mas com Erzo durou anos. Adormecido. Porque tinha se separado de seu parceiro de jornada pokémon, Hanito, por quem era secretamente apa...